Concerto molhado e abençoado de Muse na primeira noite de Rock In Rio Lisboa. A animação voltou a tomar conta da Cidade do Rock, depois de dois anos de adiamentos. A música é o que une todas as pessoas que passam pelo Rock in Rio Lisboa mas há muito mais entretenimento à disposição, do que apenas concertos. De acordo com a organização, estiveram 74 mil pessoas no recinto.
Os dias são longos no Rock in Rio e nesta edição, as portas estão a abrir mais cedo, logo às 12h00, permitindo que se usufrua do espaço, com tempo, antes de os cabeças de cartaz pisarem o palco.
No palco Yorn há sempre animação, de quem domina a arte da dança. Assistimos a algumas battles, que surpreendem pela forma aguerrida como os artistas se movimentam e convidam os outros a participar no duelo. Forma física apurada e alguma irreverência suscitam a curiosidade de quem passa, e acaba por ficar a assistir.
Novos talentos são também apresentados, todos os dias, na abertura do palco da Rock Your Street com a School of Rock.
Seguiu-se o projeto Bambaram, da Guiné. Exploram as raízes e o espirito da musical tribal da Guiné e, ao inicio da tarde, recriaram na Cidade do Rock, os rituais festivos da cultura africana.
A oferta de brindes é generosa e os patrocinadores puxaram pela criatividade para levar os cidadãos do rock a inscreverem-se, de livre e espontânea vontade, nas suas listas. Animações de vídeo, rodas da sorte ou cenários mais atrativos tornam-se apelativos a quem vagueia no recinto, ainda sem grandes nomes nos palcos. OA coroa, atribuída à mais extensa fila, continua nas mãos do sofá insuflável, oferecido por uma operadora de comunicações.
Há muitos estrangeiros no recinto, mas mais diluídos do que em festivais que tivemos oportunidade de marcar presença antes. Ainda assim, assistiram a uma nossas embaixadoras do fado, Sara Correia, que se estreou no palco da Rock Street. Houve também que tivesse para ali transportasse o espírito dos santos populares e no tema “Lisboa e o Tejo”, a pares, deram o seu passito de baile.
No Digital Stage, Catarina Miranda foi uma das estrelas convidadas. Apresentou, ao vivo, o seu podcast “Só mais 5 minutos”. Em debate estiveram temas do âmbito íntimo, feminino.
Ego Kill Talent é uma banda de rock brasileira de São Paulo, Brasil. Regressaram ao Rock in Rio Lisboa com êxitos como “Last Ride” e “The Call”.
Xutos & Pontapés, abriram o palco mundo às 17h00. Com alguma descoordenação no início – a voz do Tim demasiado afundada nos instrumentos – mas a apostar tudo no rock. “Mãos de Veludo” soou a profecia nos versos “Vai ficar tudo bem/ Isso eu sei” . “Obrigado pessoal”, disse Tim no final do tema, “É um gosto ouvir-vos cantar. Vamos esperar que fique tudo bem. Sempre houve guerra e temos de acabar com isso”.
Depois de um instrumental chegaram “as mais pedidas”: “Homem do Leme”, “Circo de Feras”, “Ai Se Ele Cai” e “Para Ti Maria”. Para o fim, como é habitual, fica a “Casinha” e todo o recinto canta com fervor, quase como se fosse o hino de Portugal.
Do outro lado do recinto, The Black Mamba aquecem o público para uma boa dose de funk. No ponto mais baixo do anfiteatro natural, que é o palco do Music Valley, Tatanka demonstra entusiasmo com o público que vai chegando “Ah está muita gente a descer a montanha. Venham daí, people!”. Houve blues, soul, funk, cantados em português e inglês. Mas também o prémio de banda com mais estilo em palco!
Na Rock Your Street, este sábado, destacou-se ainda a atuação de Omara “Bombino” Moctar, o guitarrista e compositor tuaregue, nascido em Agadez, no Níger. O músico cantou no dialeto tuaregue de tamaxeque e interpretou músicas como “Amidine” e “Umuhar”.
Depois do sucesso com os Oasis, que liderou juntamente com seu irmão Noel Gallagher, Liam Gallagher aposta na carreira a solo. Mas acaba por trazer hinos da banda para os seus espetáculos. Abriu o concerto, no Rock in Rio Lisboa, com uma espécie de cumprimento “Hello”, seguido de “Rock’n’Roll Star”. Foi dialogando com o público, mas a pronúncia cerrada do músico britânico, conjugada com o ar sisudo, não facilitaram a comunicação. O público só mostrou receptividade quando a conversa chegou ao futebol e Liam Gallagher mencionou os nomes de Bernardo Silva e Rúben Dias, dos portugueses que brilham no Manchester City. Dedica “Better Days” aos adeptos da equipa de futebol.
“Há fãs de Oasis por aí? Antigos? Novos?” pergunta. E continua a fazer desfilar “Roll I Over” e “Slide Away”.
Ainda que não soubéssemos quem estava em palco, identificávamo-lo pelo pelo perfil. Silhueta inclinada, a cantar para cima.
O público acompanhou-o no tema mais esperado do concerto: “Wanderwall”. Antes de sair, uma surpresa a contornar o alinhamento previsto, com “Cigarettes And Alcohol”.
O primeiro dia do Rock in Rio Lisboa ficou marcado por um momento de simbolismo. Simone de Oliveira, uma das lendas vivas da música portuguesa, subiu ao Palco Mundo para relembrar a importância da união. “Deem uma oportunidade à paz” foi o apelo deixado pela voz da Cidade do Rock. Após um discurso carregado de simbolismo, juntaram-se em palco, a Simone de Oliveira, Roberta Medina, Xutos & Pontapés, Selma Uamusse, Titica, os Chefes Vitor Sobral, Noélia Jerónimo, Justa Nobre e Miguel Castro e Silva, entre outras figuras e elementos da equipa do festival. Durante um minuto a Cidade do Rock silenciou-se pela paz, com a clareira do Parque da Bela Vista a acenar com lenços brancos.
No Music Valley os Linda Martini apresentaram-se ao vivo com “Errôr”, nome do seu sexto álbum e cuja origem parte do erro e da incerteza para encontrar um caminho.
Na Rock Street os Jupiter & Okwess subiram a palco para um espetáculo que recupera os ritmos e melodias do Congo, misturando-os com um groove urbano e energético.
A partir das 21h00, os “Matt” tomaram conta do palco mundo e fizeram-no de forma exemplar, cada num no seu género.
Matt Berninger conduziu os The National no registo que já tão bem conhecemos. Intenso, emocional, dramático. Como se a vida estivesse por um fio e a musica nos conduzisse à salvação.
Já antes assistimos à forma como ele vagueia pela público e chega mesmo a sair dos limites do palco. Desta vez, subiu pela lateral esquerda do palco, até às grades, com os técnicos de som, visivelmente aflitos a esticar cabo até onde mais nenhum outro artista se lembra de ir. Mas Matt Berninger faz questão de cantar olhos nos olhos, de fazer chegar as suas mensagens a quem assiste e está ali para receber aquele estímulo que só uma grande concerto rock consegue dar. E trouxe temas que os fãs conhecem bem e cantar com grande entusiasmo, como “The System Only Dreams in Total Darkness”, “Day I Die”, “Graceless”. Leva constantemente as mãos à cabeça, despenteia-se, volta-se a arranjar e o público vibra, tanto nos temas mais energicos, como na melancolia possível dos The National. Para o fim, deixaram “Fake Empire”, “Mr.November” e “Terrible Love” cantadas e muitas vezes vociferadas.
Izal trouxeram a música indie pop e indie rock até ao Music Valley. A banda madrilena fez a festa com, na sua grande maioria compatriotas, na noite de sábado.
Aos primeiros acordes de Muse, as cabeças rodaram na direção do céu, incrédulas. Chuva? Parece que sim. Primeiro na forma ligeira, depois mais intensa. Os chapéus cor de laranja, oferecidos por um dos patrocinadores e que ajudaram a resguardar do sol, durante o dia, voltam a sair das malas e revelam-se de grande utilidade à noite. Mas nem a dança da chuva parece afastar o público. Os Muse são presença regular em Portugal. Vimo-los, antes outras vezes, em 2019 no Passeio Marítimo de Algés, em 2018 no Rock in Rio Lisboa ou em 2016 na Altice Arena e nunca desiludem.
Entraram com máscaras a cobrir a face, roupas a cobrir a cabeça. No público, todos sentimos o impacto da música e entrar no corpo.
Há uma pequena falha de som, que parecem ter conseguido resolver em poucos minutos e voltam já de face descoberta. “Will of The People”, “Hysteria” e “Drill Sergeant”.
Três elementos são suficientes para arrasar. Nos primeiros temas Matthew Bellamy ainda avança na passadeira que divide o recinto a meio no início do concerto, mas com o S.Pedro a fazer das suas, há um periodo em que se mantém no palco, juntamente com Christopher Wolstenholme e Dominic Howard. Em “Pressure” a chuva não dá tréguas, mas o público mantém-se firme. “Won’t Stand Down” dá-lhes a primeira sessão de pirotecnica, com labaredas a rasgar o cenário. Termina o cantor a dar tudo na guitarra, mas depois a atirá-la ao chão e a parti-la de forma propositada.
O fogo volta em “Thought Contagion”, “Uprising” e, no final, no encore com “Kill or Be Killed” e “Knights Of Cydonia”.
O concerto teve também dois momentos de explosão de confettis, muito pouco alinhados com a política de sustentabilidade do festival, mas sem dúvida que com um grande impacto visual no concerto. Ocorreram em “Compliance” e em “Starlight”.
O Rock in Rio Lisboa já abriu portas, este domingo e conta com muitos nomes e animação nos palcos. No palco mundo vão marcar presença David Carreira, Ivete Sangalo, Ellie Goulding e Black Eyed Peas”, Funk Orquestra, Edu Monteiro, Miss Cafeína, Bárbara Tinoco, Iza, Deejay Kamala, School of Rock, Baque do Tejo, Magdalena Bay, Baque do Tejo, Bruno Pernandas e Paulo Flores e Prodígio, entre outros. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 74 euros.