Se Me Amas era a proposta dos Xutos e Pontapés para a noite de 18 de dezembro, no Campo Pequeno. 35 anos de carreira em versão acústica, que nem é o formato que mais os identifica. “Todos amam os Xutos”, foi a resposta que encontrámos num concerto em que o rock furioso cedeu a cadeira à emoção. Duas horas de acordes intensos, muitos deles incorporados no ADN nacional, que isto de ser português já passa também por saber cantarolar, no mínimo, “O Homem do Leme”. Começa também já a ser tradição haver um serão pré-natalício de Xutos e, ainda que não seja difícil poder ver a banda ao vivo, poucos eram os lugares por ocupar.
A noite começou pouco depois das 22h00 com o público, ansioso, a revelar alguma impaciência e a pedir a entrada dos músicos em palco, através de aplausos. Uma mancha cromática de t-shirts pretas, lenços vermelhos e muitos “X” confirmava o cartaz da noite. Os cinco magníficos (Tim, Zé Pedro, Kalu, Gui e Cabeleira) tem, esta noite, a formação reforçada com Nuno Espírito Santo no baixo. Dispõem-se sentados em semi círculo e arrancam com “Chuva Dissolvente”. Numa cadencia sem interrupções, continuam com “Vai e Vem”, “Nós os Dois”, “Tu e Eu” e é em “Mãos de Veludo” que se sente a primeira comoção coletiva. Ainda que o ambiente seja familiar (os pais arrastaram os filhos), percebe-se que este público é conhecedor do percurso da banda. Cada estrofe é cantada com sentimento.
No intervalo, um sofá vermelho, com a forma de duas mãos unidas é colocado na frente de palco. Parece-nos pouco plausível que se consiga tocar dali (isto é mesmo um concerto de Xutos???), mas a verdade é que eles vão entrando, primeiro só Tim e Cabeleira para um dueto de guitarras em “Doçuras” da qual retemos no ouvido o assobio melódico de Tim. Depois de “Nesta Cidade” juntam-se-lhes os restantes 3 magníficos e temos o momento kodak da noite que se revela bastante agitado com “A Minha Aventura Homossexual com o General Custer”.
Kalu passa depois para o piano e seguem com o que Zé Pedro apelida de “mais uma invenção” que é trazer para este formado acústico um tema tipicamente elétrico: “Um Deus”. Continuam para “Remar, Remar” e à terceira nota do tema seguinte já se afinam gargantas para “O Homem do Leme”. Chegou o momento dos grandes êxitos: “Circo de Feras”, “Pensão”, “Ai se Ele Cai” e “Dia de São Receber”. Está muito bem ensinada, esta plateia, que levanta os braços no ar e agita as mãos assim que Kalu dá o seu grito “Aaaaaaaaaai a minha vida”. Em época pré natalícia, acaba tudo a cantar “A Todos Um Bom Natal”.
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Mas a verdade é que tirando alguns casos isolados, todos se mantém no conforto das cadeiras até à chegada de “Contentores”. Foi mesmo no limite que se soltaram as inibições e todos ficaram de pé a cantar e a dançar, como se de um concerto de Xutos se tratasse.
Um encore com as habituais despedidas: “Maria”, “Casinha” em que Tim começa por marcar um ritmo mais lento mas é abalroado pelo coro que pede o ritmo frenético a que estão habituados e “Para Sempre” num último adeus.
Apetece por para trás e voltar a ouvir tudo outra vez. O que sabemos que até será possível, num futuro próximo, uma vez que o espetáculo foi todo filmado.
Amamos sim, Xutos!