Mimo Amarante Veio De Visita Ao Porto

A 3ª edição portuguesa do Festival Mimo Amarante começou este ano, mais cedo. O cinema Trindade, no Porto, acolheu no passado sábado, dia 14 de julho, o warm up do Festival, que se realiza de 20 a 22 de julho em Amarante, com a estreia nacional do documentário Fevereiros, de Marcio Debellian.

Sob o mote “Dois Ouvidos É Pouco”, o Festival Mimo, que celebra este ano 15 anos de existência, faz-se de concertos, cinema, workshops, masterclasses e exposições, tudo com entrada gratuita. O festival, que alia educação, animação, arte e património, chegou a Amarante há três anos. Numa viagem de descobrimentos que se fez em sentido inverso, as margens do rio Tâmega são o berço que acolhe um festival com sotaque brasileiro e com uma programação diversificada e internacional.

Marta Pereira da Costa, Dead Combo e Baiana System, no dia 20 de julho; Otto e Rui Veloso, no dia 21; Gogo e Goran Bregovic, no dia 22 são alguns dos nomes que compõem um cartaz musical eclético e que passarão pelos palcos Amadeo Sousa-Cardoso e Parque Ribeirinho, no próximo fim de semana.

O programa educativo passa por “Introdução ao Konnakol”; “Criação Musical Coletiva”; “Cultura Chopi: música e dança em Moçambique” e “A Guitarra Paraense e os Ritmos amazónicos” entre diversas oficinas e masterclasses agendadas para os dois primeiros dias no Festival, no Centro Cultural de Amarante.

O Festival Mimo de Cinema conta com uma dúzia de títulos que serão exibidos no cinema Teixeira de Pascoaes e no Museu Amadeo de Souza-Cardoso. Este último acolhe sessões Open Air, com a exibição de Fevereiros, no dia de estreia do Festival; Betty, They Say I’m Different, no sábado e Elis, no domingo.

Nota ainda para a iniciativa Mimo Para Crianças, no Parque Florestal de Amarante, as exposições Os Modernistas e Cenários – Mimo 15 anos no Largo de São Gonçalo e Chuva de Poesia com “Hilda Hilst – Aflição de ser eu e não ser outra”.

E, porque o “aquecimento” para os três dias do Festival Mimo se fez de cinema, deixar uma pequena nota para o filme Fevereiros, realizado por Marcio Debellian, com Maria Bethânia e Caetano Veloso, Carnaval da Mangueira e Festas de Santo Amaro, Nossa Senhora e Candomblé. O C&H passou pelo cinema Trindade, mas na verdade, esteve na Bahia e no Rio de Janeiro.

2015, a escola de samba a Mangueira escolhe como tema, no enredo do Carnaval 2016, Maria Bethânia, sob o título “A menino dos olhos de Oyá”, orixá (santo) do candomblé de que Bethânia é devota. Santo Amaro da Purificação, recôncavo baiano que acolhe a casa dos Veloso, uma mescla de candomblé e catolicismo, uma história que cruza índios, escravos e colonos, uma celebração de “Fevereiros”. As festas são mais do a celebração do santo ou do profano, são a resistência a quem tudo é negado, são a afirmação de quem, entre lixo, violência e indiferença, é protagonista de uma história de amor e fé e no cerne, Maria Bethânia, a menina baiana que celebra o Carnaval e a devoção a Nossa Senhora, em Santo Amaro (ambos em fevereiro).
O documentário tece-se à volta das palavras de Maria Bethânia, do seu irmão Caetano Veloso, que afinal é Maria também; da sua irmã Mabel, que nunca foi anjo em nenhuma procissão; de Chico Buarque, o ateu “perdido” entre orixá Iansã e de tantos outros apontamentos que trazem de volta o 13 de maio (brasileiro) – Abolição da Escravatura; a vitória de um enredo que nos fala de resistência, de música, de samba e de fé e um verde-rosa (as cores da Mangueira) costurado com o dourado da esperança e da fé.

Autor:Por Rosa Margarida (Texto e Foto)
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