Jamie Cullum regressou ao país pelo qual diz ter uma “relação especial”. O concerto de Lisboa esta quinta-feira terminou com o público em pé, a aplaudir de forma efusiva. O músico tem todas as condições para conquistar o Porto, esta sexta-feira.
Sem qualquer aparato cenográfico, Jamie Cullum apresentou-se num palco simples, com uma banda, para dar mostras do seu talento. Que, mais uma vez se revelou enorme!
Além de cantor, Jamie Cullum é conhecido como pianista de jazz contemporâneo, considerado uma referência na recriação deste género musical.
Um atraso de cerca de 15 minutos na hora estipulada, fez com que o público começasse a bater palmas. As luzes apagaram-se de seguida, para início da sessão.
A banda entrou e Jamie assumiu o piano, com “Taller”. Mas a sua postura ao piano quebra todos os convencionalismos. Como se o artista pop, de vez em quando, precisasse de tirar as mãos das teclas para ir cantar e dançar para a frente de palco. Da segunda vez que o fez, aproveitou para despir o casaco e tirar a camisa de dentro das calças. Mais à vontade termina a canção com os dois braços esticados até à ponta do indicador, na direção do publico, e exprime um sonante “Obrigado!”
O coro que o acompanha é um verdadeiro fenómeno de animação que se destaca logo ao segundo tema, com a interpretação de “Get Your Way”. Ao longo da noite são eles que, muitas vezes, chamam pelo público e pedem interação nas músicas com palmas ou a cantar.
“Estou tão feliz de estar de volta, a esta cidade e a este país” diz Jamie Cullum enquanto nos dá as primeiras notas de “These are The Days”. O conhecido tema é de um dos seus trabalhos mais populares, o álbum Twentysomething sobre o qual o músico está a celebrar 20 anos.
“Estão prontos para cantar?” O público, na plateia sentada, põe-se de pé e deixa-se contagiar pelo ritmo. Jamie diz que está prestes a fazer 44 anos, e que adora tocar para o público português. “Conhecem de certeza esta música. Acompanhem-me se quiserem” e brinda-nos com a primeira das versões da noite “I Get a Kick Out of You”, de Cole Porter. De brinde, tivemos direito a uma pequena jam session de saxofone, clarinete e contrabaixo. Jamie Cullum fica a dançar a um canto do palco, dando espaço à música. Juntam-se depois a bateria e a guitarra a este forte momento musical.
“Shape of You”, cover Ed Sheeran entra com um groove muito próprio. Neste tema é o guitarrista quem te espaço para mostrar o que faz.
Jamie Cullum volta ao microfone para contar que há duas noites acordou com febre e que toda a gente o aconselhou a cancelar os espetáculos. “Mas só de saber que ia estar aqui convosco, não fui capaz”. O verdadeiro maestro, que estende a música a todas as áreas. E acrescenta uma nota de homor “Mas se me virem depois do concerto, não me beijem na boca!”.
Em “Twentysomething” o músico está ao piano, mas também bate palmas, a pedir ao público para o acompanhar.
Fica depois sozinho em palco e assistimos a um momento musical incrível, em que o cantor recria “Don’t Stop the Music”, de Rihanna, recorrendo ao piano, não só na forma tradicional, mas recorrendo à parte física, a bater com as mãos na parte de cima.
Depois desta sessão inusitada de música de dança, Jamie mergulhou no momento mais melancólico da noite. Aquele em que mais se aproximou do estilo que o marcou, o jazz, com mais uma versão: “What a Difference a Day Makes” de Dinah Washington.
O entusiasmo seguiu em crescendo e o cantor saltou para o meio da plateia em “When I get famous”. Foi como que desalinhar os que insistiam em ocupar as cadeiras do Campo Pequeno. A partir daí, a plateia passou a ser em pé, com grande concentração de fãs junto ao palco.
Temos pianista a cantar em cima do seu piano, qual rock star endiabrada e o público devolve o seu entusiasmo.
Uma versão de “Sinnerman” de Nina Simone é o auge da festa. Soa tropical, e a banda aproveita para coreografar o público que não resiste a pular e dançar “que nem loucos” quando assim o pedem!
Na reta final tocam “Usher”, seguida de “You and Me Are Gone”, que soa a “loucos anos 20”. É uma noite versátil e de grande euforia, que tem espaço apenas para um tema de encore “Mixtape”.
Poderia ser só um concerto jazz, mas não seria a mesma loucura. Jamie Cullum ao vivo é muito mais do que isso.
O músico atua esta noite no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. Ainda há bilhetes disponíveis, nos locais habituais, com preços entre os 30 e os 40 euros.