Este fim-de-semana Lisboa encheu-se de sotaque brasileiro no arranque das comemorações do Ano do Brasil em Portugal. Estima-se que um total de 90 mil pessoas participaram nas iniciativas culturais que pretendem dar a conhecer o Brasil contemporâneo. Numa oferta diversificada com workshops, teatro, cinema, dança, literatura, gastronomia e concertos que se estenderam da Praça do Rossio ao Terreiro do Paço.
Na praça do Rossio, para além do Festival Literário Leya o teatro, a poesia e a música animaram a tarde. “Gigantes pela própria natureza” trouxe o samba dançado, cantado e representado sobre andas, pintando de cor e ritmo a praça. Mais ao cair da noite o Reco do Bandolim e o Grupo de Choro trouxeram, num ambiente mais calmo, mais um cheirinho do outro lado do Atlântico.
Terminadas as atividades no Rossio, foi a vez do Terreiro do Paço receber Ney Matogrosso e o seu mais recente espetáculo “Beijo bandido”, com melodias que andam em torno de sonoridades que vão desde o tango à rumba, passando ainda pelos ritmos mais brasileiros. O tempo parece que não passa para este ícone da música continuando a exibir uma voz límpida que encantou todos os presentes. A irreverência em palco estava lá, mesmo sem necessidade de adereços cénicos tão característicos do cantor.
Do “clássico” saltámos para o batuque do samba com Monobloco, habituado a desfilar no trio elétrico, este grupo de precursão encontrou em Portugal muitos fans que não hesitaram em mostrar os seus dotes de dança. A meio da atuação uma surpresa, Ney Matogrosso juntou-se ao Monobloco e mostrou como se samba. Ao final da noite a chuva refrescou os ânimos de um dia bastante rico em animação e diversão.
Na tarde de domingo o concerto “O Brasil abraça Portugal” voltou a encher o Terreiro do Paço, que na sua localização privilegiada, junto ao rio Tejo, parecia potenciar a ligação destes dois povos. A primeira a subir ao palco foi Carminho, representando aquilo que temos de mais português, o fado e o primeiro abraço aconteceu com Zé Ricardo, com quem a fadista partilhou o palco em dueto. O cantor brasileiro prosseguiu o concerto até à chegada de Paulo Gonzo que se fez acompanhar também da cantora Lúcia Moniz. A MPB foi retratada por Zeca Baleiro a que se seguiu o hip hop português com Boss AC.
Entretanto, por entre o público bandeiras de Portugal e do Brasil ondulavam lado a lado numa união que retrata bem o espírito destas comemorações.
Se ainda havia alguém que estava a assistir ao concerto sentado, depressa se levantou para receber o mestre do samba, Martinho da Vila. Sempre em crescente, Martinho encerrou as cerimónias de abertura partilhando, num grande abraço, o palco com os restantes músicos que desfilaram num concerto memorável.
O Ano do Brasil em Portugal que agora se iniciou irá decorrer até 10 de junho de 2013, potenciando o conhecimento e reconhecimento entre Portugal e o Brasil, promovendo encontros que estimulem a criatividade e a diversidade do pensamento, e das manifestações artísticas e culturais dos dois países.