Home Destaque Solércia revisita Gil Vicente nos cenários mágicos da Regaleira em Sintra

Solércia revisita Gil Vicente nos cenários mágicos da Regaleira em Sintra

Texto de Elsa Furtado
Fotografias de Francisco Lourenço

Folias e tropelias, sátiras e mal dizeres, amores e desamores sempre serviram de inspiração aos autores de todos os tempos e o Mestre Gil Vicente não foi uma exceção, seguindo a sua tradição, a Companhia teatral Tapafuros inspirou-se em alguns dos seus textos e encenou Solércia, nos esotéricos jardins da Quinta da Regaleira, em Sintra.

Seguindo o estilo a que já nos habituou, os Tapafuros voltam mais uma vez a pegar em textos clássicos e de vários autores (neste caso basearam-se apenas em Gil Vicente) e encenaram uma peça de características únicas, em que o humor e o drama se apresentam harmoniosamente lado a lado, a par da crítica social, enquanto atores e espetadores precorrem os jardins da Quinta, sob o manto da noite.

Caminhemos, rumo incerto mas definido, neste terreno mundo de mil aparências: amor serôdio à mais bela das criaturas, espanto espantoso d’existir quando assim sempre se existiu, tudo embarca nesta estranha viagem! Esqueçamos o que foi, pois apenas foi ilusão ou sonho. E assim continuará. O corpo é nada, tão breve como a breve noite. Entremos nela em abandono, conduzindo os olhares na diáfana ambiência. Chegámos à serra Solércia, irmã siamesa da noite lunar. São uma e una. Contemplemos sem peias o nosso passado sentir. Bebamos com delícia o novo aprender. E depois nada. Sereno estar, talvez. A noite é uma criança. Brinquemos com ela. Como ela. Vicentinas viagens faremos então. Num percurso de subtil entendimento: mundanos estamos no burburinho de feira que é a vida. Mergulhamos sem respirar para o início do Mundo, lá nos perdemos e em barcos queremos estar, medo de mar! Regressamos Ninguém, limpos de tudo. Nesta Serra Solércia que nos oferece sempre um silêncio de infinda palavra.

Este é o ponto de partida desta nova aventura, que passa pelos jardins, relvado do Palácio, Capela, Patamar do Ténis, Patamar dos Deuses, Gruta do Oriente, Poço Iniciático e Terraço do Mundos Celestes e que visita textos quinhentistas como o Velho da HortaBreve Sumário da História de Deus, o  Auto da Barca do Inferno e o Auto da Lusitânia.

Uma aventura cheia de mistérios e surpresas a descobrir, música e danças ao vivo e com as interpretações de Rute Lizardo, Flávio Tomé, Paulo Cintrão, Ricardo Soares, Henrique Martins, Catarina Salgueiro, Regina Gaspar e encenação de Rui Mário.

A peça está previsto ficar em cena até domingo, dia 25 de setembro, às 21h00,e tem ainda encenações nos dias 22, 23 e 24 às 22h00, nos jardins da Quinta da Regaleira, em Sintra. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Regaleira ou pela internet. A produção aconselha a todos os espetadores a levarem agasalhos e calçado confortável para assistir ao espetáculo.

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