Veneza é, por estes meses, capital mundial da arte contemporânea. A Bienal reúne, nesta 55ª edição, obras de 155 artistas e conta com a participação de 88 nações. Acresce a este espaço os 48 eventos colaterais oficiais desta exposição, mas a verdade é que muitos serão também os não oficiais que aproveitam a temporada para expor a sua obra. Um pouco por toda a cidade respira-se contemporaneidade.
A chave mestre do evento foi entregue, em 2013, ao curador italiano Massimiliano Gioni que desenvolveu o conceito de Palácio Enciclopédico, a partir do projeto do artista Marino Auriti. O edifício, cuja maquete está em exposição no evento, foi pensado como um museu do mundo, capaz de albergar “todas as obras do homem em qualquer campo, as descobertas feitas e aquelas que ainda estão por vir”. É este o mote desta 55ª Bienal de Veneza.
A exposição oficial concentra-se em dois grandes espaços fisicamente próximos: o Giardini e o Arsenale. Múltiplas são depois as intervenções um pouco por toda a cidade.
Há quem apresente a sua reflexão sobre a realidade, outros que optam por definir o seu próprio paralelo. Países que apostam em presenças institucionais, outros cuja criatividade extravasa fronteiras. As obras entram em diálogo umas com as outras, umas porque estão confinadas ao mesmo espaço, outras porque revelam sintonia pelo que abordam. Passar pela Bienal de Veneza é abrir portas aos sentidos. Sente-se, rejeita-se, aceita-se, surpreende-se, admite-se, descobrem-se novas abordagens. Há quadros, esculturas, instalações, efeitos de som, vídeo, monitores de televisão, grandes ecrãs, performances, concertos, divagações. O visitante é constantemente provocado, tanto a nível sensorial como emocional.
Portugal está representado com o Trafaria-Praia, obra da artista plástica Joana Vasconcelos. Há no entanto outros artistas nacionais com presença em Veneza: Joao Maria Gusmão ePedro Paiva, que criam objetos, instalações e pequenos filmes têm obras expostas em dois espaços: numa sala do Arsenale e na mostra “The Future Generation Art Prize@Venice 2013”patente no Palazzo Contarini Polignac. Pedro Cabrita Reis preparou a intervenção “A remote whisper” que pode ser visitada no Palazzo Falier.
Os guias à disposição ajudam a selecionar e as indicações no local tanto revelam como encobrem. Sem qualquer tipo de pretensão, deixamos alguns faróis de ajuda à navegação: Lara Almarcegui que no pavilhão de Espanha nos ajuda a perceber o verdadeiro conceito de derrocada; Berlinde De Bryckere, trabalhou em colaboração com o Nobel J.M.Coetzee no pavilhão belga; a incoerência de Mark Manders no pavilhão holandês; a chuva de moedas de Vadim Zakharov no pavilhão russo; o humor britânico, acutilante, de Jeremy Deller no pavilhão do reino de sua majestade; Ai Weiwei, estrela da arte contemporânea que apresenta, entre outros, “Bang” no pavilhão alemão; a sensação de estar a um passo do abismo, num espaço vazio criado por Kimsooja no pavilhão República da Coreia; as fotografias provocatórias de AES+F ou a instalação suspensa de organza de Yiqing Yin no pavilhão de Veneza; o processo de metamorfose de Roberto Cuoghi; os venezianos plásticos de Pawel Altamer; o detalhe minucioso de Lin Xue; os campos de cor de Sonia Falcone no pavilhão latino-americano; os livros esculpidos de Wim Botha no pavilhão da África do Sul; as peças desenvolvidas por Shinichi Sawada artista diagnosticado com autismo severo; a sensação de estar perdido no meio do mar, através da instalação de Mohammed Kazem’s no pavilhão dos Emirados Árabes Unidos; a interpretação das tradições por Sri Astari no pavilhão indonésio; o tema da transfiguração que atravessa as obras expostas no pavilhão chinês.
Uma exposição para assimiliar com todos os sentidos.
A Bienal de Veneza abre portas até ao dia 18 de novembro de 2013. Pode ser visitada de terça-feira a domingo entre as 10h00 e as 18h00. Encerra às segundas-feiras. Os bilhetes podem ser adquiridos nas bilheterias do Giardini ou do Arsenale e custam 25 euros (diário), ou 30 euros (passes de dois dias). Há descontos para estudantes e as crianças até aos 6 anos (inclusive) não pagam.