Sol Da Caparica Despediu-se Com Lengalengas E Cantigas Tradicionais

Reportagem de Elsa Furtado (Texto e Fotos)

Foi a seguir o som dos risos e dos choros das crianças que se fez a entrada no recinto do Sol da Caparica, no domingo passado, para o último dia do festival e que é descrito como o Dia das Famílias, num festival que é ele todo um festival familiar.

Com um programa que prometia, muita alegria e animação, o cartaz incluia as atuações do Galo Gordo, projecto de Inês Pulpo e Gonçalo Pratas, da parte da manhã e depois pela tarde, os espectáculos O Reino do Sol e o encomendado Canções de Roda, Lengalengas e Outras Que Tais!.

O Galo Gordo subiu ao palco pouco depois das 11h00, e nem mesmo o sol que já se fazia sentir afastou o público, que procurava a sombra debaixo das árvores do Parque. Durante quase uma hora Inês Pulpo e Gonçalo Pratas trouxeram para o palco alguns dos temas da sua autoria, de ambos os trabalhos discográficos já editados, como o incontornável “Bom Dia – Canta o Galo Gordo”, ou “Este Dia Vale a Pena”, entre outros temas de cariz didático, muito bem dispostos, compostos a pensar nos mais pequenos.

Seguiu-se a corrida aos insufláveis, aos stands e 20 pontos de animação associados ao Passaporte do Festival, como a Aldeia Disney, as pinturas faciais, as tatuagens com a Treebo, graffittis, aulas de skate, simulações de surf, ou até subir a um palco, entre muitos outros momentos de animação.

Pouco passava das 15h00 e o espetáculo musical Reino do Sol (uma paródia ao Frozen) invadiu o palco principal com muita animação. Entre temas do filme, e outros, como da série Baywatch, ao hino “Sol da Caparica” dos Peste e Sida, e a personagens como Olaf, Anna, Elsa, banhistas e a icónica vendedora de Bolas de Berlim, foram muitos os momentos que fizeram sorrir e cantar o público.

Mas o momento mais aguardado do dia ainda estava para chegar, no recintos os Robertos de Santa Bárbara, os filmes da Monstrinha e os animadores continuavam a fazer as delícias dos mais pequenos.

E eis que pouco passava das 16h00, quando se começou a ouvir pelo recinto “A Folha do Castanheiro”, nas vozes de Ana Bacalhau, Vitorino, Sérgio Godinho e Samuel Úria, que subiram juntos ao palco da Caparica para interpretar e relembrar algumas das cantigas e lengalengas da música tradicional portuguesa e também outras do seu repertório.

Durante cerca de uma hora ouviu-se “Oh Rosa Arredonda a Saia”, “As Pombinhas da Catrina”, “Alto da Serra”, “Tia Anica do Loulé”, “Valsa do Afonso”, “Ó Menino Ó”, “Oliveirinha da Serra” e era ver os pais a cantar e a dançar, todos divertidos, quase ou mais que as crianças.

Chegou a altura de o Coro Infantil da Academia de Almada subir ao palco, e em conjunto interpretarem temas como “João”, “Canção de Embalar” – imortalizada por Zeca Afonso, “As Armas do Meu Adufe”, “Indo Eu, Indo Eu A Caminho de Viseu, “Machadinha”, “Erva Cidreira” e “Queda do Império”, para fechar.

Um concerto memorável, que contou com direcção musical de Filipe Raposo, e cujo repertório, Vitorino e Ana Bacalhau adiantaram ao C&H, será perpetuado num disco, brevemente. “Uma experiência muito interessante e importante”, segundo confessou Ana Bacalhau, pois permitiu recuperar e preservar a nossa tradição e o nosso património.

Também Vitorino fez questão de trazer estas músicas para as gerações mais novas, “uma vez que as crianças são muito inteligentes e têm boa memória”, para além de gostarem muito deste tipo de canções, ritmadas e alegres. O músico do Redondo relembrou também que, com esta passagem de testemunho, a Samuel Úria e a Ana Bacalhau, “fechou-se um ciclo que começou com Zeca Afonso e a geração dele”, e é importante não deixar estas memórias e tradições desaparecerem nem serem esquecidas.

No final do dia, ficou a promessa de mais um dia memorável como este no próximo ano, em mais uma edição do Sol da Caparica, com muita música portuguesa.

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