Em 2019, o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto celebra na Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva e no Jardim Botânico do Porto, o Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen através de “uma programação assente no apoio a criadores de todas as áreas para um diálogo plural e aberto com a vida e obra de Sophia”.
Assim, o Jardim da Sophia, acolhe ao longo do Centenário uma programação diversificada que passará pelas sete artes.
A primeira iniciativa deste ano, a exposição fotográfica Pour ma Sofie, teve o seu período de exposição prolongado até ao dia 10 de março.
Esta é uma mostra inédita de fotografia, instalação e acervo documental, realizada a partir da biblioteca pessoal de Sophia por Oxana Ianin e com curadoria de Martim Sousa Tavares, seu neto.
Entre 2015 e 2018, foram identificados nesta biblioteca mais de trezentos livros com dedicatórias a Sophia, oferecidos ao longo de sete décadas por autores e artistas como Teixeira de Pascoaes, Carlos Drummond de Andrade, Maria Helena Vieira da Silva, Arpad Szenes, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Jorge de Sena, Herberto Helder e muitos outros.
Para além do testemunho das dedicatórias, estes livros guardavam entre as suas páginas dezenas de manuscritos inéditos, correspondência, traduções, ensaios e outros materiais.
Os dias de Sol de inverno convidam a um passeio pelo Jardim Botânico, um pulmão verde em plena cidade, onde o ruído do trânsito é substituído pelos passos no cascalho e a azáfama do quotidiano dá lugar a um lento e prazeroso passeio pelos labirintos de árvores, flores, ervas e cactos. Ainda há recantos verdejantes de uma beleza ímpar, que merecem um segundo olhar. O Jardim da Sophia, com os seus cantos e contos, está de portas abertas e acolhe visitantes de todas as idades e de múltiplas nacionalidades. Olhares ávidos que se sossegam ao som da “Menina do Mar”.
A Galeria da Biodiversidade tem patente a exposição fotográfica Pour ma Sofie realizada por Oxana Ianin, com curadoria de Martim Sousa Tavares. De 25 de janeiro a 22 de fevereiro, o período de exposição foi alargado até ao dia 10 de março.
Uma mostra inédita que transporta o visitante para o mundo dos livros: um mundo de letras, de palavras soltas, de dedicatórias, de “admiração”, de Sophia! Uma exposição de uma simplicidade e beleza singulares!
Entre pequenas notas e traduções, mensagens e dedicatórias, fotografias e bilhetes, o universo de Sophia ao alcance de uma mão e de um olhar, onde o lugar e o tempo se mesclam de um passado que se faz presente. E que dádiva! Poder “partilhar” com Sophia este instante é, à falta de adjetivos que lhe façam jus, uma infindável tela por onde os dedos se movem tentando recriar a caligrafia de Sophia, ali tão perto.
“Admiração”, é nesse quadro branco, com 86 diferentes caligrafias, que o visitante se rende também. Uma palavra, 86 variações e um arrebatamento pelo tanto que Sophia deu às letras e pelo vocábulo que se faz prece, que se faz grito, que ecoa “silenciosamente” na galeria.
A poetisa que se fez poeta, que procurava “uma revolução de qualidade”, que traduziu Eurípedes, Shakespeare, Claudel, Dante. Diz em Arte Poética III que “sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda de uma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso.”
Nas folhas dispostas em acordeão, com a imagem de capa e a dedicatória a Sophia, a sala reveste-se de grandes vultos da literatura nacional e mundial. “Juntos e carregados de significado, estes livros não são mais coisas de ler. Estes livros são Sophia.”
Como escreve Martim Sousa Tavares:
Pour ma Sofie é um trabalho de descoberta e surpresa, testemunho de uma vida que se fez rodear de livros e que foram mais do que objectos para ler.
O Jardim Botânico do Porto está aberto, nos dias úteis, das 9h00 às 18h00 e aos fins de semana, das 10h00 às 18h00, sendo a entrada livre. A visita à exposição, no mesmo horário acima indicado, também é de entrada livre.