Conception – Tardou Mas Aconteceu

Reportagem de Tiago Silva (texto) e Tânia Fernandes (fotografia)

Conception

A passagem dos lendários Conception por Portugal, que se fez no passado dia 29 de Abril no Lisboa, era há muito aguardada.

Com o interregno de vários anos, uma vez que elementos da banda seguiram outros projetos (nomeadamente Kamelot por Roy Khan e os Ark pelo guitarrista Tore Ostby), já se tinha a sensação de que nunca iria acontecer, mas eis que em 2018 surge um EP e em 2020 um disco novo State of Deception.
Pelo meio meteu-se uma pandemia que atrasou tudo, mas finalmente em 2023 cá estamos.
Vircator

A primeira parte ficou a cargo dos Vircator, banda do Porto que faz um prog/post-metal instrumental, na linha, talvez, de uns God is an Astronaut, mas a banda tem a qualidade de soar fresca.

Na bagagem traziam o mais recente Bootstrap Paradox editado em Março.

«Não é fácil manter a atenção de um público com música instrumental, mas os Vircator conseguiram com distinção ultrapassar essa dificuldade.«

Um bom som, marcado por um baixo fortíssimo, levaram o pouco público no LAV numa viagem de meia hora por riffs cativantes, impossíveis de resistir ao headbanging.

Uma banda muito interessante, que já tem alguns anos, e de que se espera ouvir falar mais.

Conception

Talvez para mostrar o que os Conception andavam a ouvir quando lançaram o primeiro disco no fim de 1991, ouvimos “Hangar 18” no arranque do concerto.

A banda que foi histórica nos anos 90 lançando 4 discos excelentes, teve um hiato prolongado, em que produziram outros grandes trabalhos (Ark) e finalmente íamos vê-los ao vivo.

 

Entraram com “Grand Again”, do EP My Dark Symphony que também tocariam, seguida de “Virtual Lovestory”.

Falaram dos adiamentos, de como já cá deviam ter estado em 2020 e percebemos que havia muitos estrangeiros na plateia.
Continuando com “Waywardly Broken”, “No rewind”, com Khan em grande destaque. Os seus trejeitos e modo de cantar são muito particulares, mas a banda é infalível. Sempre com um som de grande qualidade.
“The Mansion” seguiu-se, com a vocalista Aurora a fazer as vezes de Elize Ryd (e até bastante melhor).

Fazer sempre o mesmo não interessa a uma banda progressiva, então mudaram para um set acústico, enquanto montavam o set, Khan esteve a “encher chouriços”, ainda bem que sabe cantar porque, palavras do próprio, como comediante em stand up não se safava.
Tore soltou aquela sua costela flamenca que tão bem sabe incorporar nas canções, tem exemplos muito bons nos Ark, e Silente Crying com todos do público a cantar e Sundance foram pontos altos.

Mas ainda havia mais sucessos “Gethsemane”, já elétrico, “Feather moves”, com Khan a vir ao público e andou a cantar pelo meio da plateia, entre abraços, selfies, conseguiu nunca desafinar. Já em palco apresentou todos os elementos da banda, falou da experiência de estar numa banda e fazer música. Disse que pouca gente tem noção da dificuldade e desafiou Tore a ir ver como era o meio da sala. Claro que não se fez rogado e o solo de “She dragoon” foi tocado a passear pela plateia para delírio dos presentes.
Estavam todos rendidos e ainda tivemos “Roll the fire”.

Os Conception são uma banda que tem a grande capacidade, que poucos conseguem, de criar canções simultaneamente desafiantes musicalmente e cativantes.
Contribui para isso a dinâmica de Khan na entrega vocal, cheia de sentimento e expressa no palco com teatralidade e intensidade. Tore é um guitarrista exímio e único, juntamente com Arve Heimdal (baterista) e Ingar Amlien (baixista), conseguiram criar uma banda das mais geniais do prog metal dos anos 90.
E estão de volta ao fim deste tempo todo para provar que ainda conseguem criar música cativante, desafiante e excecional. Um grande concerto que já devia ter sido à 30 anos!
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