Foi uma noite de partilha e emoção. António Manuel Ribeiro contou alguns episódios da história do rock, falou sobre momentos chave da evolução da banda, teceu duras críticas aos governantes, mas deixou no ar a esperança de quem acredita no valor da nação e das pessoas.
Os primeiros acordes foram para os temas de A Minha Geração, mas os UHF viajaram também no tempo até ao início da banda com “Jorge Morreu”. “Foi assim, que em 1979 entrámos no mundo discográfico” disse António Manuel Ribeiro falando sobre a ousadia de, à data, trazer para a música o duro tema das drogas. Tempo, pelo meio, para recitar poemas de amor e avançar para “A Morte Saiu à Rua” de José Afonso.
Do baú saiu também, “Um Mau Rapaz” que fez parte do disco Persona non Grata editado em 1982. “Gravamos um vídeo para esta música na Costa da Caparica. O realizador queria-nos atirar para uma piscina de água verde. Era inverno. Imaginem…” partilhou o cantor.
Em “Rapaz Caleidoscópio” ficámos com a sensação de estar num estádio, envolvidos no coro do refrão. Para António Manuel Ribeiro esta é “a canção da primeira tribo de Portugal, a tribo dos UHF”. O público reage calorosamente às palavras da banda e percebe-se que são seguidores de longa data. A dança quase tribal que faz em redor do palco traduz a emoção do momento. “Obrigado por estarem connosco há tanto tempo num pais onde tanta coisa fenece à nascença” refere.
Sem adereços, o palco conta apenas com os músicos e equipamento de som. Avançam para um primeiro encore com um fundo vermelho, mais aconchegante. O som é agora acústico, poisam a revolta e o amor passa a tema central. “A Lágrima Caiu”, “Completamente Infiel”, voltam a ir buscar José Afonso em “Vejam Bem” e despedem-se com “Podia Ser Natal”.
Quem achou que saía a ouvir os sinos do Natal, enganou-se, pois quase se podia dizer que o melhor ficou mesmo para o fim. Os UHF, no seu melhor, a debitar decibel como se estivessem na mítica Incrível Almadense encerraram a noite com versões poderosas de “Rua do Carmo”, “Cavalos de Corrida” e “Menina Estás à Janela”. O público em pé, dançava ao som dos ídolos nacionais de todo o sempre.
Para quem falhou esta grande noite, há esperança. É aguardar pela edição em CD, num futuro próximo!