Numa entrevista informal e descontraída ao C&H, a autora de origem americana, contou-nos um pouco do que está por detrás da criação desta história, das suas personagens: Clary Simon, Jace, Isabelle, das suas aventuras e luta contra os Caçadores de Sombras, e sobre a vida deles em Nova Iorque.
C&H: Como é que aconteceu esta mudança na sua vida, de jornalista (de imprensa cor-de-rosa) a escritora?
Cassandra Clare (CC): Eu sempre quis ser romancista, então quando acabei o curso, fui para Los Angels, para casa dos meus pais. Uma vez lá, procurei emprego como jornalista, e em L.A. empregos como jornalista de entertenimento é o que há mais, então comecei a trabalhar nessa área e adorei, ver os filmes antes de saírem, entrevistar os actores. Alguns anos depois mudei para Nova Iorque, e aí comecei a trabalhar numa revista tabolóide. Mas o emprego obrigava a muitas horas, trabalhar até tarde e comecei a ficar cansada, então parei e comecei a escrever, A Cidade dos Ossos.
C&H: Algumas das histórias que cobriu ou assistiu inspiraram algumas das suas histórias?
CC: Não propriamente, mas algumas das histórias inspiraram algumas das piadas nos meus livros.
C&H: E os jovens?
CC: A minha experiência com os adolescentes em NY é que são mais adultos, crescem mais depressa e são mais independentes. Por exemplo em NY é normal um jovem sair à noite com 16 anos.
C&H: Como se inspirou para escrever os Caçadores de Sombras?
CC: Uma amiga minha, que é artista, tatuadora, e fazia uns desenhos muito bonitos, então um dia, ela mostrou-me os esboços e contou-me a história das tatuagens e que estas eram usadas para proteger os guerreiros, e aí surgiu-me a ideia de escrever uma história sobre “guerreiros” (guerreiros antigos).
C&H: Que autores a influenciaram?
CC: J. K. Rowling, Neil Gaiman, Diana Wynne Jones, Philip Pullman (o seu material negro), e John Milton O Paraíso Perdido foi a principal obra de inspiração, resultando numa mistura deste com Buffy a Caçadora de Vampiros, entre tantos outros.
C&H: Neste livro temos um pouco de mitologia e personagens de várias culturas, tudo misturado, foi uma opção consciente?
CC: Para esta história eu inspirei-me em várias mitologias, especialmente porque eu queria fazer um livro mais universal, com influência de várias culturas, de forma a que os leitores dos vários pontos do mundo se identificassem. Eu queria bem claro que estes seres e estas personagens estão por toda a parte, por todo o mundo.
C&H: Acredita na existência de “bons” e “maus” seres, na mitologia?
CC: Eu quero acreditar que sim (nunca os vi), mas eu acredito que em todas as culturas há anjos e demónios, e há espíritos bons e maus. Uma coisa que eu reparei durante a minha pesquisa,é que todas as culturas têm a mesma história, de luta entre bem e o mal, do espírito bom e o mau.
C&H: E porquê os “nefelins”, com tantas outras espécies (algumas também representadas no livro)?
CC: Eu sempre me senti fascinada pelos anjos caídos, e sempre tentei explicar os seres através de duas espécies: Anjos e Demónios. Mas neste livro, inspirei-me em histórias e seres da Mitologia, mas também em histórias de Folclore local, então precisei de os combinar, como por exemplo uma fada, meia fada meio espírito…
C&H: E porquê Nova Iorque (NY), o que tem de tão místico e especial?
CC: Eu comecei a pensar em NY quase como uma pessoa, com a sua personalidade, com os seus mistérios e sítios escondidos, especiais, lojas e prédios antigos, então, a partir daí começou-me a parecer o cenário ideal.
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CC: A Clary é baseada numa amiga minha, chamada Valerie. A Clary é como eu no sentido que é teimosa e criativa (inventa histórias), mas não é nada como eu no sentido que é corajosa, menos medrosa, e é uma artista (ela desenha). Já o Simon tem um pouco mais a ver comigo. Já o Jace, se tivesse que dizer uma personagem em que me teria inspirado, diria o Darcy, de Orgulho e Preconceito, da Jane Austen, um dos clássicos da literatura inglesa e um dos meus livros preferidos de Jane Austen, (confessando ainda que: Gostava muito de escrever uma versão actual deste livro, mas com a acção a decorrer em L.A., com jovens modernos, no universo das celebridades), pelo seu ar digno e impenetrável, mas terno no interior.
C&H: Porquê uma protagonista feminina?
CC: Eu queria uma rapariga, para variar de tantas hsitórias de rapazes, e que fosse bonita, forte e decidida, daí a Clary e também todos os lugares de poder e destaque no livro são ocupados por mulheres.
C&H: Para o fim, ficou guardada a mais recente novidade. Para quando o filme?
CC: Eu já vendi os direitos para a adaptação cinematográfica à Unique Features, que é propriedade da mesma pessoa que fez o Senhor dos Anéis, e já estão a trabalhar no guião. Talvez estreie nas salas de cinema em 2012.
Até lá, os fãs da autora podem-se entreter com as aventuras de Clary, na trilogia Os Caçadores das Sombras, ou de Tessa Fell, na prequela Infernal Devices/Caçadores de Sombras – As Origens, cuja acção tem lugar na Inglaterra vitorina, tem romance, aventura e mistério, e vai ser editada ainda este mês (31 de Agosto é a data prevista para o primeiro livro da nova trilogia – The Clockwork Angel, Outono de 2011 The Clockwork Princess e The Clockwork Prince em 2012).