O espetáculo de Circo Contemporâneo e Novo Circo – Aquarela, inspirado no livro Meninos de Todas as Cores de Luísa Ducla Soares, do Circo de Papel, um projecto do Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), pode ser visto até ao dia 6 de janeiro de 2022, no Parque da Juventude de de Vila Nova de Famalicão.
«A peça segue uma jovem, Francisca, numa viagem em busca de novos mundos de vida durante a qual ouve histórias encantadoras de acrobatas, equilibristas e malabaristas. Uma mensagem de amor e esperança que pretende trazer uma reflexão sobre o racismo e a segregação».
Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos
brancos e dizia:
É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.Luísa Ducla Soares
O espetáculo pode ser vista às terças, quartas, quintas e domingos, às 10h00 e 15h00 e às sextas e sábados, às 10h00, 15h00 e 21h00.
O bilhete tem um custo de 5 euros, para crianças dos 4 aos 14 anos e seniores e de 7,50 euros para maiores de 14 anos, e pode ser adquirido no local.