Segundo o comunicado da Portugal Telecom, esta decisão foi tomada “por forma a serem reconhecidos outros autores de língua portuguesa” e vai ao encontro do que José Saramago, ainda em vida, já o expressara, acrescentou fonte da instituição.
Nota da Fundação Saramago, divulgada hoje, refere que “quando José Saramago recebeu o Prémio Nobel anunciou que não voltaria a aceitar nenhuma outra distinção literária porque são muitos os escritores que merecem prémios e poucos os prémios para distingui-los”.
Na mesma nota lê-se que o Nobel português, quando soube que Caim estava entre os dez finalistas, “anunciou que, no caso de ganhar, o valor do Prémio teria como destino a Fundação José Saramago”.
“Esta atitude, a de partilhar com os seus pares o prazer do reconhecimento, manteve-a em todo o mundo com a disciplina e a honestidade que sempre o caracterizaram”, refere a Fundação.
A nota da Fundação acrescenta: “Um escritor com presente e futuro ganhará o Prémio Portugal Telecom no ano de 2010. Não será José Saramago, que pertence já à nossa memória, às nossas bibliotecas, aos nossos corações”.
Os nove livros finalistas são A passagem tensa dos corpos, de Carlos de Brito e Mello, Avó Dezanove e o segredo do soviético, de Ondjaki, Lar, de Armando Freitas Filho, Leite Derramado, de Chico Buarque, Monodrama, de Carlito Azevedo, O filho da mãe, de Bernardo Carvalho, Olhos secos, Bernardo Ajzenberg, Outra vida, de Rodrigo Lacerda e Pornopopéia, de Reinaldo Moraes.
O Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa foi criado em 2003, começou “como um contributo para a divulgação da literatura brasileira no seu país, evoluiu e desde 2007 que premeia as obras literárias de escritores de língua portuguesa (independentemente da sua nacionalidade), desde que tenham sido publicadas no Brasil”, refere a nota da Portugal Telecom.
Esta oitava edição contempla romance, conto, poesia, crónica, dramaturgia e autobiografia, escritos em língua portuguesa e publicados no Brasil no ano passado.
Gonçalo M. Tavares foi o primeiro escritor português distinguido com o galardão, em 2007, com Jerusalém. No ano passado Ó de Nuno Ramos foi a obra vencedora.
Texto de Cristina Alves