Cyrano de Bergerac é o herói que invade os Jardins da Quinta da Regaleira, em Sintra, todas as sextas e sábados à noite até setembro.
Numa produção dos TapaFuros, Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand, com tradução de Nuno Júdice, esta foi a peça escolhida pela companhia teatral para animar as noites de fim de semana da emblemática quinta Sintrense até dia 1 de setembro.
Eis o espadachim da palavra! Cyrano, nariz no ar (e que nariz!) desafia qualquer bonifrate dono da razão! E tantos há, sem coração.D e Amor ele é cavaleiro, lutando contra os moinhos gigantes da ignorância. O Amor caminha misteriosamente e Cyrano por vezes troca-lhe os passos. Mas não desiste, nunca. Até ao fim pode ser sol que ilumina. Até ao fim pode ser luar que encanta um beijo. E o mistério faz viver, no fim, não é?
Numa viagem até à França do século XVII, a peça começa na entrada do Palácio da Regaleira, aqui ficamos a conhecer Cyrano, a sua prima Roxane, o pasteleiro e amigo Ragueneau, três das personagens principais da estória. Cyrano envolve-se numa luta e dá azo aos seus dotes de espadachim, ao defrontar vários opositores. Pelo meio interrompem uma peça de teatro e estragam a récita em exibição.
Como já é habitual nas peças da Quinta, aqui os espetadores são convidados a seguir os atores e ir descobrindo a estória, de local em local, e esta não é excepção, da entrada do Palácio, a acção prossegue no Jardim de Cheiros, onde o perfume da alfazema invade a noite.
Chegamos a casa de Ragueneau, e voltamos a encontrar o pasteleiro e também Cyrano, para além de vários visitantes. É por aqui, nos jardins, que Cyrano e Roxane se encontram e ela conta-lhe que ama um barão muito bonito, que acabou de integrar o batalhão dele – de Cadetes da Gasconha, e pede ao primo que proteja o seu amado. E assim está dado o ponto de partida para uma série de enganos, confusões e situações inócuas.
Cyrano cumpre a sua promessa e torna-se amigo do jovem barão, e ajuda-o a conquistar o coração da prima ao escrever cartas de amor poéticas.
A acção prossegue para outros recantos da Quinta, como a Gruta de Lêda – onde os apaixonados se casam nas muralhas, a Torre onde decorre o Cerco de Arras e se dá a morte do jovem Christian.
Depois deste momento, a narrativa dá um salto de 14 anos, e encontramos a viúva Roxane num convento, recriado na Capela da Santíssima Trindade, e onde o primo a visita religiosamente todos os sábados. Tantos anos passaram e a dama ainda não sabe a verdade, mas será que esta vai descobrir-se?
Duas horas de peça, em que além de se “viajar” pelo mundo de Cyrano, se assiste a uma “luta” entre a verdade e a mentira, o belo e o feio, permite também conhecer um pouco da Quinta da Regaleira.
A peça conta com encenação de Rui Mário, adaptação de Nuno Vicente e música de Pedro Hilário, e as interpretações de Artur Dinis, Carolina Agostinho, Clara Marchana, João Bandeira, Luís Lobão, Nuno Fonseca, Nuno Grilo, Miguel Moisés, Sara Rio Frio e Sérgio Moura Afonso.
Cyrano de Bergerac pode ser visto todas as sextas e sábados, às 21h30, até dia 1 de setembro, na Quinta da Regaleira, em Sintra. Os bilhetes estão à venda no local e online e custam 10 euros.