Yes – Uma Odisseia Musical Em Tales From Topographic Oceans

Reportagem de António Silva (fotografia) e Tânia Fernandes (texto)

Yes

Uma viagem no tempo, era o que os Yes prometiam a quem esteve esta terça-feira no Campo Pequeno, em Lisboa. Um concerto várias vezes adiado, que contou com um alinhamento de temas dos anos 70, a destacar Tales from Topographic Oceans.

Quase que poderíamos estar a falar de uma banda de covers. Ao longo dos anos, a formação da banda mudou várias vezes, mas a sua influência no cenário do rock progressivo é inegável.

Nenhum dos elementos atuais faz parte da formação original da banda Yes, criada em 1968. Ainda assim, contam com Steve Howe na guitarra e voz, que integra a banda desde 1970. Jon Davison é o vocalista dos Yes desde 2012; quase da mesma fase Geoff Downes, nas teclas; Billy Sherwood no baixo reintegrou os Yes em 2015, décadas antes havia assegurado guitarra e teclas. Jay Schellen assume o lugar do baterista Alan White, falecido em 2022.

Os Yes são uma banda lendária de rock progressivo reconhecida pelo seu som único e pela capacidade técnica dos seus músicos. Fundada em Londres, a banda é conhecida por composições complexas, letras poéticas e arranjos elaborados. Acompanha-os uma estética muito própria que se traduz no logotipo e capas de álbum consideradas verdadeiras obras de arte.

No acesso ao recinto, era possível admirar e adquirir obras de arte de Roger Dean.
O seu trabalho como designer de capas de álbuns não só definiu a estética visual da banda, como também se tornou sinónimo da própria identidade dos Yes. Desde o emblemático “Fragile” até ao elaborado “Tales from Topographic Oceans”, as ilustrações de Dean tornaram-se tão icónicas quanto a própria música da banda.

Roger Dean representa paisagens surreais, habitadas por estruturas arquitetónicas impossíveis e criaturas exóticas, que proporcionam o cenário perfeito para a música complexa e sonhadora dos Yes.

Assente em Tales from Topographic Oceans, esta digressão veio mostrar a capacidade da banda de criar músicas longas e elaboradas, repletas de mudanças de tempo, harmonias vocais intricadas e solos.

Às 20h30, as luzes da sala apagaram-se, e uma sensação de antecipação envolveu a multidão. Antes, alguém passava a mensagem de que a banda pedia moderação no uso do telemóvel, para que as pessoas pudessem “viver o concerto como nos velhos tempos”

O concerto começou com uma explosão de energia, com “Machine Messiah” a ecoar na sala durante dez minutos intensos. Seguiu-se “It Will Be a Good Day”, transportando a audiência para uma viagem transcendental através do tempo.

Há detalhes que não mudam e uma ventoinha estrategicamente colocada fazia esvoaçar os longos cabelos de Jon Davison.

Steve Howe foi o primeiro a saudar a cidade de Lisboa e partilhou uma história pessoal sobre a sua guitarra portuguesa, antes de se lançar a “Going for the One” e depois “I’ve Seen All Good People”. Seguiu-se “America”, a cover de Simon & Garfunkel.

Longe da sua lotação máxima, o Campo Pequeno refletia uma curiosa distribuição de pessoas na sala: a bancada estava claramente mais composta do que a plateia, ao contrário do que é habitual. Com uma agitação bastante controlada, o público demostrava uma subtil gratidão pelo momento. Nada de muito efusivo, mas claramente a admirar e a mostrar reverência por quem pisava o palco.

“Don’t Kill the Whale” trouxe consigo uma reflexão sobre a ecologia, recordando a importância dessas questões, que os Yes já traziam para os seus temas, há 50 anos.

Mais tarde, o vocalista dirigiu-se ao público com um sotaque brasileiro, adicionando uma dose extra de diversão e intimidade ao espetáculo. Seguiu-se um momento acústico, com apenas o vocalista e o guitarrista em palco. Os restantes músicos juntarem-se depois neste “Turn of the Century”.

Menos de uma hora depois do início do concerto, a banda agradeceu e saiu do palco, deixando a audiência ansiosa. Alguém veio esclarecer que se tratava de um intervalo de 20 minutos.

Os Yes regressaram com “South Side Of The Sky” e juntaram-lhe “Cut from the Stars”, do seu novo álbum Mirror in The Sky. Um medley, composto por vários temas, veio contar uma história envolvente que cativou o público até ao último acorde:” The Revealing Science of God (Dance of the Dawn)” / “The Remembering (High the Memory)” / “The Ancient (Giants Under the Sun)” / “Ritual (Nous sommes du soleil)”.

Para encore os grandes êxitos “Roundabout” e “Starship Trooper” provocaram aplausos prolongados e sorrisos radiantes nos rostos dos presentes. Os Yes continuam a ser uma referência para músicos e fãs de todo o mundo.

Artigo anteriorAh, Amália A Mostra Que Pretende Reviver A Diva Do Fado Através Da Tecnologia
Próximo artigoFinal Do Festival Termómetro 2024 Decorre A 11 De Maio No Capitólio

Leave a Reply