Acabou abençoado o último dia de festival, da edição 2023, do JN North Festival, no dia 28 de maio. A chuva não travou os festivaleiros e, atrevo-me a dizer que a chuva que caía copiosamente, com vista para o Douro e com a ponte da Arrábida em pano de fundo, tornou o concerto do Pedro Abrunhosa, um espetáculo dentro do espetáculo.
Mas, voltando um pouco atrás, um sol acolhedor recebeu, pelas 18h15, o Tiago Nacarato, que com os seus ritmos quentes convidou o público a apreciar a «vista do rio mais lindo do Norte» ao som das suas melodias. O cantautor portuense foi desfiando temas como “Só Me Apetece Dançar”, “Areia Fina”, “Matriz”, entre outros temas dos álbuns Peito Aberto, de 2022, e Lugar Comum, de 2019.
Às 19h30, os The Black Mamba tomaram conta do palco e do festival. Como não render-se à musicalidade de Tatanka e da sua banda? Numa fusão de blues, pop, soul e funk, com uma identidade própria e singular, os temas da banda portuense animaram os festivaleiros, já a chuva começava a cair no recinto. Durante uma hora, ao som de temas, mais ou menos, conhecidos do público, Tatanka manteve a atenção do público, com especial destaque para a música “Love is on my side”, e terminou o concerto, deitado no corredor de centro de palco, banhado por um tempo do Norte abençoado.
Noite abençoada foi aquela que Pedro Abrunhosa trouxe ao festival. Se havia de chover, foi durante o concerto do cantor e compositor do Porto. No alinhamento inicial “Fazer o que Ainda Não Foi Feito” porque «amanhã é sempre tarde demais», “Não Posso Mais” e “O Rei do Bairro Alto”, para a mensagem (infelizmente) ainda atual da guerra que assola a Ucrânia, invadida por um líder russo opressor, tirano e ditador, ao som de « fascistas (…) em Moscovo / É o discurso que de velho se faz novo / E eu e tu o que é que temos que fazer/ (Talvez foder) / (Talvez foder)».
Pedro Abrunhosa faz de cada concerto um momento único. Sejam quais forem os temas, seja qual for o alinhamento, as suas canções são bálsamo, energia, amor e paz, em cada letra. Podemos percorrer a sua extensa discografia e vibrar com cada um dos seus temas, que tocam cada um de nós, de uma forma distinta e peculiar, porém inolvidável. Arrancamos citações aqui e ali e construímos a nossa vida ao som dos temas de Pedro Abrunhosa, porque a sua música abraça-nos.
Como se abraça o tempo
A vida num momento
Em gestos nunca iguais
E tanto fica por dizer num espetáculo de Pedro Abrunhosa, sempre breve demais, sempre à espera do que está porvir, com a certeza de que o próximo concerto será ainda melhor. Até onde pode ir, o que aos nossos olhos, nos parece já perfeito? A noite chuvosa e quente do North Festival carimba um espetáculo sem precedentes e sem repetições. Aos festivaleiros presentes, uma nota: são estes os momentos de felicidade! Saibamos cuidá-los e “Que o Amor nos Salve”.
Robbie Williams subiu ao palco às 23 horas, já a chuva tinha cessado, para um espetáculo de puro entretenimento. Com longos diálogos com o público, com monólogos super criativos e inventivos e distribuindo presentes pelos festivaleiros.
O cantor de Manchester apresentou alguns dos seus maiores êxitos, com dedicação especial de temas como “Love My Life”, ao Lucas e Santiago, filhos do Filipe,com quem o cantor manteve um prolongado diálogo, explicando-lhe o percurso dos Take That e do seu sucesso.
As palavras, carregadas de sátira, de humor e da capacidade sublime de rir-se de si mesmo e das imensas trapalhadas ao longo do caminho. Um “rebelde natural”, com uma presença de palco inata, a que os festivaleiros se renderam, arrebatados pela presença de espírito e pelos êxitos do cantor.
A fechar, deitado no palco, haveria de ouvir-se “No Regrets” – de facto, é o que fica de três dias muito especiais de JN North Festival – o tema “She’s the one”, dedicado a duas gémeas do público. Esta foi a primeira vez que Robbie Williams, com mais de 30 anos de carreira, se apresentou no Porto e foi, para os seus fãs, uma noite muito especial e muito ansiada.
Fecham-se as cortinas de mais uma edição do North Festival. Ainda sem informação do número de festivaleiros que passaram pela Alfândega do Porto nestes 3 dias e sem datas da próxima edição, resta dizer-vos que foi uma festa bonita! Até p’ró ano!