O projecto da autoria do gabinete do arquitecto João Carrilho da Graça vai funcionar em articulação com o museu arqueológico do Castelo de S. Jorge, onde estão expostas as peças retiradas desta escavação, chefiada pela arqueóloga Lucinda Lopes.
A zona arqueológica da Praça Nova do Castelo apresenta três áreas distintas, distribuídas por 300 m2, representativas de três épocas temporais distintas. A primeira integra os vestígios pré-históricos, da Idade do Ferro (século VII a.C a III a.C.), e que estão “encarceradas numa caixa” de ferro, apenas com uma abertura em toda a volta para permitir a observação aos visitantes e ao mesmo tempo preservar os achados.
A segunda área é composta por duas casas brancas do período islâmico (séculos XI a XII), onde se tentou reconstruir espacialmente as casas islâmicas, com áreas delimitadas, como a cozinha, sala – onde se destacam uns frescos raros e que podem ser admirados pelos visitantes, alcovas, despensas com vestígios de potes de conserva e pátios interiores com flores, a representar as antigas hortas de ervas aromáticas. Na área circundante, vestígios de ruas do mesmo período podem ser observados.
A terceira área é dos vestígios do Palácio dos Condes de Santiago, que abrange o período entre os séculos XV e XVIII e construído sobre o Paço dos Bispos (datado do século XII a XV), e onde se podem ver vestígios de um pavimento do século XV através de um jogo de espelhos, colocado no tecto de uma estrutura pensada para proteger os vestígios, mas ao mesmo tempo permitir a sua observação.
Toda a área da escavação está delimitada por uma cerca de ferro, que permite fazer o efeito de varanda e ao mesmo tempo proteger esta Lisboa de outros tempos.
Este novo espaço museológico vai dispor de um serviço educativo próprio, que vai organizar visitas guiadas generalistas, ou temáticas, realizadas pela arqueóloga e também outras actividades pensadas para a dinamização do espaço.
A estação arqueológica fica dentro do Castelo São Jorge, e está inserida no circuito normal de visita do monumento, que pode ser visitado todos os dias, de 1 de Novembro a 28 de Fevereiro das 9h00 às 18h00 e de 1 de Março a 31 de Outubro das 9h00 às 21h00, 5 euros o bilhete único, que inclui o museu, a estação arqueológica, a galeria, o castelo, o miradouro, o jardim e o periscópio – Torre de Ulisses.
“Esta obra foi a última do processo de musealização do Castelo de S. Jorge”, disse ao C&H Miguel Honrado presidente da EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural), “agora é preciso é mantê-lo, dinamizá-lo e vivê-lo” – concluiu o responsável.
Para tal estão previstas várias iniciativas integradas na programação do Castelo de São Jorge, visitas temáticas, espectáculos e outras iniciativas que se enquadrem com a temática e com o espaço.
Por Elsa Furtado Fotos Gabinete Arquitecto João Carrilho da Graça