O Centro Cultural de Belém apresenta no Pequeno Auditório, de 17 a 19 de março, a obra Casanova Em Lisboa, a partir de Cartas de Casanova Lisboa 1757, de António Mega Ferreira.
Passados dois anos após o terremoto de 1755, Casanova visita Lisboa. Atraído pelas descrições da catástrofe que colocou a capital portuguesa nas bocas do mundo, e por uma missão diplomática secreta, Casanova descobre uma capital ainda em ruínas e cujos habitantes parecem acomodados às adversidades causadas pelo terremoto. Surpreendido pela demora das obras de reconstrução e pelo contraste das tendas faustosas da corte montadas em Belém, perto da Real Barraca de D. José I na Ajuda, Casanova escreve várias cartas a amigos, amantes e familiares. Nessas cartas descreve o cenário terrífico que os residentes de Lisboa enfrentam, assim como as idiossincrasias de um povo e de uma burguesia em ascensão. E inevitavelmente, descreve também as suas façanhas políticas que o levam a conhecer Sebastião de Carvalho (futuro Marquês de Pombal) e as suas aventuras amorosas, onde até chega a tocar violino no Convento de Odivelas.
Com encenação de Carla Bolito, música da Orquestra Metropolitana de Lisboa conduzida pelo maestro Marcos Magalhães; direção musical e cravo de Marcos Magalhães, a produção vai contar ainda com os atores André Gomes e Marcello Urgeghe, que conduzem a narrativa da incursão de Casanova à capital portuguesa; e a soprano Ana Quintans, que interpreta as várias personagens femininas cujas vidas ficaram destroçadas pelo terramoto de 1755.
Quando li o romance epistolar Cartas de Casanova Lisboa 1757, de António Mega Ferreira, imaginei logo a sua adaptação para o palco. O retrato de uma Lisboa destruída cujas obras de reconstrução se encontram paradas sem um princípio, ou fim, à vista, é um cenário bastante recorrente nesta cidade.
O aumento em grande escala do turismo, a gentrificação e a especulação imobiliária, são fenómenos que também passaram a fazer parte do cenário desta cidade que já não tem casas, novas ou velhas, para os seus residentes. A associação do nome próprio da personagem principal do romance de Mega Ferreira ao problema da habitação em Lisboa, tornou-se inevitável. Além disso, sou uma fervorosa praticante do humor literal e das missões teatrais impossíveis.
Como adaptar a escrita caleidoscópica de Mega Ferreira para o palco?
Comecei por pensar na música.
O dispositivo do romance assenta em seis cartas que Casanova escreve à família, amigos e amantes. Cada uma das cartas seria associada a uma música, a um compositor ou compositora.
Dediquei-me então a ouvir música do século XVIII do período do barroco tardio, de acordo com a época retratada no romance. A música tem um poder impressionante de me pôr no encalço de uma sensação parecida com a caça, não a de animais, mas de algo parecido com a luz que faz tremer uma folha da paisagem e que nesse momento me indica que o caminho é por ali. Ao decidir quais as músicas que iam habitar nesta «Casa Nova», a tarefa árdua da condensação do texto tornou-se mais fluída. A pouco e pouco, começou a construção de Casanova em Lisboa.
Carla Bolito
Este espectáculo-concerto é dedicado a António Mega Ferreira e é uma coprodução do Centro Cultural de Belém e da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
As sessões vão decorrer no dia 17 março, às 21h00; 18 de março às 19h00 e 19 de março às 16h00. Os bilhetes custam entre 12 euros a 15 euros e podem ser adquiridos online e no local.
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