O romance A Arte de Driblar Destinos, do matemático brasileiro Celso José Da Costa – pseudónimo Fagundes Andrade, foi a obra distinguida com o Prémio LeYa 2022.
A obra destaca uma saga familiar que reflecte muito bem, com ritmo e vivacidade, o mundo social do interior do Brasil.
O tema é o processo de educação de um jovem em contextos nem sempre fáceis, e joga entre o pícaro e o trágico, num equilíbrio que se mantém desde o início, quando o narrador evoca o fascínio que sobre ele exerce, aos cinco anos, a trupe que vai montar o espectáculo de uma tourada, até à evocação de personagens que ganham uma força mítica, como o coveiro ou o Faquir sertanejo. Ressalta o modo como o narrador vai encontrando o seu caminho escolar com a matemática ganhando um ascendente que o levará, no final, a ser encaminhado para completar os estudos na cidade de Curitiba, deixando para trás os espaços em que decorrera a infância e a adolescência. Como qualidades a destacar, temos a forma como se organiza a estrutura romanesca e a limpidez da narrativa que nos permitem seguir um mundo de estoreas que nos obrigam a seguir a leitura como se ouvíssemos a voz e as vozes que por ela perpassam.
A decisão foi tomada por unanimidade pelo júri presidido por Manuel Alegre, e composto por José Carlos Seabra Pereira, Lourenço Joaquim da Costa Rosário, Nuno Júdice, Isabel Lucas, Paulo Werneck e Ana Paula Tavares.
O Prémio LeYa, com valor de 50 mil euros, visa premiar um romance inédito em língua portuguesa e contou, nesta edição, com «218 originais, oriundos de Portugal, Alemanha, Brasil, Espanha, Holanda, Inglaterra, Japão, Moçambique e Polónia».