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Sudoeste TMN: primeiros dias reflectem espírito único do festival

O Festival Sudoeste TMN é um festival de espírito próprio, quem aqui vem, não o faz só pela música, mas também pelo ambiente, convívio e por toda uma envolvência, como a proximidade da praia e o campismo, características que estiveram em evidência durante os 5 dias do festival.

A 14ª edição do Sudoeste TMN arrancou logo na quarta-feira, dia 4, com a noite da recepção ao campista, embora muitos deles já estivessem acampados desde sábado. Nesta primeira noite, a animação esteve a cargo dos djs Nuno Reis, Zé Pedro, Dr Ramos, 2Many Djs – que proporcionaram o ponto alto da noite e a fechar as actuações, já bem depois das 3h00, o DJ Zé Miguel Nora.

Na quinta-feira, o 1º dia de festival começou a horas diferentes do dia, consoante o local onde os festivaleiros se encontravam. No campismo, o sol quente da manhã não deixou descansar muita gente depois das 10h00/11h00 da manhã. Um mergulho nas águas do canal, perto do campismo, ou uma ida à praia numa das carrinhas shuttles disponibilizadas pela organização eram das alternativas mais apetecíveis, ao fim ao cabo estamos em plena Costa Alentejana e a água e a areia são uma autêntica tentação.

Durante o dia, o “povo” do sudoeste foi chegando, de carro, autocarro, e até de autocaravana, e foi enchendo o parque de campismo, o parque Zmar, a área reservada ao Car Camping e o estacionamento.

Neste primeiro dia, a noite começou pelas 20h00, com o concerto de Maria Gadú no Palco TMN, a brasileira, acompanhada de cinco músicos, trouxe até ao Alentejo temas como “Shimbalaiê, exemplo de uma nova sonoridade da música brasileira, que agradou a quem assistia.

Minutos depois das 20h00, era a vez de Marcio Local subir ao Palco Planeta Sudoeste Jogos Santa Casa, depois dele actuaram ainda os Rye Rye e os The Very Best, antes da transformação do palco dedicado a bandas menos conhecidas e mais ligadas à world music virar Groovebox – o espaço da electrónica, que esteve sempre cheio e a “bombar”, até de madrugada.

Nesta primeira noite, os djs de serviço foram Kruder & Dorfmeister Live, Social Disco Club, Hot Natured e Rui Vargas & André Cascais, que animaram as hostes quase até às 6h00 da manhã.

O palco Sapo Positive Vibes foi dos mais animados, com o público a vibrar e a dançar ao som da música reggae de Richie Campbell, Tarrus Riley, Israel Vibration e Lyre Le Temps. Das 20h45 até cerca das 4h00 da manhã.

No palco TMN passaram ainda os Bomba Estereo, com a vocalista Liliana Saumet, a tentar animar a “malta”, mas só algum público respondeu ao desafio e muito timidamente foi dançando ao som da cumbia, música tradicional colombiana, e electrónica, como Liliana repetia: “Isto chama-se cumbia, cumbia psicadélica”, saltando de um lado para o outro do palco, frente às projecções de cores garridas que iluminavam o palco.

Pouco passava das 22h30 e era a vez de uma das bandas mais esperadas da noite, os “The Flaming Lips” subirem ao palco. Por esta hora, o recinto já estava mais composto (30 000 pessoas foram os números oficiais da organização para este primeiro dia), e o público foi se aproximando, ao som do rock da banda americana, que proporcionou um grande espectáculo musical e visual, com os elementos da banda a desceram do ecrã montado no palco um a um, e Wayne Coyne a aparecer dentro de uma enorme bola insuflável transparente, num momento bastante invulgar de “crowd surfing”.

Uma chuva de confettis, serpentinas, fumo e balões gigantes dava por aberta a festa, com Wayne Coyne de megafone na mão, pronto a esgrimir o seu rock de arranjos psicadélicos.

Para tentar puxar pelo público, Coyne repetiu vezes sem conta: “Come on motherfuckers”, mas não obteve resultados dignos do esforço, apesar da sua performance em palco sem, sem dúvida, memorável, cantando sentado, deitado, ajoelhado ou às cavalitas de um urso.

Um dos momentos em que os festivaleiros responderam melhor foi quando Coyne interpelou directamente os presentes, num jogo musical onde quem estava do lado de lá do palco tinha que fazer os sons das “coisas” enunciadas pelo vocalista. “Só para o caso de estarem demasiado bêbados ou pedrados e já não perceberem inglês, o Kliph [Scurlock, baterista] vai ajudar-nos e fazer o som apropriado”.

Depois de um grande espectáculo (mesmo com fraca reacção por parte do público presente), foi a vez de M.I.A. – nome pelo qual Maya Arulpragasam se apresenta em palco – tentar arrancar o público de uma certa indiferença que dominava até então e se assim tentou, assim o conseguiu. A cantora britânica, nascida no Sri Lanka, trouxe a sua guerrilha musical para a Herdade da Casa Branca, com uma MC pujante, DJ e um “coro” de burka, no tom de provocação/contestação que lhe é característico.

Se em cima do palco M.I.A dividia atenções com a enérgica MC, quando se aproximava do público todos os olhares e gestos eram dirigidos a Maya Arulpragasam, que se jogou várias vezes para a multidão dançante, cantando no meio dela. “Façam barulho” foi um dos pedidos mais ouvidos durante o concerto, ao qual o público respondeu.

M.I.A percorreu canções dos seus três discos, com destaque para “Galang”, do primeiríssimo Arular, de 2005, ou “Born Free”, single retirado do seu recentemente editado Maya, que gerou muita polémica graças ao teledisco. Polémicas à parte, a música que o público português melhor conhece continua a ser “Paper planes”, entoada com mais afinco antes de “Born Free” fechar o concerto. Em palco, várias raparigas do público fizeram a festa no feminino com M.I.A. no momento da despedida, naquele que foi um dos melhores concertos do dia 1.

Já com um recinto cheio e muito animado, os britânicos Groove Armada encerraram a primeira noite de concertos do palco TMN já passava das 4h00, que com a voz de Saint Saviour, puseram o público a dançar com Black Light,, disco editado este ano. Temas como “Paper romance” ou “I won’t kneel”, e “My friend” e “Superstylin”, desfilaram por aqui, noutro dos grandes momentos da noite.

Este primeiro dia acabou tarde, mas deu para perceber que aqui, as coisas acontecem a um ritmo diferente dos outros festivais, fazendo jus ao mote: “Vens ver ou vens Viver”.

Texto de Elsa Furtado e Cristina Alves
Fotos de Francisco Lourenço, Telmo Jorge e Elsa Furtado

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