A Nostalgia De Lloyd Cole É De Todos Nós Afinal

Reportagem de Ana Filipa Correia (Texto e Fotos)

Lloyd Cole trouxe-nos até ao CCB, na noite passada, o concerto Playing The Classic Lloyd Cole songbook 1983-1996.

O cantor, músico e compositor que declarou 2016 como o seu ano retrospectivo, começou por editar a antologia Lloyd Cole And the Commotions Collected Recordings 1983-1989 que reúne os três álbuns de originais editados pelo grupo (Lloyd Cole and the Commotions): Rattlesnakes, Easy Pieces e Mainstream bem como um cd de B-sides, remixes & outtakes e um cd de Demo recordings & rarities.

Entretanto começou a preparar um novo trabalho retrospectivo, a ser lançado para o ano que vem, que compreendesse o período de 1989 a 1996, em que editou álbuns como Lloyd Cole, Don’t Get Weird On Me Babe, Bad Vibes e Love Story.

É da junção destes dois períodos – dos Commotions e a solo, que se fez o concerto do CCB, que começou com a música mais antiga “Patience” , do álbum Rattlesnakes. Lloyd Cole cumprimentou o público português, desculpando-se: “Desculpa, eu não falar português” – as únicas palavras que conhecia eram Super Bock e… Sagres. Mas a comunhão com o público não saiu prejudicada por isso, bem pelo contrário. Com apenas uma guitarra nas mãos e a voz a encher a pouco e pouco a sala do grande auditório, Lloyd Cole trouxe a nostalgia do que, para uma esmagadora maioria da plateia foram os anos da adolescência.

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“Perfect Blue”, “Sometimes it Snows in April”, de Prince, “Loveless”, “I Didn’t Know That You Cared” foram embalando um público enquanto Lloyd Cole ia aproveitando os intervalos da música para partilhas intimistas do que o tempo nos faz a todos: “É demasiado depressivo usar lentes de contacto e óculos de leitura”, “Ter que estar sempre a pôr e tirar os óculos faz com que se corra o risco de aparecerem aquelas “asas” (o cabelo espetado por cima das orelhas)”.

“Lonely Mile”, “Pretty Gone”, “Pay For It” continuaram um alinhamento de um concerto em que Lloyd Cole nos relembrou da sua relação com Portugal – “Eu sou um trendsetter, há 20 anos andava no Cais do Sodré, agora toda a gente quer andar lá” ou “Tenho um pastel de nata no backstage”.

“Butterfly”, “So You’d Like to Save the World” e “My Bag” conduziram o alinhamento até ao momento em que Lloyd Cole pede: “Podem me ajudar ou podem me ver sofrer. Quando não há uma bateria não aplaudam, ajudem antes a cantar”. E irrompe um “Jennifer She Said” em que o púbico não o deixou sentir pré-histórico, como ele temia e cantou com ele, fechando a primeira parte do concerto.

Depois do intervalo, Lloyd Cole regressa acompanhado do filho, William Cole ou “Quanto tempo demorou a encontrar um rapaz que se parecesse comigo quando era novo e também toca guitarra”. Pai e filho encarregam-se assim de toda a segunda parte que nos trouxe, entre outras, canções como “Don’t Look Back”, “Are You Ready to be Heartbroken?”, “No More Love Songs”, “Hey Rusty” ou “Brand New Friend”.

O encore trouxe ainda Lost Weekend e Forest Fire fechando assim um passeio pelas avenidas da memória de uma geração.

Uma noite nostálgica mas em que Lloyd Cole não nos deixou de heartbroken.

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