NOS Alive – Red Hot Chili Peppers Na Doçura Dos Sessenta

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Red Hot Chili Peppers no NOS Alive 23

O rock tomou conta do primeiro dia de festival NOS Alive2023. Esta foi a primeira data do cartaz a esgotar e o motivo era visivel ao entrar no recinto e somar o número de t-shirts: Red Hot Chili Peppers. Antes, e também do outro lado do Atlântico, entrou rock enérgico e cru dos The Black Keys.

Às 23h30 a concentração fazia-se frente ao palco principal. Atuavam os Red Hot Chili Peppers, banda de rock alternativo formada em 1983, em Los Angeles, Califórnia. São conhecidos pela fusão de estilos musicais, que combina rock, funk, punk e elementos de rap. Ao longo dos anos, os Red Hot Chili Peppers conquistaram grande sucesso e vieram a Portugal “agitar” recintos várias vezes. Quem assistiu ao concerto em julho de 2017, questionou a mudança evidente. Impacto dos “doce sessenta”?

O som esteve com uma definição extraordinária, do melhor que já ouvimos no recinto, a voz de Anthony Kiedis irrepreensível e com momentos de nos fazer viajar ao passado. Mas o ritmo abrandou. Com a perna imobilizada, em resultado de uma lesão que se prolonga há já algum tempo, Anthony Kiedis fixou a posição junto ao microfone e pouco se movimentou. As maratonas de uma ponta à outra do palco ficaram registadas na memória e provavelmente não voltaremos a poder ver “esses” Red Hot Chilli Pepers.

O que temos agora é uma banda com dois novos álbuns Unlimited Love e Return of The Dream Canteen cujos temas a grande maioria do público não reconhece com tanta facilidade. São os antigos, que todos querem ouvir e a escolha foi dosear a apresentação de novas músicas com os que os fãs queriam verdadeiramente ouvir. O resultado foi um concerto assim aos altos e baixos, em que a adesão do público se fez logo de início com “Cant’ Stop” e “Dani California”, para quase apetecer fazer um intervalo um ir beber mais um copo em “Aquatic Mouth Dance”.

Meia volta porque “Suck My Kiss” veio com a violência original e pôs toda a gente a gritar palavras fortes para o ar. Se antes essa energia seguia em crescendo, agora é quebrada, de forma melódica, demonstrações exímias dos talentosos músicos em palco: o regresso do guitarrista John Frusciante, o baixista Flea e o baterista Chad Smith.

Red Hot Chili Peppers no NOS Alive 2023

Flea é considerado um dos melhores baixistas da história do rock e muito acarinhado pelo público. É conhecido pela sua técnica de slap, que cria um som pulsante. Acresce uma energia contagiante. Com linhas de baixo complexas e cheias de groove dá identidade aos temas dos Red Hot Chili Peppers.

Ao contrario de Anthony Kiedis, continua a ser um elemento empolgante nos concertos: salta, rodopia e move-se de forma inesperada, enquanto toca baixo.

Foi o único a trocar impressões com o público, nomeadamente quando quis partilhar a visão maravilhosa que tinha pela frente, com a lua cheia no céu.

“By the way” teve um arranque em falso, que deixou o público a entoar o refrão, prova de que estava bem estudada esta lição! Fecharam com dois gigantes: “Under the Bridge” e
“Give It Away” e umas palavras emotivas de Anthony Kiedis “No matter what happens, we spent this night together”.

The Black Keys

The Black Keys no NOS Alive 2023

É uma banda de blues e indie-rock americana formada por Dan Auerbach (voz e guitarra) e Patrick Carney (bateria). São são conhecidos por seu som enérgico e cru, que combina elementos do blues, rock clássico e garage rock. Conquistaram público com a sua abordagem minimalista.

NOS Alive
NOS Alive 2023

Auerbach e Carney conseguem criar uma parede de som interessante, com apenas dois instrumentos e os fãs, estiveram lá para os receber com grande entusiasmo.
“Howlin’ for You”, “Gold on the Ceiling” ou “Wild Child”, que ouvimos já na segunda metade do concerto, são aqueles temas distintamente vintage, mas que, ao mesmo tempo incorporam uma atitude moderna. Para o final, o melhor dos clássicos “Lonely Boy”.

Puscifer

Antes, assistimos à apresentação de Puscifer, a banda de rock alternativo liderada por Maynard James Keenan, conhecido também por ser o vocalista de Tool e A Perfect Circle. Fundada em 1995, a banda tem uma abordagem musical única, que combina diferentes estilos de rock à eletrónica.

Entraram com uma provocatória “Fake Affront”, rodeados de símbolos esotéricos e a imagem criativa que os caracteriza. Na primeira oportunidade esclareceram que não eram uma agencia governamental à procura de vida do espaço, vieram só tocar músicas de rock.
Foi uma espécie de viagem a Marte divertida e descontraída capaz de criar uma atmosfera única e imprevisível. Para quem não conhecia o projeto, foi um concerto, no mínimo, intrigante!

Jacob Collier

Do outro lado do recinto, assistimos à entrada triunfal em palco de Jacob Collier, recebido com grande entusiasmo pelo público. É considerado como um dos músicos mais inovadores da sua geração, pela capacidade excecional com que lida com a musica.

E prova disso foi como, logo na abertura do concerto, abriu um tema ao piano, que largou para continuar a pandeireta e passar pela percussão, antes de voltar ao piano. Com uma grande amplitude vocal, cria harmonias únicas interessantes e pôs toda a gente a dançar no palco Heineken.

Men I Trust

Emma Proulx (voz e baixo), Jessy Caron (guitarra) e Dragos Chiriac (teclas) formam os Men I Trust. É uma banda de indie pop formada em Montreal, no Canadá, em 2014.
Foi um dos mais interessantes encontros, neste festival, com uma sonoridade que combina dream pop, indie rock e música eletrónica.

The Driver Era

O palco principal abriu com The Driver Era, a banda de pop rock formada pelos irmãos Ross e Rocky Lynch. Esta dupla ganhou popularidade com um estilo que combina elementos do rock clássico com uma vibe pop moderna. “Afterglow” era a mais esperada, num alinhamento que contou também com “Malibu”, e fechou com “A Kiss”.

Spoon

O NOS Alive volta a abrir portas esta sexta-feira. Atuam Linda Martini, Idles, Lizzo, Arctic Monkeys, Lil Nas X, The Amazons, City And Colour, Girl In Red, Jorge Palma, Sylvan Esso, Morad, Bashment, Papillon, Yendry, Lhast, Neyna, Xtinto, Sleepytheprince, DJ Stá, Trafulha, Helena Guedes, João Borsch, Rita Onofre, Juana na Rap, O Samba é só 1, Miramar, Zé Maria, Carlos, Coutinho Vilhena, Hugo Sousa, Terapia de Casal, Mónica Vale de Gato, Joana Caldeira + Dagu, André Ferreira, Catxibi; Xpto, Road 31.
Os bilhetes já se encontram esgotados.

Fotografias Red Hot Chilli Pepers e The Black Keys de Alrindo Camanho – NOS Alive 2023

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