O encenador Daniel Gorjão e o Teatro do Vão apresentam nos próximos dias 17, 18 e 19 de julho, um espetáculo baseado em textos de Sophia de Mello Breyner Andresen, intitulado O Olhar Inabitado das Manhãs.
Sara Carinhas é a atriz que leva a cabo o desafio de dar voz (e corpo) aos poemas de Sophia.
O Olhar Inabitado das Manhãs são as sobras dos poemas. É um espetáculo que fala da Sophia, sem lhe revelar nunca o nome, que traz na voz poesia sem querer e sem ser metáfora, que encerra, caixa negra, a intimidade da palavra (a menos orgânica forma de ser e sentir) com a natureza do corpo e com o próprio corpo, que é natureza. Traz a melancolia de quem se sente um espectro, de passagem, de quem sabe que terra rocha fogo vento e céu são simultaneamente anteriores e maiores do que nós. Nenhuma palavra terá a força de um trovão. A palavra céu é tremenda de pequena. E se escrevo luz nada se ilumina. Então o Daniel escolhe uma atriz, que se chama Sara Carinhas e, também ela, traz um nome feito de rochas ou pedras preciosas, não importa, é um nome que veste a mulher, gato assustado, frágil – então o Daniel desenha-lhe uma esquina e eu dou-lhe um canto. É assim: a mulher do olhar inabitado tem poemas dentro da boca.
As sessões, com duração de uma hora, têm lugar no Palmário do Jardim Botânico de Lisboa, sempre às 21h00. O bilhete pode ser adquirido localmente e a entrada custa 6 euros.
Texto de Susana Gonçalves