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Palácio Da Ajuda Vai Apresentar Joias Da Coroa Em Nova Ala

Por Elsa Furtado (Texto e Fotos do PNA)

900 peças de joalharia – datadas entre finais de século XVII e do século XIX e 6340 exemplares de ourivesaria, do século XIV ao XX vão poder ser vistas e admiradas a partir de dezembro de 2018, na nova Ala Poente, do Palácio da Ajuda, especialmente construída para as acolher.

O anúncio foi feito feito ontem ao fim da manhã, numa apresentação que teve lugar no Pátio do Palácio e que reúne três instituições para a sua concretização: Ministério da Cultura/Direcção Geral do Património Cultural, Câmara Municipal de Lisboa e ATL (Associação de Turismo de Lisboa), e um orçamento de 15 milhões de euros.

O novo espaço museológico vai ficar instalado na Ala Poente do Palácio, até então inacabada, cujo projecto é da autoria do arquitecto João Carlos Santos, com traço e materiais contemporâneos, mas ao mesmo tempo procurando uma harmonização com o resto do edificado e evidenciado os elementos originais. De realçar dois corpos laterais mais elevados, com perfil e altura idêntica à dos torreões Norte e Sul da fachada Este, de forma a provir equilíbrio ao conjunto, (uma construção utilizando elementos e materiais reversíveis), e com características e medidas de segurança adequadas para receber a Exposição Permanente das Joias da Coroa e dos Tesouros de Ourivesaria da Casa Real.

Apesar de só agora ir ser concretizado, este não é um desejo novo, apresentar as Joias da Coroa Portuguesa é um sonho há muito acalentado por grande parte das pessoas ligadas ao Património e História de Arte do nosso país, tal como ver acabado o Palácio, que majestosamente se ergue na colina entre Belém e Monsanto e do qual se avista desafogadamente o rio, uma das vistas mais bonitas da nossa cidade (Raul Lino e Gonçalo Birne – mais recentemente, foram dois dos muitos arquitectos que realizaram projetos para a conclusão do Palácio).

Projectado no final do século XVII (cerca de 1796) pelo italiano Francisco Xavier Fabri e pelo português José da Costa Silva e mais tarde alterado por Manuel Caetano de Sousa, o Palácio Nacional da Ajuda começou a ser construído em 1802, para residência da família real e com o intuito de ser um grande palácio, à semelhança de outros na Europa, durante nos as obras foram sofrendo várias paragens até que a família real se mudou para aqui em 1826, ainda com obras a decorrer, até ao ano de 1833 em que pararam de vez, até agora. Em 1910, com a implementação da República o Palácio foi encerrado tal como estava, e reabriu em 1968 como museu até agora, momento em que recebe novo fôlego à sua existência.

Para a conclusão do Palácio e consequente instalação do Tesouro Real, foi estabelecido um protocolo entre as três instituições referidas, estando previsto as obras começarem em julho de 2017 (após um concurso público para a adjudicação das mesmas) e a conclusão e inauguração para dezembro de 2018. Para além da conclusão da Ala Poente, o projecto prevê também a reabilitação da ala norte e do restante edifício, de forma a devolver-lhe o brilho e o esplendor inicial. E ainda a ligação à Calçada da Ajuda e o Jardim das Damas, e a reabilitação entre a Alameda dos Pinheiros e a Rua das Açucenas.

A nova área do palácio será composta por quatro pisos, ficando a exposição permanente das Joias da Coroa da Casa Real, instalada no piso 3, e a exposição do Tesouro de Ourivesaria, instalada no piso 4, numa “Caixa Forte”, ambos dotados de fortes medidas de segurança, tal como requerem peças desta natureza, explicou ontem aos jornalistas o arquitecto João Carlos Santos. O edifício vai incluir ainda pórticos de segurança, uma cafetaria com vista para o Tejo no piso 4, uma loja, serviços administrativos e de bilheteira, um auditório, bengaleiro e casas de banho.

No Piso 3,  os visitantes vão poder ver cerca de 900 exemplares, de joalharia, de finais do século XVII a finais do século XIX, que incluem as Joias da Coroa, (um conjunto de peças predominantemente do século XVIII, de produção nacional – fruto das abundantes explorações auríferas e diamantíferas brasileiras); e ainda 830 exemplares de Joias do Quotidiano, com tipologias destinadas ao uso corrente e no qual prevalecem exemplares de produção oitocentista originários das oficinas nacionais, francesas e italianas.

No piso 4 vai estar o acervo de ourivesaria, composto por 6340 exemplares e é composto pelas Pratas da Coroa, a Baixela da Coroa, também designada por Baixela Germain, encomendada pelo rei D. José ao ourives do rei de França François-Thomas Germain; Pratas Utilitárias e Decorativas, onde se encontram cerca de 4694 peças, 147 peças de Ourivesaria Religiosa, dos séculos XVIII e XIX; e ainda 172 Ordens e Condecorações, na sua maioria, da segunda metade do século XIX e de origem europeia.

A exposição será enriquecida com pinturas e reproduções de fotografias que enquadrem as peças, os mantos régios, plantas do palácio do séc. XVIII e XIX e outros materiais gráficos raros.

Mas o que faz com que finalmente se realize agora este sonho tão antigo?

A esta pergunta responderam Fernando Medina – edil da Câmara de Lisboa e os responsáveis da ATL.

“A obra realiza-se agora porque vai ser paga em parte com as receitas provenientes da Taxa Turística de Lisboa, inserida em 2015”, (sendo 6 milhões provenientes do primeiro ano de receitas da taxa, 2 milhões de capitais próprios e 3 milhões de um empréstimo); e os restantes 4 milhões vêm do Ministério da Cultura, (o valor restante da indemnização recebida pelo roubo de seis joias da coroa portuguesa em haia, na Holanda, em 2002 – uma decisão que António Costa atribuiu à então Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas).

Por ano, espera-se receber cerca de 200 000 visitantes, referiu o Ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes e “os bilhetes só para visitar as Joias vão custar 10 euros por pessoa (havendo os descontos habituais) e a Tour Real cerca de 6 /6,50) euros”, o preço do bilhete conjunto para o Palácio e as Joias ainda não está definido – referiu ao C&H Vítor Costa presidente da ATL, à margem da apresentação, referindo que o funcionamento vai ser parecido com o do Castelo de Rosenborg em Copenhaga, ou o Tesouro Imperial de Viena (integrado no complexo do Hofburgo). O retorno do investimento está previsto num prazo de 12 anos.

A gestão operacional do novo espaço vai ficar entregue à ATL e a parte museológica entregue à DGPC, referiram ainda os responsáveis aquando a apresentação.

No ar ficou, a promessa que com a conclusão do Palácio e a recuperação da zona envolvente, estará finalmente concluído o “eixo Belém-Ajuda”, com a valorização e recuperação do seu património, com todos os seus atractivos e riqueza.

“Um Dia Histórico” – como fez questão de referir o Primeiro Ministro António Costa, em que o Património e o Turismo se uniram.

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