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Ne Obliviscaris – Oito Anos De Muita Saudade

Reportagem de Tiago SIlva

Ne Obliviscaris

O RCA foi pequeno. Cheio que nem um ovo, a comunidade do metal acorreu ao RCA para ver uma das bandas mais importantes da atualidade, Ne Obliviscaris.

Com a sala esgotada a antecipação era grande para uma banda que nunca tocou em Lisboa. A única vez que visitaram o nosso país foi em 2015 no Vagos.

Desde então lançaram dois discos, renovaram elementos da banda e nesta tournée ainda tiveram que fazer substituições de última hora. Devem ser a banda mais resiliente do mundo. Mas como suporte ainda tivemos uma banda nova, The Omnific e uma banda de renome que já cá devia ter vindo, os Persefone.

The Omnific
Nunca se sabe bem o que se pode encontrar no universo do Prog. Qualquer banda deve ter algo inovador e de alguma maneira ser exploradora de novas sonoridades.

Os The Omnific largaram as guitarras e optaram por ter dois baixos, com um som que apela ao Djent e faz lembrar Plini ou Arch Echo.

As passagens sónicas são apoiadas por um desfilar de técnica absolutamente surpreendentes, no entanto conseguem ter passagens melódicas e alargar o leque das canções a mais que só um exercício de slap e velocidade. Fountainhead é um dos bons exemplos.

Estas bandas funcionam melhor ao vivo, em que conseguimos perceber o quão difícil é executar estas composições. Acabaram com “Objects de Vertu” um concerto onde demonstraram um grande domínio dos instrumentos.

A julgar pela reação dos presentes, no concerto e na banca de merchandising, têm futuro.

Persefone

O que uns tinham a mais, os Persefone tinham a menos, sem baixista entraram com duas guitarras de 7 cordas.

Os Persefone têm feito uma carreira com sucesso, com discos de qualidade, mas no público parecia haver poucos fãs. No entanto, não se fizeram rogados a um bom moshpit e crowd surfing.

Com um arranque totalmente focado no Spiritual Migration com “Flying Sea Dragons”, “Mind as Universe” e “The Great Reality”, só nesta última arrancou o moshpit, mas não parou mais.

Voltaram ao Aathma para tocar “Prison Skin”, com um som muito forte e já com o público em alta rotação.

Tivemos Paul Masvidal num laptop a cantar “Living Waves” e ainda tivemos direito a uma pseudo-balada “Merkabah” com os telefones a fornecerem luz ao palco.

Apresentaram Filipe Baldaia, guitarrista do Porto, que está nos Persefone desde 2016, como foi a primeira vez que atuaram em Portugal teve um gosto especial para este elemento.

Terminaram com “The Majestic of Gaia” um excelente concerto.

Ne Obliviscaris

As estrelas da noite estavam para chegar. Apesar dos problemas que enfrentaram com a saída do baterista Dan Presland e o vocalista Xenoyr a não conseguir integrar a tour, conseguiram encontrar substitutos e avançar com a digressão.

Oito anos depois do Vagos, as saudades dos que os viram e a expectativas dos novos adivinhavam um concerto demolidor.

E assim foi, no arranque com “Intra Venus”, ouvimos as primeiras notas do violino de Tim Charles, o baixo atarefado de Martino Garattoni e as guitarras de Benjamin Barret e Matt Klavins. Todo o RCA reagiu.

Faltou Xenoyr mas James Dorton dos Black Crown Initiate cumpriu, e até excedeu, como substituto. É um excelente vocalista.

As canções dos Ne Obliviscaris são complexas e longas, mas a banda sabe entregar uma performance que mantém sempre o interesse de quem ouve, mesmo que não sejam fãs.

No caso do RCA, a tarefa estava facilitada, era óbvio o conhecimento que as pessoas tinham da obra da banda.

“Equus”, “Misericorde I e II” do disco novo Exul, seguiram-se, sempre coesos com um bom som. Pediram um sing along em “Libera (Part I): Saturnine Spheres” e ninguém se fez rogado.

Sempre comunicativo, Tim é um excelente frontman, mesmo com alguma má educação do público que não sabe estar calado quando deve, fez de mestre de cerimónias sempre com boa disposição.

Voltaram ao muito antigo com “Forget Not”, música com 18 anos, ao muito novo “Graal”.

Terminaram com a inevitável “And Plague Flowers the Kaleidoscope” (em que faltou um cymbal antes da bateria entrar em força, mas perdoa-se dada a monumental tarefa que o baterista tem, Kevin Paradis, em tão pouco tempo, conseguiu aprender as canções e deu boa conta de si).

No final Tim, provando que os Ne Obliviscaris vivem para os fãs, ficou em amena cavaqueira com quem queria falar com ele.

Os Ne Obliviscaris não vinham a Portugal há 8 anos, claramente demasiado tempo para a quantidade de fãs que têm e para a qualidade do espetáculo que dão. Portugal precisa de mais concertos destes.

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