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Vila Joya, Jantar num dos Melhores Restaurantes do Mundo

vReportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Ao pisar a varanda mais estrelada da praia da Galé e antes mesmo de pegar nos talheres, concordámos com a parte final da recomendação do conceituado guia Michelin: “vale um desvio”. A vista do restaurante Vila Joya, sobre a falésia e frente ao mar, é sem dúvida especial. Merece que se chegue a tempo de ver o pôr-do-sol e preparar para o que traz aqui amantes de gastronomia de todo o mundo: a “excelente cozinha”.

Dieter Koschina é o chef responsável pela ementa do Vila Joya, auxiliado pelo italiano Matteo Ferrantino. Um dos grandes desafios da casa é a mudança diária de menu, uma vez que o restaurante se encontra integrado numa unidade hoteleira, e responde, em primeiro lugar às necessidades dos hóspedes que procuram neste ambiente selecionado uma cozinha excecional que complemente a estadia.

E o que é que se pode encontrar num restaurante que acaba de passar para o 22º lugar dos 50 melhores do mundo, de acordo com a Restaurant Magazine? Qualidade, mas também muita criatividade. Uma espécie de bilhete para a monta-russa dos paladares, em que todos os sentidos são estimulados, num ambiente elegante, com um serviço eficiente e afável. Sem tempo contado, esta é uma refeição para ir descobrindo, sempre em estreita ligação com os vinhos que vão sendo apresentados e que, na maioria das vezes, potenciam o sabor do prato.

É apresentada uma ementa simples à chegada, composta por seis pratos, dos quais ficamos a conhecer apenas os principais ingredientes. Mas esta é apenas uma parte da refeição, uma vez que o chefe tem sempre umas surpresas na manga que vai fazendo chegar à mesa, numa coreografia interminável de sabores. A seleção de vinhos é variada e, no dia em que visitámos o espaço, foi exclusivamente nacional. Mas nem sempre é assim, explicam-nos. “Apresentamos um pouco de tudo, desde vinhos franceses, italianos ou do resto do mundo. Temos o privilégio de trabalhar com esta cozinha fantástica e é muito importante conseguir não só acompanhar os pratos, como estar à altura das expectativas dos nossos clientes” explica-nos o escanção.

O primeiro copo a chegar à mesa é um fresquíssimo Três Bagos Sauvignon Blanc da Lavradores de Feitoria, de 2013. Muito semelhante ao vinho neozelandês, é bastante frutado e excelente como aperitivo. Começa também o bailado de empregados, que de forma sincronizada trazem e retiram os pratos da mesa. O primeiro “prato” faz lembrar um tabuleiro de abalone. Nele poisam dois pralinés, um de fígado de ganso com geleia de beterraba e outro com cocktail de maça e rábano picante. Segue-se uma combinação de iguarias de sabor intenso, apresentadas em suportes extraordinários. Amendoim, pistáchio, tártaro de salmão e folha de iogurte combinam-se de forma bastante criativa e cuidada. As mãos continuam a ser os instrumentos com que degustamos esta série de aperitivos, fazendo desaparecer, rapidamente as batatas frita de arroz com creme de enguia, espeto de chá príncipe com filete de enguia e ameixa envolvido em bacon, entre outros.

Preparamo-nos então para o primeiro prato, uma entrada ao estilo da cozinha thay composta por carpaccio de lagostim com vinaigrette de papaia e chili. Ficamos a saborear a espuma de frutos tropicais, atenuadora deste picante que espreita enquanto apreciamos o ambiente. As mesas preenchem-se de casais, adivinha-se uma lua de mel, e algumas celebrações mais douradas.

Soalheiro é o verde Alvarinho, muito fresco, servido para acompanhar a vieira em creme de pepino.
Se por esta altura estávamos embalados pelo piano, tocado ao vivo, somos sacudidos, gastronomicamente, com a chegada do prato de tamboril em caldo de sépia. É um sabor intenso com um molho muito forte, que faz um casamento perfeito com o Sobral Santar, com que é servido. Um vinho do Dão com forte toque de madeira.
Pescada, griséus (como são conhecidas as ervilhas no Algarve) e truta compões o prato seguinte. E há nova evolução de vinho, para o acompanhar é sugerido o Campolargo Arinto Barrica, vinho da Bairrada, com um toque fumado para sustentar esta prato de mar e verde.

O pato mieral, com fígado salteado é servido com um tinto da Quinta do Vesúvio, de 2008. Proveniente de um dos espaços da família Symington, no Douro, este é um vinho fragrante e perfumado, com sugestões de frutos silvestres, a ligar na perfeição com o prato servido.

Ao chegar à sobremesa, é como se o nosso veículo fizesse um looping: gelado , frutos vermelhos e o kefir a impor-se no paladar. Acompanha um espumante rose.
Um sobert de chá verde com morango e um gelado de frutos vermelhos fazem a limpeza do palato, para chegar aos doces: cheesecake, caramelos e trufas. Um moscatel de uva acompanha esta parte final da sobremesa.

A noite vai longa e as mesas começam a esvaziar. Os empregados são incansáveis nas explicações que os clientes pedem. A estranheza da boca a determinados sabores, suscita dúvidas e numa noite em que a carta se fez de vinhos portugueses, quase se pode elaborar um roteiro turístico do país.
O restaurante do Vila Joya é o sítio certo para aquela comemoração especial, que merece toda a atenção.

 

 

O restaurante Vila Joya localiza-se na Galé, no Algarve e começa a servir refeições, diariamente, ao almoço, entre as 13h00 e as 14h00 e ao jantar entre as 19h30 e as 21h00.

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