Embora desconheçamos a origem da maior parte das tradições que herdamos, já de outras destrinçamos bem o seu começo.
O bailado Quebra Nozes é uma dessas tradições inventadas. E se ela é inventada, então não há nenhum mal em reinventá-la para que acompanhe estas noites brancas que, de oníricas, longe estão das singularidades do mundo de uma outra Clara!
Tentaremos fazer renascer para os olhos de hoje, olhos já não tão narrativos mas diariamente assaltados por explosões de eventos múltiplos, uma das obras mais enraizadas secularmente na cultura ocidental, concentrando-nos e potencializando a duplicidade da sua leitura. É na ubiquidade constante de Quebra Nozes Quebra Nozes que há uma relação espelhada entre o novo e o velho, entre a alta e a baixa cultura, entre o real e as analogias i.e. o melhor de dois mundos complementares presentes no reino de uma única Clara, ser humano cruzado de Alice e Oliver Twist.
Um sonho tornado realidade: eis como definir Quebra Nozes Quebra Nozes.
A coreografia desta nova versão é de Fernando Duarte, com música de Tchaikovsky, cenários e figurinos de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira e desenho de luz de Daniel Worm d’Assumpção. A interpretação musical está a cargo da Orquestra Sinfónica Portuguesa sob a direção do maestro José Miguel Esandi. Para ver até 21 de dezembro.
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais, com preços entre os 5 e os 25 euros.
Texto de Marta Plácido