Ao terceiro dia de Festival O Sol da Caparica, registou-se ainda maior afluência de pessoas e falhas na organização. O público continua a contestar a dificuldade em aceder ao recinto, com longas filas de espera e os atrasos nos horários das atuações. O concerto de Karetus foi interrompido, de acordo com um comunicado da banda, por não estarem reunidas “condições de segurança”.
Na tenda eletrónica, alegadamente a abertura de um extintor de incêndios soltou uma nuvem de pó no espaço, provocando o pânico entre os presentes. O concerto de Karetus foi interrompido. A banda já veio contestar as “condições de segurança” do festival, na página oficial do instagram.
Os concertos de Profjam, Plutónio e Sam the Kid – que voltou a reunir-se com Orelha Negra e a Orquestra – marcaram a noite. Os ritmos da nova geração, alinhados com sonoridades mais mainstream (Diogo Piçarra, esta noite), voltam a ser fórmula de sucesso na construção de um cartaz que aposta da lusofonia.
Nuno Ribeiro abriu o palco principal. O artista que começou por se mostrar ao país com 16 anos de idade, no programa The Voice da RTP. Trabalha refrões, emoções e energias, para um público que já conhece os seus temas. Ouvimos, entre outros, o novo tema “Dias Cinzentos”.
Do outro lado do recinto atuou Kady. A cantora nascida na cidade da Praia trouxe um conjunto de convidados que enriqueceram a atuação e lhe deram dinâmica: Sílvia Barros, Soluna e Nayela. Cada uma, acrescentou dois temas seus ao concerto, e também uma diversidade musical à apresentação. “Flaca”, de Soluna captou-nos a atenção, pela combinação latino-africana. Com um percurso prévio, como back vocals de Dino D’Santiago, a cantora aposta agora na sua própria carreira a solo. Outra interpretação forte foi a de Kady com Nayela sobre o cabelo afro, um símbolo de resistência como as próprias fizeram questão de sublinhar. Kady interpretou ainda “Diz Só” canção composta por Dino D´Santiago e com letra de Kalaf Epalanga, que levou ao Festival da Canção 2020.
Fechou o concerto com “Djuntu”, em português “Juntos” e voltou a chamar ao palco as suas convidadas. “Espero que tenham gostado. Hoje vou dormir feliz” disse, antes de se retirar.
Seguiu-se, neste palco, Mário Marta, o artista de origem cabo-verdiana e guineense, que viajou pela intemporalidade do funaná.
Cuca Roseta surpreendeu todos ao abrir o seu concerto à bateria, acompanhada por Vick Marques, a interpretar “Barco Negro”. A fadista portuguesa tem vindo a trabalhar a tradição e as raízes populares da música portuguesa, com as quais abriu e fechou o concerto. Deu o seu toque pessoal a “Tiro-liro-liro”, “Ó Rama, Ó Que Linda Rama”, “Malhão” e despediu-se com “Bailinho da Madeira”. Pelo meio, cantou músicas do seu último álbum Meu, feito durante a pandemia, e ainda explicou as origens do fado e cantou poemas clássicos.
Com uma abertura em grande, ProfJam assumiu o palco sozinho e durante uma hora fez vibrar os milhares de jovens que preenchiam o recinto do festival O Sol da Caparica. “Eu sou o ProfJam, mas o meu nome civil é Mário Cotrim”, apresentou-se o músico, revelando assim o porquê das iniciais MC no ecrã de fundo. Com a atuação a iniciar ainda de dia, o músico repartiu, com o público, muitos dos seus temas. Todos sabiam a letra e acompanharam “Xamã”, a viagem de “Malibu” e foram mesmo incumbidos de participar, no lugar de Lon3r Johny em “Damn/ Sky”.
Recebeu um convidado, Benji Price, com quem gravou alguns temas e aqui apresentou “Finais” e “Tribunal”. Seguiu-se um discurso muito positivo sobre a importância e o valor da família e uma canção dedicada a todas as “cotas”, as mães presentes neste festival, “À Vontade”. Antes de se despedir, cantou ainda “Tou bem” e fez o seu batismo com “Água de Coco”.
Enquanto isso, do outro lado do recinto, Ivandro levava o público à “Lua”. No palco principal seguiu-se Diogo Piçarra, num concerto em que juntou aos seus grandes êxitos bailarinos, efeitos de pirotecnia, muita emoção e proximidade com o público.
Soraia Ramos, a cantora de origem cabo-verdiana que tem vindo a conquistar o seu lugar no mundo da música, trouxe um convidado especial, Edgar Domingos. Conhecida pelos temas “Diz-me”, “Agora Penso por Mim”, “Quero-te ver Mexer” ou “Bai”, confirmou o seu sucesso no Sol da Caparica.
O bairro da Cruz Vermelha esteve representado, como tem sido habitual, nos concertos de Plutónio. O rapper português foi mais um dos que teve de condensar o longo reportório de temas conhecidos no tempo disponível de atuação, deste festival. “Prada”, “Luci Luci”, “Dramas & Dilemas” fizeram parte deste alinhamento, que incluiu também um novo tema: “Por Enquanto”.
Circular no recinto era quase impossível, perto da meia noite, mas conseguimos chegar ao palco onde Branko dava cartas na Eletrónica. Como se tivesse feito a tenda ao ar livre, o público preenchia o recinto, frente ao palco, e dançava ao ritmo da batida do músico. Branko chegou mesmo a deixar os sintetizadores a tocar e a descer à grade, com o microfone, dando assim voz aos que assistiam.
O palco principal fechou com um dos nomes grandes do rap português. Sam the Kid voltou a juntar a orquestra e Orelha Negra, tal como havia feito no Campo Pequeno e com o DJ Cruzfader e Mundo Segundo deu um concerto memorável em que partilhou a história da sua infância e do seu interesse pela música. NBC com toda a energia que lhe conhecemos, veio ainda acrescentar valor a este espetáculo. Tal como no Campo Pequeno, o pontapé de saída para o concerto de Sam The Kid foi dado pelo seu pai, que entrou em palco a recitar um poema.
Este domingo, o Sol da Caparica traz mais música. As portas abriram de manhã para o habitual dia das crianças com As Canções da Maria, Maravilhoso Mundo do Ambiente, Mega Dança Tik-Tok e Miss Cindy.
O recinto volta a abrir portas à tarde, e contará com a atuação de António Zambujo, Mafalda Veiga, Nelson Freitas, Poesia Acústica, Bispo, Mishlawi e Dillaz (palco principal), Dynamo, Cláudia Pascoal, T-Rex, Chico da Tina, Conjunto Cuca Monga e Bateu Matou (palco secundário),Tiger Lewis, Kevu e Kura (eletrónica); Jazzy Dance Kids Crew, Lil Malaikes Kids, Battle All Styles, Jazzy Intensive, Jazzy Dance Crew e Funk Fest com Yayaa (dança).
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 22 euros (bilhete diário)
Recorde as primeiras noites de Sol da Caparica:
– Wet Bed Gang, Calema E Julinho KSD Foram As Estrelas da Primeira Noite De Festival O Sol Da Caparica
– Sol Da Caparica Dança Kizomba, Hip Hop E Rock