O Milagre Do Super Bock Super Rock 2022

Reportagem de Vânia Marecos

O Festival Super Bock Super Rock (SBSR) regressou ao Parque das Nações, naquela que foi uma mudança relâmpago imposta pelo estado de contingência, devido à situação meteorológica atípica no país, com temperaturas muito altas e elevado risco de incêndio. Após dois anos suspenso, devido à pandemia, a edição de 2022 do SBSR preparava-se para voltar ao Meco, o que não foi possível devido às circustâncias, assim, em apenas 48 horas, as estruturas que já se encontravam montadas na Herdade do Cabeço da Flauta, foram desmontadas e transportadas para o Altice Arena, a fim de evitar mais um cancelamento, um trabalho quase impossível, mas um “milagre” que a produtora Música no Coração conseguiu concretizar.

Dia 1: A Noite dos Metronomy e de A$AP

O primeiro dia arrancou ainda um pouco tímido e quando o rapper T-Rex, uma contratação de ultima hora, abriu o palco Super Bock havia ainda pouco público na plateia. Seguiram-se os ingleses Metronomy, repetentes no SBSR. Vinham preparados para a praia, mas os calções, as cores quentes de Verão e os ritmos indie que teriam combinado melhor com um lusco fusco no Meco, foram igualmente muito bem recebidos no interior da Altice Arena.

Este ano o Festival Super Bock Super Rock ficou marcado pelos contrastes do seu cartaz, e uma prova disso foi a atuação de Leon Bridges, que antecedeu ao concerto mais aguardado do dia, A$AP. Vestido de branco, o cantor norteamericano trouxe o soul e os blues da Georgia para o palco lisboeta, naquele que foi um concerto muito intimista.

Acreditamos que muitos dos festivaleiros que estavam a assistir ao concerto não conheciam Leon Bridges, mas reconheceram imediatamente o sucesso “River”, presença assídua em diversas bandas sonoras de séries televisivas. Tinha finalmente chegado a hora marcada para o concerto mais aguardado pelo público, mas foi preciso esperar mais 20 minutos pelo rapper A$AP.

Pediu desculpa pelo atraso por se encontrar doente, mas já estava desculpado, pois enquanto o público aguardava que um gigante boneco de testes insuflável tomasse forma para se iniciar o concerto, repetia insistentemente o seu nome, justificando a sua escolha para cabeça de cartaz. Foi de peruca, saia e com uma grande mala colorida, fazendo lembrar uma caricatura de uma velhinha, que A$AP subiu ao palco. Por esta altura já a plateia estava composta e ia respondendo às incitações do rapper, “mosh and safety” eram as regras.

Dia 2: A Noite de C. Tangana e dos Ritmos Latinos

No segundo dia de festival o cartaz do palco Super Bock tinha “sotaque” latino, com a argentina Nathy Peluso e o espanhol C. Tangana a colocarem a Altice Arena a dançar. Pela quantidade de leques que se viam no recinto parecia que estavamos num espetáculo de sevilhanas ou flamenco.

A sensualidade de Nathy Peluso cativou o público desde o primeiro momento. Jogos de luzes e sombras, davam destaque aos movimentos “naugthy” da cantora, que revelava uma excelente forma física, pois no final do concerto ficámos com a sensação que tinhamos estado numa aula de aérobica avançada. Estávamos prontos para C. Tangana.

As mesas estavam postas para receber “El Madrileño” e a sua comitiva, o palco estava cheio tal como a plateia. As espectativas estavam altas e foram amplamente alcançadas. Parece que estávamos a entrar no enredo de um filme, daqueles que se passam num bar latino onde a música tem lugar de destaque e não faltam amigos, tertulia e bebidas. Foi definitivamente o concerto da noite que contrastou com a “espécie” de concerto do rapper Dababy.

Com quase 50 minutos de atraso, para os quais não apresentou qualquer justificação, e  depois de ter expulsado os fotógrafos que aguardavam pela sua entrada, no meio de chamas e fumo finalmente o Dababy aparece no Altice Arena. uma passagem rápida pelo palco para depois ir para junto do público onde incentivama os “moch pits”.

No Palco EDP o destaque vai para as atuações de Samuel Úria, Capicua e SILVA, os dois lados do atlântico unidos pela música.

Dia 3: O Êxito dos Foals

No último dia de festival, o palco Super Rock iluminou-se com Mayra Andrade e as cores quentes de Cabo Verde aqueceram os corações do público, em especial quando a cantora dedicou o concerto a todos aqueles que estão a sofrer com os incêndios. Seguiram-se os Capitão Fausto que subiram ao palco acompanhados por uma mini orquestra dirigida por Martim Sousa Tavares. Uma combinação não muito usual em festivais, mas que foi muito bem recebida pelo público, que cantava em únissono as letras destes novos arranjos.

A noite de sábado não estava completa sem o “Super Rock” dos Foals. A banda britânica, que já atuou por diversas vezes em território nacional, e que desta vez teve o destaque de ser cabeça de cartaz, partilhou com C. Tangana o pódio de melhor concerto do festival. O público vibrou ao som ds guitarras, pulou e recebeu toda a energia que vinha do palco numa simbiose perfeita.

Foram três dias de música, com casa a meio gás, mas cheia de espírito e vontade, com muitos dos músicos que passaram pelos diversos palcos a reconhecer o esforço da organização para assegurar esta edição do festival – uma verdadeira edição “Milagre”.

O Super Bock Super Rock regressa no próximo ano, nos dias 13, 14 e 15 de julho, no Meco, mas numa nova localização, fora da área florestal, segundo afirmou Luís Montez da Música no Coração à Agência LUSA.

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