A Artrave tomou conta do Meo Arena esta noite. Lady Gaga trouxe a Portugal a tournée do seu mais recente trabalho Artpop. Durante duas horas de espetáculo, desdobrou-se em múltiplas personagens. O extenso alinhamento, com cerca de três dezenas de temas, vinha com versões curtas. Permitiu ouvir, ao vivo, quase todos os que compõe o novo álbum, mas também revisitar os êxitos mais antigos. Sem poupar elogios a Lisboa e Portugal mimou os seus fans até mais não, os seus “pequenos monstros”, como lhes chama. Emocionou-se e não se cansou de referir que é a eles que deve a força que tem atualmente.
O encontro marcado para as 19h30, em dia de chuva na capital, obrigou a alguma correria para chegar a horas à zona oriental da cidade. Com o pavilhão a meio gás (compondo-se ao longo da noite), a rave começou num tom de matiné, primeiro com o ilustre desconhecido Breedlove, seguido da DJ LadyStarlight. Início morno, que deu apenas para admirar a grande estrutura que se prolongava do palco e sob a qual se encontrava a plateia. Com passagens a ligar a ilhas, permitiu uma extensão da atuação por todo o recinto, fazendo com que a movimentação de quem estava na “arena” tivesse de ser total.
A disposição de luzes à volta criava a ilusão de estarmos perante blocos de gelo. E ao cair a cortina, damos com um cenário a fazer lembrar as construções no gelo.
Lady Gaga troca de indumentária várias vezes. Despe-se mais do que se veste. Apanha a roupa que lhe vão atirando e veste por cima das suas lantejoulas. A bandeira de Portugal passa-lhe várias vezes pelas mãos e ela faz questão de a tratar bem. “Just Dance” dá continuidade ao espírito de euforia e cor, seguido de “Poker Face”. Regressa em modo medusa para “Paparazzi” e senta-se numa “mão” gigante prateada para interpretar “Do What You Want”.
Sem pausas, o espetáculo corre com os bailarinos a preencher os curtos momentos em que a Monstra Mãe tem de se ausentar para trocar de roupa. Acalma com “Dope”, o tema que ela interpreta ao piano e dedica de corpo e alma ao público: “I need you more than dope”. “You & I”, o “slow” da noite, com direito a luzinhas no horizonte, traz o resto da banda para o centro da estrutura. Lady Gaga termina-o no chão, em pose de diva, completamente inundada de objetos que os admiradores lhe atiram. Entre eles, uma carta de alguém que acompanha a digressão e tem um único desejo, o de subir ao palco um dia. Desejo concedido. Laura sobe ao palco e senta-se ao piano com a artista que continua para “Born This Way”. Oportunidade para o discurso LGBT, que constitui uma grande parte dos seus seguidores e de incentivo ao orgulho de assumirem o que são. Uma passagem mais hardcore com “Sexx Dreams” e “Mary Jane Holland” desembocou nos grandes êxitos da noite: “Alejandro”, “ Bad Romance” e “Applause”. Pelo meio, uma referencia a Tony Bennett, com uma excelente versão do tema de Cher “Bang Bang (My Baby Shot Me Dow)”. Lady Gaga regressou para um único momento de despedida: “Gypsy”.
A noite foi de festa. Pop, colorida, com ritmo. Ela tanto é diva, como superestrela rock, boneca de trapos ou mulher super-sofisticada. Antes de sair de cena ficam, mais uma vez, as palavras certas para os pequenos monstros: “You make me feel so strong!”
Fotografias cedidas pela produção: Christopher Polk/Wire Image no espetáculo de Los Angeles e Kevin Mazur/WireImage em Pittsburgh