Um dos mais influentes pianistas de jazz do séc. XX, Tyner está para o piano como Coltrane está para o saxofone. Aliás, foi com este outro génio que Tyner iniciou a sua carreira, sem nunca ter sido ofuscado por Coltrane.
Acompanhado pelos dois elementos do seu trio – Gerald Cannon no contrabaixo, com o seu sólido e destemido “groove” que o distingue como figura principal do panorama jazz, e Eric Gravatt na bateria e a sua intensidade africana e elegante, combinada sempre com um elemento surpresa que fazem deste também um nome ímpar na bateria jazz mundial, já com 63 anos de idade.
Depois, o convidado: Joe Lovano, um dos maiores nomes do sax tenor, não defraudou e saudou os espectadores com o estilo modernista que imprime às suas improvisações.
Para além da genialidade que emprega principalmente na harmonia da mão esquerda, McCoy Tyner mostrou não querer ser o centro das atenções e deixou muito espaço para os seus companheiros; em quase todas as músicas houve espaço para os solos de Gerald Cannon e Eric Gravatt.
As suas performances, insistentes, urgentes e impacientes deixaram muitas vezes o embrião do tema para trás durante alguns momentos, voltando depois de uma forma quase imperceptível mas envolvente e avassaladora.
Tyner, por sua vez, à medida que caminhou para o clímax das músicas, fugiu à tentação do estereotipo do jazz do frenesim de notas velozes, aplicando o seu estilo com acordes sofisticados e uma mão esquerda ritmicamente explosiva, criando um ambiente com uma intensidade dramática que não acaba quando a música termina…
Texto e Fotos de Paulo Sopa