A Liberdade Lasciva De Sam Smith E A Fusão Musical De Tash Sultana No Encerramento Do NOS Alive 2023

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Tash Sultana
Tash Sultana no NOS Alive 2023

A desinibição de Sam Smith, a grandeza musical de Tash Sultana e a estreia de Machine Gun Kelly encerraram a 15ª edição do NOS Alive.
O festival regressa ao Passeio Marítimo de Algés nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2024.

Foi a um ambiente de cabaret gay que Sam Smith nos conduziu ao longo de todo o seu concerto, num crescendo de intensidade. Longe da figura tímida a que assistimos em 2018, Sam Smith está a partilhar a sua revolução sexual com os fãs.

Sam Smith, conhecido pelo seu talento vocal, apresentou um espetáculo com grande produção visual. Uma gigante estátua dourada de um corpo voluptuoso repousa no centro do palco. Todo a performance do cantor decorre à volta deste elemento. Há músicos aninhados nos seus recantos e bailarinos que espreitam das curvas. Sam Smith é a estrela que dá o tom a uma sequência de atos em que surge espalhafatoso, com um guarda roupa elaborado e, regra-geral, propositadamente exagerado.

NOS Alive 2023
Sam Smith no NOS Alive 2023

Abriu com uma sequência de temas antigos e bem conhecidos: Stay With Me”, “I’m Not the Only One” e “Like I Can” e cativou a audiência desde o início.
Muito comunicativo, foi falando com o público ao longo da noite e percebemos que enfrentou algumas dificuldades com cancelamentos de voos, para estar e Lisboa esta noite. Acrescenta ainda que esta é a terceira vez que apresenta este espetáculo e que é sobre Liberdade.

Vai simultaneamente divertindo e encantando o público, à medida que solta temas e aparece com um novo visual. “Lay Me Down”, “Love Goes” e “Gimme” estão ainda na fase das baladas, antes de passarmos à pista de dança com “Promises” e “Latch”.
O destaque deste concerto foi a passagem para o cabaret gay, quando depois de surgir com uma camisola da seleção portuguesa, a despe, em movimentos sensuais, ao som de “I Feel Love” (a cover do tema de Donna Summer). Sam Smith envolveu o público numa atmosfera de festa e celebração da liberdade, onde explorou temas de amor e sexualidade e exuberância.

O público acabou por ver, se calhar, mais do que queria, ninguém ficou indiferente a esta reta final do concerto de Sam Smith, com Gloria (em que surge sob um véu, com cuma coroa em cima) e depois toda a exploração do profano em “Unholy”. Já sem o cantor em palco, o publico, ainda atordoado, digeriu o que acabou de ver com “Vulgar”.

Tash Sultana

Antes, o palco Heineken lotou para ver a atuação de Tash Sultana. A artista australiana multi-instrumentista, ao vivo, é uma experiência única. Durante a primeira parte do concerto esteve sozinha em palco. Com recurso à loop station Tash vai adicionando sucessivas camadas de diferentes instrumentos aos temas que apresenta. E fá-lo como se fosse uma criança, no seu universo de brinquedos. Saltita entre os instrumentos, com um sorriso rasgado e uma energia vibrante que conquista o público.
Ela consegue loops perfeitos e a música que cria é uma fusão de jazz, world music, dance, por vezes rock e até reggae. Não se encaixa num estilo único e o público deixa-se contagiar. Podia ser só uma cantora, mas a verdade é que é excecional na guitarra elétrica, exímia na percussão, domina o saxofone e passou ainda pelo trompete. Até a sua voz, é usada para acrescentar novas sonoridades a este comboio interminável de ritmos.
Foi mais uma artista que teve um crescimento notável.

Queens of the Stone Age, os norte-americanos liderados por Josh Homme celebraram o rock, e tiveram entrega total do público. Ao Passeio Marítimo de Algés trouxeram “No One Knows”, “I Sat by the Ocean”, “Little Sister”, assim como temas do álbum In Times New Roman…, lançado recentemente (“Carnavoyeur” e “Emotion Sickness”).

Machine Gun Kelly
Machine Gun Kelly no NOS Alive 2023

Antes o público teve a oportunidade de assistir à estreia do rapper Machine Gun Kelly (MGK) em território nacional. Com uma presença de palco intensa e interações constantes com o público, o cantor abriu com “papercuts”,
“El Diablo” e “maybe”. MGK é rapper, cantor, compositor e ator. Destaca-se na cena musical contemporânea por misturar estilos musicais diferentes, tal como o fez no NOS Alive. Vai do pop-punk (“concert for aliens”) ao rock, e tem grande à vontade no rap (“floor 13”).
Partilhou reflexões e confissões e mostrou-se encantado com o público português. Despediu-se com “my ex’s best friend” e ficou aquela vontade de ver um concerto em nome próprio.

Angel Olsen

Dona de uma voz distinta e cativante, a cantora e compositora norte-americana Angel Olsen, passou um pouco despercebida neste NOS Alive. O som demasiado estridente do palco Heineken distorcia o que de mais belo a cantora tem para dar. No ecrã, as imagens bucólicas, de tranquilidade, davam-nos conta de uma realidade muito longe do ambiente demasiado festivo que se vivia no recinto, àquela hora. Ainda assim, houve quem se deixasse ficar a apreciar a melancolia das suas melodias.

King Princess

No palco Heineken, o público mostrou também entusiasmo com a estreia de King Princess em Portugal. Com uma mistura única de pop, indie e elementos do rock, a cantora norte-americana cativou o público com músicas como “Talia” e “1950”. Além de seu sucesso musical, King Princess também é conhecida por ser uma defensora dos direitos LGBTQ+ e usa sua plataforma para promover a aceitação e a igualdade. Uma autenticidade, comum em muitos dos artistas que marcaram presença nesta edição do NOS Alive.

Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes.

A tarde começou em português com duas das mais conhecidas cantoras da atualidade: Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes. Num cenário de sonho, cor-de-rosa, trocaram elogios e partilharam versões conjuntas de temas seus, como “Linha de Sintra”, “Coisas no Silêncio” ou “Precipícios” com que fecharam.

Rina Sawayama

 

Com o encerramento do terceiro dia do NOS Alive, chegou ao fim mais uma edição deste renomado festival. O público presente desfrutou de uma variedade de géneros musicais e performances marcantes, deixando a expectativa para a próxima edição, que ocorrerá nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2024, no Passeio Marítimo de Algés.

Recorde os dias anteriores de NOS Alive 2023:

 

Fotografia Sam Smith de Alrindo Camanho – NOS Alive 2023

Artigo anteriorArctic Monkeys E Girl In Red Arrasam No Segundo Dia Do NOS Alive: Um Encontro De Gerações
Próximo artigoDepeche Mode Regressam A Portugal Em Março De 2024

Leave a Reply