Steve Vai

Steve Vai regressou esta sexta-feira a Lisboa, para um concerto, desta vez no palco no CCB. De volta ao nosso país, após ter passado por cá em 23 de Julho de 2016, na celebração do Passion and Warfare.

Há músicos que marcam o nosso tempo e o artista em causa é um exemplo disso.

Ao longo da sua carreira, que já conta com 11 discos, tem-se mantido em constante evolução. É um artista que dá primazia ao seu ouvido interno e que tem criado das mais interessantes composições para guitarra elétrica, da atualidade. Além de ser um músico brilhante, sabe ligar-se a outros artistas e dar-lhes o seu espaço. Excelente exemplo disso é “Sex & Religion” em que mostrou ao mundo Devin Townsend (que atuou recentemente em Portugal) e agora Johhny “Gash” Sombrotto.

Começou por tocar com Frank Zappa, David Lee Roth, Alcatrazz, mas logo percebeu que deveria seguir o seu próprio som.

Ao longo da sua carreira, que vai a par e passo com outro gigante da guitarra, Joe Satriani, criaram o G3, concertos em que convidam guitarristas geniais para tocar com eles. Já tiveram grandes nomes como John Petrucci, Eric Johnson ou Robert Fripp.

Recentemente colaborou com os Polyphia numa excelente canção, “Ego Death”, demonstrando que, continua atento ao que se passa e que é sem dúvida um nome incontornável no universo da guitarra.

Inviolate, o seu mais recente disco, era o pretexto para esta tour. Apresentou-se com um palco simples, só um painel de vídeo atrás porque o que interessa é a música. Arrancou o concerto com uma guitarra com leds azuis, é sabido que só utiliza Ibanez e que tem o seu próprio modelo, que foi desfilando em várias cores.

“Avalancha”, do Inviolate, lançou um concerto que atravessou a carreira do músico. Continuou com “Giant Balls of gold”, “Little Pretty”, com mudança para a guitarra preta e dourada.

Falou ao público para comentar que é o início da digressão europeia e que o seu novo guitarrista, Dante Frisiello, tocava o primeiro concerto com a banda.

Seguiu-se a muito aplaudida, “Tender Surrender”, uma grande demonstração do controlo que Steve tem da guitarra, produzindo sons ao alcance de quase nenhum.

“Lights are on” viu entrar, um por um, 5 guitarristas na parte final, para todos tocarem uma parte em uníssono.

Como todos os primeiros concertos, há sempre problemas, quando Dante se preparava para o seu solo, todo o seu sistema decidiu ir abaixo. Steve voltou a palco para entreter o público enquanto tentavam salvar a situação. Quando se preparavam para continuar, lá conseguiram pôr tudo a funcionar e Dante fez o seu solo. Percebe-se que é um discípulo do mestre.

Inviolate, dito pelo próprio, foi o disco que mais vendeu a seguir a Passion and Warfare. Retirou “Greenish Blues” e entrou direto em “Bad Horsie”, enquanto no ecrã apareciam imagens de Crossroads, um filme que não ficou para a história, mas de que todos recordam a participação de Steve, num duelo de guitarra com Ralph Macchio.

Tivemos ainda direito a um solo de bateria e baixo antes de “Teeth of the Hydra”. A expectativa para o ver executar ao vivo esta música era enorme. O instrumento, criado pela Ibanez para ele e mostrando a sua capacidade de inovação, é um monstro de 3 braços. Uma guitarra de 12 cordas fretless do 8º traste em frente, uma de 7 e um baixo em que as 2 mais graves são fretless, cordas de harpa e ainda mais coisas.

É preciso um músico especial para conseguir compor algo nesta complexidade e ter a memória muscular de andar de braço em braço. A música é boa, mas a execução ao vivo é parte do espectáculo.

De volta a guitarras mais “normais”, tivemos “Zeus in Chains” antes dos clássicos “Liberty” e “For the Love of God”, que deixou o CCB em pé a aplaudir.

“Taurus Bulba”, com passeio pelo meio da plateia e convite a que o publico tocasse na guitarra, serviu de encore para um bom concerto de um dos grandes músicos da sua geração.

Artistas assim são raros, devemos aproveitar sempre para os ver, ouvir e aprender. Não há guitarrista que não tente tocar as suas canções. A autenticidade foi o que fez dele um dos grandes nomes.

Esperemos que não sejam precisos mais sete anos para o vermos de volta.

Steve Vai volta a atuar na Casa da Música, no Porto, este domingo, dia 26 de março.
O concerto já se encontra esgotado.

Artigo anteriorO Sol Da Caparica Regressa De 17 A 20 De Agosto De 2023
Próximo artigoEstreia De Michael Kohlhaas – O Rebelde A Partir De Jorge Silva Melo

Leave a Reply