Por Sandra Mesquita
Cabe ao encenador Ricardo Pais a abertura da programação em dose dupla, com a reposição de Sombras, produção do TNSJ, e de al mada nada, no ano em que se celebra o centenário de Orpheu.
De abril a julho, o TNSJ acolhe ainda três estreias e 10 coproduções, “continuando a abrir as portas à comunidade escolar e a outras vertentes artísticas, como o documentário ou a música”, afirma a entidade em comunicado.
Destaque ainda para a celebração da dança com o ciclo de Olga Roriz, que apresentará os espetáculos Sagração da Primavera.
Programação completa para abril e junho no TNSJ:
Ricardo Pais Regressa em Dose Dupla
Sombras – A Nossa Tristeza é Uma Imensa Alegria regressa de 3 a 5 de abril ao TNSJ. O espetáculo, estreado em 2010 e desde então celebrado em Portugal, Brasil, França e Rússia, aborda o “modo de ser português”, cruzando fandango, fado e textos de nomes maiores, como Fernando Pessoa, Almeida Garrett ou Pedro Homem de Mello. De 3 a 5 de julho, o espetáculo ruma ao Rio de Janeiro. Também em abril, de 11 a 19, é Almada Negreiros que “dirige” o palco do TNSJ. al mada nada – que se estreou com grande sucesso, em 2014 – parte do texto Saltimbancos e conta com interpretações vibrantes do ator Pedro Almendra, o percussionista Rui Silva e a Momentum Crew – um grupo de b-boys premiado internacionalmente.
Olga Roriz celebra 40 anos de carreira no Dia Mundial da Dança
Olga Roriz, um dos nomes incontornáveis da dança nacional, comemora 40 anos de carreira enquanto coreógrafa e 20 da companhia que lidera. O palco do TNSJ acolhe, nos dias 24 e 25 de abril, A Sagração da Primavera, uma nova versão da bailarina Paulina Santos. Nos dias 29 – data em que se assinala o Dia Mundial da Dança – e 30 de abril Terra, estreado em 2014, apresenta o diálogo corpo-terra, sob o signo da vitalidade e da fertilidade, com o contributo de cinco bailarinos da Companhia Olga Roriz.
O “outro lado” de Álvaro Lapa
Depois de Raso como o Chão – estreado em 2012, no TeCA –, o artista plástico e realizador João Sousa Cardoso estreia Barulheira, no Mosteiro de São Bento da Vitória. O espetáculo parte de um texto de Álvaro Lapa, mais conhecido pelo seu trabalho como pintor do que pela sua escrita. Numa nova incursão pela obra do artista, esta Barulheira evoca algumas figuras da sua vida pessoal (o irmão, o navegador, o professor, o profeta, o pássaro, as horas, a matemática, o mar de Labruge). Em cena de 24 de abril a 3 de maio.
A descoberta de “outros lugares” no TeCA
Heterotopia explora a noção de “outros” lugares, sob a premissa de que imaginar um outro sistema é estender a nossa participação no sistema atual. Com direção artística de Emanuel de Sousa, o espetáculo insere-se num projeto mais alargado de pesquisa transdisciplinar: a Trilogia do Lugar (2013-2015), que parte da justaposição de textos dramáticos e não-dramáticos clássicos e de novos autores nacionais e internacionais, bem como da técnica de détournement como dispositivo formal. De 26 de junho a 5 de julho, no TeCA.
A inevitabilidade da morte em estreia absoluta no TeCA
Com texto e encenação de Pedro Estorninho, Só Se Eu Quiser apresenta um doente em fase terminal que vê as suas capacidades físicas a desaparecer enquanto mantém a lucidez. Valdemar Santos assume o monólogo que apresenta a fragilidade humana perante a inevitabilidade da morte. Só Se Eu Quiser é uma estreia absoluta e está em cena de 17 a 26 de julho, no Teatro Carlos Alberto.
Pasolini, Caryl Churchill e Tchékhov em destaque
Nos próximos quatro meses, os espaços geridos pelo TNSJ recebem 10 coproduções. Destaque para As Três (Velhas) Irmãs – Uma Memória de Tchékhov, em cena de 8 a 17 de maio, no Teatro Carlos Alberto, em que Martim Pedroso propõe uma revisitação do clássico de Anton Tchékhov com um elenco de atrizes seniores, acrescentando outra possibilidade de leitura desta obra, pela sugestão da biografia das próprias atrizes. Entre 14 e 24 de maio, o TNSJ recebe Amor e Informação, de Caryl Churchill. Pela mão do Teatro Aberto vamos perceber os diferentes pontos de vista da nossa infinita necessidade de amor e de conhecimento. Pocilga, de Pier Paolo Pasolini, com encenação e tradução de John Romão, é outra das peças em evidência neste quadrimestre. Com um elenco reputado que inclui, entre outros nomes, Albano Jerónimo, Ana Bustorff e João Lagarto, o espetáculo – que está em cena de 3 a 12 de julho – aborda o amor, o sagrado e o político, bem como a capacidade de degradação humana.