“Proud to fall”, “Rescue” e “Bedbugs And ballyhoo” logo de entrada limparam receios. A noite era de viagem às gavetas da memória. Os anos passaram e Ian McCulloch tem agora uma voz mais madura, mas também uma postura de ligação ao público impensável em tempos em que a distância e a indiferença eram imagem de marca. De copo de vinho na mão e língua já um pouco presa (ou seria a indecifrável pronuncia de Liverpool?) manteve diálogo constante com a plateia. Contou anedotas, riu-se das suas próprias piadas e procurou manter vivo esse forte elo de ligação aos fãs portugueses. “Os Echo & the Bunnymen vão ter novo álbum e vamos voltar com a banda!” prometeu.
Incitou o público a cantar com ele, e ensinou mesmo a plateia a bater palmas. “Seven Seas” foi o primeiro momento em que a emoção se fez sentir e o público acompanhou a música rendido. Entrou por terrenos alheios, como os Doors com sucesso e chamou a melancolia, como se o desgosto tivesse acabado de bater à porta em “Rust”. “Muito obrigado” aprendeu a dizer e mais um copo de vinho que pede substituição. Estica a mão a David Bowie com os primeiros acordes de “Space Oddity” e prepara-se para os seus temas mais fortes, cujas versões aqui apresentadas justificam a saída do baú. Continuam tão vivos e atuais que poderiam continuar a ser sucessos hoje em dia. A “Bring on the dancing horses” seguiu-se “The Killing Moon”, “provavelmente a melhor canção escrita de sempre” refere Ian McCulloch. E não há como o desmentir. Com o ritmo a abrandar no final “Fate/ Up against your will/ Through the thick and thin/ He will wait until/ You give yourself to him” a letra ficará gravada na memória mais uns valentes anos!
Um pequeno encore e as duas últimas músicas que deixaram o público rendido. “Nothing lasts forever” a entrar em homenagem a Lou Reed com “Walk on the wild Side” e o hino da banda, numa versão bem ritmada, “Lips like Sugar”.
Sugar Kisses, Ian McCulloch!