Corria o ano de 1931 e Lisboa vivia momentos de grandes transformações e construção de obras públicas. Nas artes, o Modernismo e a Arte Deco marcavam as tendências, especialmente na arquitectura, e é neste contexto que surge o Capitólio, em pleno Parque Mayer, com projeto do arquiteto Luís Cristino da Silva, um cinema e teatro com escada rolante como Lisboa e Portugal nunca tinham visto até então.
Da sua programação inicial faziam parte peças de teatro, operetas, zarzuelas, espetáculos de music hall e filmes (tanto na sala principal como no terraço), e é esse ecletismo que inspirou a nova programação do Capitólio, agora reaberto ao público, sob gestão da produtora Sons Em Trânsito (que tem a concessão do espaço durante cinco anos), que escolheu para a inauguração da sua gestão um concerto de Sérgio Godinho.
A sala de espetáculos, desde a conclusão das obras de reabilitação, tem aberto as suas portas ocasionalmente desde 2016, em eventos como o Vodafone Mexefest ou as Festas de Lisboa, mas a partir de hoje vai voltar a fazê-lo regularmente e com uma programação constante e pluridisciplinar.
Tal como no início, o CineTeatro Capitólio – Teatro Raúl Solnado vai funcionar com uma sala, com capacidade de 400 lugares sentados e 1000 de pé, e no verão também com o terraço (com capacidade para 300 a 500 pessoas), onde serão projetados filmes e terão ainda lugar concertos e tertúlias.
A nova vida do Capitólio arranca já hoje à noite com um concerto de Sérgio Godinho, e inclui espetáculos da Sons em Trânsito, mas também de outras produtoras, instituições, da EGEAC e da CML, com uma oferta que se pretende apelativa, atual, dinâmica, moderna e em diálogo com o resto da cidade, e que atraia vários públicos e gerações.
Os novos responsáveis pretendem “assinalar e associar-se aos grandes acontecimentos da cidade (e não só), como a Eurovisão, os Santos Populares, o Mundial de Futebol e a Web Summit, por exemplo.”
Da programação já definida, Vasco Sacramento diretor da Sons em Trânsito, destacou os três concertos de Sérgio Godinho, que apresenta aqui o seu mais recente trabalho Nação Valente; o Jameson St Patrick’s Day e o 11º aniversário da Bloop Recordings em março; em abril o lançamento do álbum de Marco Rodrigues – Copo Meio Cheio, e dos PAUS; em maio o lançamento do novo disco de Elisa Rodrigues (que encerrou a conferência de imprensa com a apresentação de dois novos temas); um concerto de Cícero a 20 de junho; em julho o Clazz Jazz Festival; a 28 e 29 de setembro o festival de humor The Famous Fest e a 23 e 24 de novembro concertos integrados no Vodafone Mexefest.
O produtor referiu ainda que vai trabalhar com a Junta de Freguesia de Santo António (que engloba a antiga Freguesia de São José, onde o Parque Mayer está inserido), para realizar uma exposição que ajude a perceber a história do espaço e do Parque Mayer.
Classificado como Imóvel de Interesse Público em 1983 e encerrado na década de 90, o Capitólio reabre hoje em todo o seu esplendor, para os lisboetas e não só.
