Inês, filha do deus Indra, desce à Terra para testemunhar os lamentos dos seres humanos. Encontra-se com variadíssimas personagens, muitas delas arquétipos da nossa sociedade. Depois de passar por todo o tipo de sofrimento humano, tal como a pobreza, crueldade ou mesmo a rotina da vida familiar, a filha dos deuses percebe finalmente que os seres humanos são dignos de dó. O seu retorno ao Céu é como o despertar de um sonho.
Está dado o ponto de partida para o Sonho, uma peça que mistura o sonho, pensamento, ilusão e realidade, da autoria do sueco August Strindberg, e que a Ar de Filmes / Teatro do Bairro apresenta até 21 de agosto, no Museu Arqueológico Ruínas do Carmo, em Lisboa.
Com encenação de António Pires, assistimos durante cerca de uma hora e meia a uma sucessão de diálogos e cenas quase vertiginosa entre várias personagens, algumas reais, outras não, numa mistura de reflexões sobre a vida e metáforas, que nos fazem reflectir sobre a nossa existência.
Escrito em 1901, e apresentado pela primeira vez em 1907 na Suécia, O Sonho é talvez o primeiro drama que contém o universo onírico como realidade, como género em si. Abandonando a percepção convencional de tempo e espaço, o autor sueco concretiza nesta peça uma narrativa não realista, onde segundo as suas próprias palavras, “(…) Tudo pode acontecer, tudo é possível e provável. Tempo e lugar não existem; numa base insignificante de realidade, a imaginação gira, modelando novos padrões; há a mistura de memórias, experiências, livres fantasias e improvisações. As personagens duplicam-se, multiplicam-se, separam-se, evaporam, condensam, dispersam, reúnem. Mas uma percepção governa sobre todas elas: para o sonhador não há segredos, escrúpulos, leis. O sonho não absolve ou justifica condenações, somente as relata. Tal como no sonho é mais frequente o sofrimento que a felicidade, este conto é acompanhado de uma dose de melancolia e compaixão por todos os seres humanos.”
Alexandra Sargento, Carolina Campanela, Carolina Serrão, Cassiano Carneiro, Catarina Vicente, Francisco Vistas, Hugo Mestre Amaro, Jaime Baeta, João Barbosa, João Sá Nogueira, Luís Lima Barreto, Mário Sousa Voz Cláudio da Silva, são os 12 atores que dão vida aos personagens que personificam a humanidade e a sua vivência.
A peça pode ser vista de segunda a sábado, às 21h00, nas Ruínas do Museu Arqueológico do Carmo. Os bilhetes custam 16 euros (com preços especiais para menores de 25, maiores de 65 e profissionais do espectáculo – 12 euros, e 8 euros para portadores do cartão de amigo do TdB) e podem ser adquiridos no local, online e pontos de venda aderentes.
N.R.: Recomenda-se o uso de agasalhos.