No segundo dia do festival NOS Alive, a faixa etária do público baixou. Os mais maduros vinha para Arctic Monkeys, que voltaram a dar um concerto memorável. Pela mão traziam os muito jovens que lotaram o palco Heineken para Girl In Red, a representação LGBT na cultura pop.
Arctic Monkeys
Com um alinhamento que abrangeu desde os primeiros sucessos até as mais recentes faixas do álbum The Car, lançado no final de 2022, a banda não deixou ninguém indiferente.
Temos acompanhado o crescimento dos Artic Monkeys, que têm vindo a Portugal com regularidade e são um dos grandes fenómenos de popularidade. Vieram apresentar AM em julho de 2014 , voltaram em julho de 2018 já com a popularidade já consolidada , e mais recentemente, em setembro de 2022 assistimos a um grande momento de “best off”, sempre a garantir recintos esgotados.
Desde os primeiros acordes de “Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair” até a energia contagiante de “Crying Lightning” e “Fluorescent Adolescent”, o público entregou-se por completo. Acompanhou cada palavra cantada por Alex Turner. O entusiasmo atravessava todo o recinto do Passeio Marítimo de Algés, com os fãs rendidos ao talento da banda britânica.
O palco foi inundado de fumo, no início do concerto, a vincar um ambiente de mistério à atuação, mas à medida que a noite avançou o São Pedro puxou a cortina do nevoeiro deixando os espetadores envolvidos numa bruma natural de encanto.
“Snap Out of It”, “Arabella” ou “Do I Wanna Know?” eram previsíveis e quase obrigatórias neste namoro com o público português.
“Lisbon, I wanna be yours” foram as primeiras palavras no início de um encore, cuja apresentação culminou com “I Bet You Look Good on the Dancefloor” e “R U Mine?”. Ficou uma sensação de satisfação e boa nostalgia no ar.
Lil Nax
A festa continuou em modo excêntrico no palco principal, depois já da 01h30 da manhã. O público aguardava a entrada do artista, enquanto o palco foi preparado com figuras insufláveis e monumentais. Criou um cenário tridimensional, desnivelado, que proporcionou um experiência visualmente apelativa.
Apesar da hora tardia e do cansaço que já se fazia sentir, o artista entregou-se de corpo e alma à atuação, e proporcionando um espetáculo intenso. Abriu com “MONTERO (Call Me by Your Name)”, uma alusão ao seu verdadeiro nome Montero Lamar Hill.
A sensualidade foi um dos pontos fortes do concerto de Lil Nas X. Apresentou uma coreografia composta de movimentos suaves e provocadores, interpretados com uma confiança inabalável. Conquistou o público de imediato.
A excentricidade do cantor refletiu-se nas roupas ousadas e extravagantes Lil Nas X desafiou as convenções e mostrou ao mundo que a arte e a expressão pessoal podem ser autênticas. Apresentou-se de cabeleira loira comprida, calças brancas com pelo do joelho para baixo e um corpete rígido dourado sobre o tronco nu.
No final do segundo tema admitiu, de forma espontânea, que tinha rasgado as calças à frente “Não foi de propósito!”.
Atua acompanhado de um corpo de bailarinos e acrobatas que dão dinâmica a uma atuação sem banda de apoio, em palco.
Em “Old Town Road”, Lil Nas X surge montado num gigante cavalo branco brilhante. Além deste, ao longo da atuação, o artista introduziu em palco outros animais místicos, oriundos de uma dimensão muito pessoal, como uma cobra gigante e um minotauro. “Old Town Road” fez transição com o tema popularizado na banda sonora de Pulp Fiction, com o público em êxtase e continuou para “Pony” e “Rodeo”.
Para a despedida, pegou em “Beat”, de Michael Jackson, que fez a ponte para “Industry Baby”. Terminou em ambiente de festa, com todos os bailarinos envolvidos.
Girl in Red
O fenómeno da tarde foi Girl in Red, o projeto de Marie Ulven Ringheim, uma cantora e compositora indie pop norueguesa.
Girl in Red é um exemplo de popularidade no indie rock. Com uma honestidade sem filtros conquistou o público através do TikTok e ficou conhecida entre a comunidade LGBTQI+.
Girl in Red canta sobre relações lésbicas que Marie, teve na sua vida. É um estilo carregado de representatividade, e Marie tornou-se uma referência para as raparigas que se sentem atraídas por pessoas do mesmo gênero.
O NOS Alive foi a porta de entrada para o fenómeno em Portugal e Marie tratou de garantir que seria inesquecível. Abriu com “You Stupid Bitch” e apesar de termos ficado fora da tenda, completamente lotada, sem conseguir aceder ao interior, à nossa volta todas a raparigas cantavam a letra com emoção.
Seguiu-se “Body and Mind” e depois a pergunta que toda a gente queria ouvir “Quem aqui gosta de raparigas?”. Estava dado o mote para “Girls”.
Durante “Midnight Love”, Marie recebeu um urso de peluche de um fã, e uma bandeira LGBTI+, no qual se envolveu, simbolizando o apoio e a união do público.
No final do concerto, durante a música “I Wanna Be Your Girlfriend”, deixou o público a cantar o refrão e deitou-se sobre as mãos no ar, em modo de crowdsurfing. Pediu para que todos guardassem os telemóveis e lhe dessem apoio. Conseguiu atravessar todo o recinto em segurança até à regie com uma grande ovação no final.
Jorge Palma
Entre tantos nomes internacionais o público encontra tempo para acarinhar “os seus”. Foi o que aconteceu, pelas 21h45. Uma plateia muito composta para ver, ouvir e cantar com Jorge Palma.
Idles
Enquanto isso, do outro lado do recinto, Idles a banda de punk rock britânica, como é habitual, veio surpreender e largar toda a sua energia em palco.
Combinam elementos do punk rock clássico, pós-punk e noise rock para criar um som corrosivo. Foi um alinhamento composto de músicas rápidas, cheias de energia e carregadas de emoção.
A participação do público nos seus concertos é encorajada. E a entrada dos músicos no meio do público em modo de crowdsurf muito frequente e aplaudida.
Trazem uma sonoridade que soa como um escape e uma forma de expressar frustrações libertadora. Traduzem, de forma mais crua, a raiva e frustração em relação ao mundo em que vivemos.
City and Colour
Um pequeno problema no som atrapalhou o arranque do concerto do City and Colours, mas a boa disposição não atrapalhou a performance.
O projeto de indie folk é liderado por Dallas Green, natural de Ontário, no Canadá. Green, também é co-fundador da banda de post-hardcore Alexisonfire.
The Love Still Held Me Near é o mais recente álbum, lançado em março deste ano, do qual se destaca o tema “Underground”, que não faltou neste alinhamento.
Linda Martini
A banda portuguesa Linda Martini abriu o palco principal, neste segundo dia de NOS Alive.
André Henriques (voz e guitarra), Cláudia Guerreiro (baixo), Hélio Morais (bateria) e Rui Carvalho (guitarra) colocam-se em semi-círculo no palco, em frente ao público e é como se estivessem a partilhar uma jam com os seus amigos.
A tarde começou assim, cheia de energia, com o loop mágico de “Eu Nem Vi”.
Sylvan Esso
O Passeio Marítimo de Algés recebe este sábado, o terceiro e último dia de festival, com Sam Smith, Queens of the Stone Age e Machine Gun Kelly.
Atuam também Lucy Val, Storm Mollison, Joa Vitor + André Pinheiro, Bela Ensemble, Manuel Rosa, Carolina Deslandes & Bárbara Tinoco, King Princess, Third Son, Bela Ensemble, João Maria, Tiago Almeida, Krystal Klear, Angel Olsen, Luis Trigacheiro, Manuel Cardoso, Kelly Lee Owens, Tash Sultana, Tochas e Telmo, Yen Sung, Sam Smith, Boys Noize, Rina Sawayama, Luís Franco-Bastos, Jesus Quisto, Rufus Du Sol, Branko, Taahliah, Omah Lay, Maelstrom & Louisahhh.
Recorde o primeiro dia de NOS Alive 2023:
Fotografias Arctic Monkeys e Lil Nas X de Alrindo Camanho – NOS Alive 2023