O concerto de homenagem a Max por António Zambujo foi decididamente o ponto alto do primeiro dia do Festival Santa Casa Alfama, que arrancou ontem no bairro típico da Capital.
Uma plateia cheia, cobriu-se de mantas contra o frio, e junto ao rio assistiu a um alinhamento animado e bem disposto, como era característica do músico natural da Madeira, num concerto especialmente preparado para o Festival.
E durante cerca de uma hora ouviram-se temas como “Noites da Madeira”, “Chá Chá Chá de Lisboa”, “Sinal da Criz”, “Porto Santo”, “Vielas de Alfama”, “Rosinha dos Limões”, entre outros tantos conhecidos.
“Nem Às Paredes Confesso” contou com a ajuda do público, “Casei com Uma Velha / Maria” foi outro dos momentos mais animados da noite. Para o encore ficaram guardados “Pomba Branca” e a incontornável e icónica “Mula da Cooperativa” – só faltou mesmo António Zambujo levantar-se e por o lenço na cabeça tal e qual o Max fazia, mas o público aderiu e cantou com ele, uma das canções mais célebres do artista madeirense, falecido em 1980, com 62 anos.
Em palco Zambujo contou com a companhia de Joel Silva, Francisco Brito, Bruno Ponte, Graciano Caldeira, Gustavo Paixão, e o madeirense André Santos na guitarra e na direção musical.
Antes de António Zambujo tinha subido ao palco Santa Casa Jorge Fernando num concerto de celebração de 44 anos de carreira, e em que interpretou temas como “Trigueirinha”, “Pode Ser Saudade” ou o intemporal “Umbadá”, com que terminou animadamente o concerto na companhia do público.
Mas nem só junto ao rio se fez o festival. Foram várias as varandas, os largos e edifícios de Alfama onde o fado se ouviu.
Na Igreja de Santo Estevão, Diamantina e Joana Amendoeira animaram o público e trouxeram vida às paredes seculares. O mesmo fez Filipa Vieira no Auditório da Abreu Advogados, que pôs toda a gente a cantar e a rir com “Vai dar Banho ao Cão”.
No Largo do Chafariz de Dentro, o público que ouvia fora dos espaços reservados aos concertos era quase tanto como o que estava a assistir dentro, fosse no Palco Santa Maria Maior ou no Palco do Público na esplanada do Museu do Fado , onde passaram vozes amadoras, mas muito promissoras.
Mas a alma da canção lisboeta sentiu-se mesmo foi nas ruas, com os lamentos que se esgueiravam porta fora das casas de fado cheias de turistas, ou nas varandas típicas. Fado vadio, fado amador, o que interessava era ouvir o fado, aquela lamento tão profundo e sentido que vem do fundo de cada um de nós.
O Santa Casa Alfama prossegue hoje, para mais concertos, entre as 18h00 e a 01h00, na Igreja de São Miguel, na Igreja de Santo Estevão, Centro Cultural Dr. Magalhães Lima, O Fado No Coreto, no Palco Amália -Auditório Abreu Advogados, no Palco Santa Maria Maior, no Largo do Chafariz de Dentro, no Palco do Público – no Museu do Fado, no Palco Bogani, no Grupo Sportivo Adicense, no Palco Santa Casa Futuro – na Sociedade Boa União, e no Palco Santa Casa, que vai acolher Dulce Pontes e Ricardo Ribeiro, entre outros nomes conhecidos do público.
Os bilhetes estão à venda nos locais habituais, online e no Museu do Fado, e custam 20 euros. Os bilhetes devem depois ser trocados pelas pulseiras nos dias do Festival, na recepção instalada no Museu do Fado. A pulseira dá acesso a todos os espaços do Festival até ao limite de lotação de cada um.