Concerto Épico No LAV: Soen, Terra e MolyBaron Arrasam No Palco

Reportagem de Tiago Silva

Soen

O dia 5 de outubro foi noite de romaria ao LAV, em Lisboa, para ver os Soen. Uma grande banda que já nos visitou várias vezes. Sempre com sucesso e esta quinta-feira deram-nos um dos seus melhores concertos.

Terra

Para arranque de noite os italianos Terra. A banda que já tem alguns anos, mas só um disco – Terra – promete ser um caso sério.

Segundo os próprios uma tentativa de colocar uma influência tribal, com muita percussão, mas também folclore com a utilização de várias flautas e gaitas tradicionais.

A música revela uma preocupação ambiental e temas existencialistas. Os CD’s não têm capa de plástico, são de madeira feita pelos próprios.

Arrancaram com todos os elementos em tambores, a anunciar a sua entrada.

Terra

“Create, mutate, erase” começou um concerto, em que a percussão é tão importante que a bateria estava no centro do palco, mesmo à frente. Depois percebemos, o vocalista é o baterista.

Mesmo atrás do kit consegue uma ligação ao público, levantando-se e fazendo expressões. Dá lições a muitos vocalistas apáticos que já vimos.

Muito aplaudidos, já tinham conhecedores na plateia, num lav que já estava a 70%.

Prosseguiram com “Father”, “This scent” com várias gaitas.

Fizeram uma cover do “Teardrop” dos Massive Attack, completamente desnecessária, as músicas que têm são suficientes para encher um concerto e com qualidade.

Fecharam com “Close enough” com todos nos tambores. Um muito bom concerto, a ver pela afluência ao merchandising o público gostou.

Tínhamos à disposição “Terra” eléctrico e “Arret” acústico.

Podem e devem aprofundar a relação aos ritmos tribais e a junção entre eléctrico e acústico.

Sem dúvida que vamos voltar a ouvir falar deles.

MolyBaron

Os MolyBaron são uma banda francesa que faz um prog metal mais tradicional.

Conseguem alguns bons riffs e têm groove. O vocalista Gary Kelly tem um timbre particular e distintivo, que certamente não agrada a todos.

Lançaram-se com “Something Ominous”, tema título do novo disco e mostraram que já têm fãs.

“Set alight”, seguiu, mais pesados que os Terra, sacaram do público uns “hey” de acompanhamento, a música prestava-se a isso.

Com três discos lançados, foram ao anterior “The Mutiny”, buscar “Animals” e “Something for the pain”.

MolyBaron
MolyBaron

Todos têm boa presença, mas o guitarrista, Florian Soum, via-se mesmo que estava a adorar estar em cima do palco.

Normalmente com bandas menos conhecidas há uma certa apatia do público, mas foram aplaudindo e tiveram um ponto alto em “Lucifer”. Fecharam com “Incognito” do primeiro disco.

Bom concerto de uma banda competente, mas que ainda vamos ver se se tornam marcantes.

Soen

Casa cheia para ver os Soen.

Não foi melhor que o de estreia com os Paradise Lost, porque era uma surpresa e foi com assombro que saímos de lá.

Não foi melhor que o do RCA em que todos cantámos a “Jinn” e a “Sectarian”, tão bem que até apareceu no Lykaia revisited, mas depois destes foi o melhor.

Da última vez, também no LAV, ainda andávamos de máscara, éramos poucos, mas lá se tentou voltar a uma normalidade possível.

Isto demonstra o amor que os Soen têm a Portugal, vêm cá muitas vezes, mesmo quando não valeria a pena. E retribuímos como podemos.

A grande diferença que se notou desta vez foi a libertação de Lars Ahlund, que normalmente estava lá atrás, mais reservado mas que ontem brilhou na frente do palco.

Aliás, Joel Ekelof também surgiu mais desinibido, mais mexido. Costumava notar-se alguma contenção, não que tivesse alguma vez sido mau frontman, mas ontem estava como peixe na água.

Ouvimos uma interpretação do “Do not go gentle into that good night”, poema de Dylan Thomas.

Liga muito bem com o inconformismo que os Soen passam nas suas letras. Um constante desafio ás normas da vida que nos levam a uma apatia manipulada.

“Sincere” pôr todos aos gritos. Era quem queríamos todos ver, uma enorme ovação (primeira de muitas).

Joel parece que canta cada vez melhor e com mais variações na interpretação.

“Martyrs” pôs toda a agente aos saltos e a gritar “Spirit of the water”…

Um bom solo de Oleksii “Zlatoyar” Kobel, baixista, que nos levou a “Savia”. Muito aplaudida, mas claramente as canções dos dois discos mais recentes “Imperial” e o novo “Memorial” são os pontos fortes.

“Lascivious” deu-nos autorização para dançar, “Unbreakable” deu autorização a Lars para um solo.

Cantada a plenos pulmões, até se percebeu Cody a comentar com Joel que somos uma “Great Crowd”.

“Deceiver” foi um ponto alto, antes de acalmar com “Ideate” seguida de “Monarch” e “Fortress”.

“Illusion” foi um dos pontos altos em que Cody Ford mostra uma imensa classe.

“Lotus” colocou o LAV todo a cantar, ninguém queria que o concerto acabasse.

Após uma enorme sessão de gritaria por Soen voltaram para o encore.

“Antagonist”, “Jinn” (escolhida por opção com a Lunacy) e, como no RCA, a melodia da guitarra foi cantada por todos.

Terminaram com “Violence”.

Podem estar a ficar mais acessíveis, mas os Soen fazem sempre boas canções, esta acessibilidade leva a que mais público adira. Ontem foi perceptível que os discos novos estão a atrair muita gente, mas nestas coisas correm o risco de alienar os fãs iniciais. Pode ser que no próximo disco moderem a vertente mais acessível.

O que se nota também é que há uma ligação incrível com o público, não sei se é exclusivo a Portugal, mas o pessoal fica possesso com eles. Era impossível cantar, gritar e aplaudir mais do que foi. Tendo em conta que um concerto tem duas partes, banda e público, ontem o público fez a sua parte na perfeição e a banda também. Grande grande concerto.

Na próxima vez vai ter que ser no Coliseu, se continuam a crescer assim.

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