Xutos & Pontapés

A vida até podia andar torta para os Xutos & Pontapés, mas ter-se-á endireitado em 1987, quando lançaram Circo de Feras. A celebração dos 35 anos de lançamento deste trabalho começou esta quarta feira, com um concerto no Teatro Tivoli e estende-se até ao próximo sábado.

Uma das mais bonitas salas de lisboa está a receber, esta semana, a mais acarinhadas banda portuguesa. Várias gerações marcaram presença no primeiro de cinco concertos agendados.

A cada reunião de Xutos & Pontapés há sempre quem não se esqueça de elementos essenciais: a t-shirt com o “X” e o lencinho vermelho. A juntar a isso, o orgulho desmedido de saber cantar, de cor, todas as letras das cações. Em especial, os temas mais antigos.
Foi este o espírito esta quarta-feira, quando Tim começou a cantar “Esquadrão da Morte”. Os concertos vêm com um alinhamento definido e anunciado à entrada: é composto de duas partes. Num primeiro ato, tocam os temas que marcaram os primeiros oito anos da banda, no segundo ato é como se o vinyl voltasse ao prato: as canções de “Circo de Feras” são tocadas pela ordem do disco. trazem um convidado muito especial: Tó Trips juntou-se à banda em palco, perfeitamente integrado na sonoridade e a receber todo o calor do público.

A noite é de rock e as palavras surgem só mais no final da noite. O concerto abre com o tema que os Xutos criaram para o “Som da Frente” o programa de rádio de António Sérgio e conta, entre outras, com “1º de agosto”, “Conta-me histórias” ou “Remar, remar”. Este será um dos poucos concertos dos Xutos & Pontapés em que “A Minha Casinha” não fecha a noite.

A banda retira-se no final deste primeiro ato e o ecrã de fundo é preenchido pela ausência mais sentida da noite: Zé Pedro, o guitarrista, falecido em 2017. Surge em modo de documentário, a explicar a forma como “Circo de Feras” marcou a viragem, da banda e do próprio destino profissional dos seus elementos. Evidencia também a forma como os Xutos & Pontapés se tornaram um símbolo nacional, com as letras dos seus temas a invadirem o dia a dia e a tornarem-se expressões comuns.

A segundo ato deste espetáculo é complementado com um conjunto excecional de vídeos (João Pombeiro) que incluem imagens antigas da banda, cenários da margem sul e outros aspetos relacionados com as letras. Muitas das imagens são de arquivo, remontam aos anos 80 e vêm carregadas de história e significado.

A pausa para trocar algumas impressões com o público chega depois de “Vida Malvada” e antes de “Circo de Feras”. Tim revela-se emocionado e agradece a todos terem vindo. “Este disco fez-nos trabalhar de forma mais assertiva e acreditar” na possibilidade de mudança, para ou outro patamar de exposição.

O encore não estava anunciado, mas seria impossível abandonarem a sala, sem dar um pequeno extra. Tim avisou logo que tinham preparado mais dois temas com Tó Trips, para sossegar as hostes. “Morte Lenta” com Kalú no microfone e “À Minha Maneira” com toda a gente de pé a cantar e a dançar fecharam cerca de hora e meia de concerto.

O concerto repete dias 3, 4 e 5 novembro às 21h30. Há uma sessão extra a 5 novembro às 17h30. Os bilhetes custam entre 25 e 40 euros. As sessões de 4 de novembro e 5 de novembro à noite já se encontram esgotadas.

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