Cat Power no Hard Club: Depois da Tempestade, a Bonança

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A cantora e compositora norte-americana Cat Power esteve em Portugal no passado fim-de-semana, para dois concertos com lotação esgotada: o primeiro no sábado, em Lisboa, seguindo-se o Hard Club, no Porto, no domingo.

Quem tem acompanhado a carreira de Chan Marshall, a voz rouca sob o nome artístico de Cat Power, sabe que de um concerto da artista apenas se pode esperar uma coisa: o inesperado. Depois da atuação confusa – para alguns genial, para outros desastrosa – no CCB na véspera, Cat Power subiu ao palco do Hard Club perante uma multidão ansiosa.

A primeira parte, a cargo do duo de electrónica Appaloosa, representado apenas pela vocalista e um computador numa espécie de karaoke solitário, deixara muito a desejar, levando a que muitos abandonassem a sala enquanto esperavam pelo grande nome da noite, aumentando a expetativa.

De volta às franjas e de guitarra na mão, Cat Power subiu ao palco às 22:00. Durante as cerca de duas horas de concerto, alternando entre a guitarra e o piano, Cat Power presenteou o público com dezenas de temas retirados de álbuns como The Greatest (2006), Jukebox (2008), ou o mais recente Sun (2012) que ali ganharam novos arranjos e interpretações. “Fool”, “Colors and the Kids”, “Names”, “I Don’t Blame You” e “Maybe Not” foram alguns dos bons momentos da noite mas aos primeiros acordes de “The Greatest” o público votou no tema como o favorito com aplausos eufóricos. Pelo meio, ainda se ouviram  alguns covers como “What the World Needs Now” de Burt Bacharach, “Remember Me” de Otis Redding, “Paths Of Victory” de Bob Dylan ou “Satisfaction” dos Rolling Stones.

A timidez que lhe é característica e a fragilidade e insegurança com que se apresenta em palco dão a Cat Power o poder de tornar a mais lotada das salas num encontro intimista. Durante todo o concerto, Cat Power transportou cada um dos presentes numa viagem por histórias e emoções em estado bruto absorvendo o público numa experiência quase espiritual. O resultado é um espetáculo intenso que tem tanto de imperfeito como de belo.

No final, a multidão abandonou o Mercado Ferreira Borges com a sensação de que algo muito especial tinha acabado de acontecer. Apesar da má fama que ganhou pelas desoladoras apresentações ao vivo – com episódios de esgotamentos em palco e encontros desastrosos com os admiradores (consequências da honestidade com que vive a sua música?) – Cat Power continua a ser a musa da indie e uma das mais cativantes compositoras da sua geração.

Reportagem de Sandra Mesquita
Fotografia cedida pela produção: EIN

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