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Dramaturgia Portuguesa Em Destaque No Primeiro Trimestre Do TNSJ

Depois do arranque com a Ópera The Rape of Lucretia, a programação do primeiro trimestre do Teatro Nacional São João (TNSJ) e dos espaços sob a sua alçada, o Teatro Carlos Alberto (TeCA) e o Mosteiro São Bento da Vitória (MSBV), continua com a dramaturgia portuguesa em destaque.

Entre 17 e 21 de janeiro, o TeCA recebe Embarcação do Inferno, um espetáculo d’A Escola da Noite de Coimbra e o Cendrev de Évora. Numa encenação de António Augusto Barros e José Russo, recupera-se um texto de 500 anos para se refletir sobre os tempos atuais, em que vigoram os conceitos de “pós-verdade”. No dia 20 de janeiro, no TNSJ, os encenadores orientam uma oficina, pondo em evidência o trabalho que têm vindo a desenvolver em torno do património vicentino com as comunidades escolares das suas cidades e regiões.

De 18 a 28 de janeiro, no TNSJ, Cristina Carvalhal volta a adaptar e encenar um texto que não foi escrito para teatro, depois de Cândido (Voltaire), Cosmos (Witold Gombrowicz) ou Erva Vermelha (Boris Vian). Desta vez, a escolha recaiu sobre o romance Elizabeth Costello do autor sul-africano John Maxwell Coetzee (Prémio Nobel da Literatura), descrito como um “romance disfarçado de digressões”, ou seja, uma obra inclassificável que desafia as fronteiras do ensaio e ficção. O espetáculo, uma coprodução Causas Comuns, Culturgest e TNSJ, confronta crenças e ideias polémicas, como a essência de Deus, o Holocausto nazi e o vegetarianismo.

A abrir o mês de fevereiro, nos dias 7 e 11, o TNSJ acolhe Actores, um espetáculo que resulta das observações feitas por Marco Martins durante os intervalos dos ensaios dos espetáculos. Durante muito anos, a “distração” dos atores parecia ao encenador uma “traição”, até que o deixou de ser e passou à categoria de “interessante”. A peça é feita de relatos autobiográficos dos próprios intérpretes – Bruno Nogueira, Luísa Cruz, Miguel Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço –, partindo de mais de 40 textos por eles representados ao longo dos anos, permitindo lançar um olhar retrospetivo sobre a vida de cada um dos atores. O espetáculo é uma coprodução Arena Ensemble, São Luiz Teatro Municipal, Centro de Arte de Ovar e TNSJ.

Flávio Rodrigues, artista que vem construindo, desde 2006, uma obra que interroga as fronteiras de corpo, identidade e género, a partir de linguagens que intercetam dança, performance e som, estreia-se na programação TNSJ entre os dias 15 e 17 de fevereiro com Magma – No Limite da Selvajaria. O solo, em estreia absoluta no Teatro Carlos Alberto, em coprodução TNSJ, que explora um imaginário onde a violência e o poder colapsam na solidão e no silêncio.

Camilo Castelo Branco é um dos destaques da programação do TNSJ. Em A Longa Noite de Camilo – uma estreia que resulta de uma coprodução TEatroensaio e TNSJ –, Pedro Estorninho põe em perspetiva a obra multifacetada daquele a quem Agustina Bessa-Luís apelidou de “um Voltaire àmoda do Porto, com mais tripas do que carne de lombo”. O espetáculo está em cena de 28 de fevereiro e 3 de março no TeCA, sendo que no último dia será lançado (com concerto) o CD Cancioneiro Musical Português. Este álbum, com voz das sopranos Alexandra Bernardo e Tânia Valente e música do pianista Bernardo Marques, resgata do esquecimento Gustavo Romanoff Salvini, o primeiro compositor a transformar poemas de Camilo em canções. Já a 16 de março, no TNSJ, poderá ser apreciado o recital Serões de Camilo, precisamente quando se cumpre o 193o aniversário do nascimento do escritor. O momento terá as participações da soprano Sara Braga e do pianista Rui Martins.

Os bilhetes para os espetáculos podem ser adquiridos online e nas respectivas salas de espectáculo.

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