Farruquito, El gitano deslumbrou no CCB

fReportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Em Lisboa transformamos o sofrimento em fado, na Andaluzia a dor manifesta-se através do flamenco. Farruquito, o bailarino cigano, grande embaixador desta arte, esteve ontem no Centro Cultural de Belém e trouxe um espetáculo que deixou o público extasiado. “Viva el gitano!” gritavam da plateia os seus pares. Foi uma noite de festa, marcada pelo ritmo contagiante desta família, que leva pelo mundo fora a expressão das suas raízes.

No Palco do Grande Auditório estava montado um grande tablado, em cima do qual se reuniu a Companhia de Baile de Juan Manuel Fernández Montoya, mais conhecido como Farruquito. Vieram a Portugal apresentar Improvisao, tal como o próprio partilhou com o público, no final do espetáculo “esta é o único flamenco que eu conheço, é o de raiz, improvisado”. E apesar da aparente improvisação, o espetáculo percorre todos os tipos de flamenco, desde o mais melancólico em que da guitarra clássica saem os lamentos, aos duelos de vozes sentidas e desesperadas, à dança frenética, acompanhada por palmas e sapateado com todo o corpo a contribuir para a marcação de um ritmo. Em contraponto a momentos que exprimem as agruras da vida, encontramos também a felicidade exuberante da vida familiar, que se reúne em roda, cedendo o centro ao bailarino. Nesta dinâmica, todas as partes contribuem para a festa e incentivam à movimentação.

A festa que nos locais próprios chega a durar a noite toda, teve aqui apresentação de cerca de hora e meia, com Farruquito a retirar do público grande entusiasmo e a vir, pontualmente, à frente do palco “comunicar” com a sua plateia, na linguagem que ele conhece, a das palmas. Emocionado, partilhou a alegria de regressar a Portugal, ao mesmo espaço onde há vinte anos atrás atuou com o seu pai, o grande mestre Farruco. E ao mesmo tempo a felicidade de perceber que Portugal mantém uma grande plateia ávida de ver e ouvir flamenco.

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A graciosidade, a espontaneidade e o dinamismo marcaram uma noite que chamou ao CCB um público que raramente se vê por aquela sala. Noite memorável, sem dúvida. Olé!

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