A Noite De Saramago Em Cena Pela Yellow Star Numa Homenagem À Luta Pela Liberdade De Expressão E Pela Democracia

Por Elsa Furtado (Texto e Fotos)

À primeira vista esta é uma noite como todas as noites, na redacção trabalha-se para fechar o jornal, que sai no dia seguinte, na gráfica, as rotativas vão imprimindo as páginas do jornal, já vistas e revistas, aprovadas pela censura, nada de invulgar, numa noite antes do 25 de Abril de 1974 … até que …

E está dado o ponto de partida para a A Noite, peça da autoria de José Saramago, publicada em 1979, e que a  Yellow Star Company leva à cena este ano, por ocasião das celebrações dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974.

Em palco, a dar vida aos valorosos jornalistas de então, estão Diogo Morgado – Manuel Torres (redator de província) – um jornalista idealista e revolucionário; Jorge Corrula – Jerónimo – é o linotipista chefe do turno da noite; João Didelet – é o diretor Máximo Redondo; Luís Pacheco – Chefe de Redacção Abílio Valadares; Elsa Galvão – Esmeralda (secretária de redacção); Ricardo de Sá – Pinto (redator desportivo); Henrique de Carvalho – Fonseca (o Redator Parlamentar, pró regime); Sara Cecília – Cláudia (a estagiária); e João Redondo – Faustino (o contínuo) compõe o resto da Redacção, numa encenação que conta com assinatura de Paulo Sousa Costa.

Durante uma noite, a de 24 de Abril de 1974, debate-se os valores e os direitos da imprensa e dos jornalistas, o papel da imprensa, a Liberdade, o certo e o errado, a ética e a deontologia, o medo e a coragem, numa Redacção de um jornal. Entre a meia noite e as duas, os personagens começam-se a aperceber que algo se passa nas ruas, e um dilema se impõe: “O Jornal sai ou não sai? E o que deve contar? De que lado “nos” posicionamos”?

Questões a que a jovem estagiária Cláudia responde: “Eu não me interessa de quem é a revolução, se é de esquerda ou de direita, o que me interessa é dar a notícia, relatar o que está a acontecer. Nós temos de dar o exemplo, ser objetivos. O nosso comportamento tem de ser exemplar!”

“O Que Interessa É A Verdade!”

E entre o “E Depois do Adeus”, “Grândola Vila Morena” e gritos de “Viva a Liberdade” e “Fascismo Nunca Mais”, dá-se uma revolução, a vida em Portugal muda, e a Democracia instala-se, e nada volta a ser como antes.

Destaque para as interpretações de Diogo Morgado, Jorge Corrula e de Luís Pacheco, que dão vida a três personagens fundamentais e representativas do funcionamento de um jornal e de uma época.

A estreia decorreu na Academia de Artes do Estoril (Edifício Cruzeiro) – Auditório Carlos Avilez na passada quinta-feira, dia 28 de março, , e sobe hoje à cena em Águeda, apresentando-se depois no Casino da Figueira da Foz, Coliseu do Porto, Casino do Estoril, CAE de Guimarães e Teatro das Figuras em Faro – para já. Os bilhetes podem ser adquiridos no local e online.

Uma peça a ver, por toda a sua importância, iconografia, simbolismo, e … “porque é importante não esquecer”.

Autor:Texto de Elsa Furtado
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