NOS Alive – Arcade Fire Encerram Três Dias De Lotação Esgotada

Reportagem de António Silva, Marina Costa e Tânia Fernandes

Ao terceiro dia NOS Alive, de novo com lotação esgotada, os Arcade Fire foram a força que uniu a multidão. Um concerto extraordinário que juntou 55 mil vozes em coro alinhado com a banda de Win Butler.
A edição de 2017 já foi confirmada por Álvaro Covões e terá lugar nos dias 6, 7 e 8 de Julho de 2017.

O último dia começa com os festivaleiros a aproveitar as sombras e os lugares sentados. À chegada, com o sol forte e uma dia abrasador, Jimdungo, banda de covers, com uma vontade de atuar e transmitir energia aos chegados ao recinto.

No palco Heineken começou a juntar-se o primeiro aglomerado de pessoas para ouvir Them Flying Monkeys, a banda de rock psicadélico de Sintra. Dão lugar depois aos Little Scream. Apresentando o seu último álbum, a voz, a guitarra e presença de Laurel impôs os primeiros ritmos. Uma presença que conjuga de forma feliz pop e folk com um pouco de funk.

Ainda no palco Heineken, os Calexico. A afluência aumenta pela curiosidade de ver uma banda, com estilo, com ritmo, vários, que permitiu viajar pelos cantos do mundo ao som de diferentes sonoridades, gracioso de ouvir e impossível de não dançar.

Entretanto os portugueses, em especial os que trouxeram mini-festivaleiros, estão colados frente ao palco principal. É o português Agir quem faz a abertura deste espaço. “É mesmo um sonho tornado realidade estar aqui a cantar para vocês “. Um concerto que resultou melhor em temas que apelam à reação de público para saltar (ti’ró-pé-do-chão), agitar o braço, do que propriamente nas suas canções mais calmas. “Deixa-te de merdas”, “Yoyo” sobre Blaya, ou “Leva-me a sério” marcaram este arranque.

No Clubbing, Hana é one-woman-show. Controla o sintetizador, canta e dança. A artista veio de Los Angeles e conseguiu arrancar aplausos de quem assistia ao concerto de forma passiva. O Coreto e a zona envolvente são, nesta altura, um mar de gente. Abrigados à sombra das árvores, os festivaleiros ocupam os bancos e mesas de restauração desta área, bebem um copo e assistem ao concerto dos portugueses Galgo.

No palco Heniken seguiu-se José González que apresentou o seu último álbum, ao som de uma voz inconfundível. A energia seria esgotada neste palco com Paus, estes portugueses, bem conhecidos dos palcos deste festival, têm uma legião de fãs que saltam, se movem e gastam baterias ao som das batidas destes rapazes. O auge foi ao som de “Mo People” em que o público é desafiado a tirar a camisa e “mostrar pele”.

Som alto, contagiante, também, no palco Clubbing com a eletrónica de Mirror People, que para os amantes destas sonoridades personificam o que de melhor se pode ouvir e dançar em ambiente de festival.

Foi também o Palco Jardim Caixa que teve público considerável, variado e variável. Planeta Fluffen encantaram com o seu humor simples e atual, e o ensinamento de como se faz uma balada de rock e Joana Marques e Daniel Leitão conseguiram fazer rir, como sempre, do simples e óbvio – vídeos gravados em vários festivais.

Os espanhóis Vestuta Morla esforçam-se por falar português na sua apresentação. “ É a nossa primeira vez em Lisboa, segunda em Portugal. Esperemos que gostem para podermos voltar”. Muito populares no país vizinho, tiveram os seus conterrâneos à frente, a puxar por eles e a acompanhá-los nos temas. Rock indie, cantado com energia e emoção.

Às 21h00, o palco NOS passou para a responsabilidade de Band of Horses. Estes norte americanos juntaram uma legião de público que cantou ao som dos ícones da banda como “No One’s Gonna Love You”. A digressão de apresentação do último trabalho terminou em Portugal, duma banda com sonoridades de country, base rock e muita pop à mistura com a voz apaixonante de Ben Bridwell e 5 guitarras em comunhão perfeita. O público não se coíbe de os acompanhar nos refrões.

Seguiram-se os tão aguardados da noite: Arcade Fire. “Ready to start” levou a que todo o recinto se encaminhasse para o palco NOS. A composição da banda é extensa, são muitos os músicos em palco, vestidos de forma exuberante. É certo que não trazem novidades, desde a mais recente passagem pelos pais, mas são, uma vez mais, eficientes no espetáculo que apresentam. Depois de dois dias com cabeças de cartaz soturnos, esta noite foi de festa e de alegria. Quase vinte temas desfilaram num alinhamento que recorda grande êxitos de todos os álbuns da banda. O público dançou, cantou, embalou com aquela que é uma das melhores bandas da atualidade, pela multiplicidade de sons e especificidade das suas composições. “The Suburbs”, “Sprawl”, “Reflektor” e “We Used to Wait” foram exemplos disso. Win Butler, o vocalista e guitarrista, é incansável na entrega ao público. Canta de cima das colunas, percorre o palco, mergulhou no corredor junto ao público para cumprimentar os fãs, trouxe um cachecol de Portugal, que pôs ao pescoço e usou no final da sua atuação. Pela quinta vez em Portugal os canadianos continuam a chegar com a sua música orquestrada, a diferentes pessoas, estilos e idades.
“Rebellion”, “Here Comes the Night Time” com os já conhecidos cabeçudos (réplicas dos músicos) e o ambiente carnavalesco e “Wake Up” fecharam o concerto desta banda tão aguardada e admirada em Portugal. Um coro gigante, para a despedida, tornou memorável a noite a noite com que os Arcade Fire, mais uma vez, nos brindaram.

A festa continuou no palco NOS com os M83 e o público a manter-se, muito imbuído neste espírito de festa. A banda francesa foi a primeira confirmação deste Alive e tem na alma o músico Anthony Gonzalez. Temas mais conhecidos como “We Own the City” ou “Midnight City” puseram o público a saltar. Os ritmos eletrónicos a ocupar o palco principal, numa festa que se prolongou noite dentro.

Entraram, em cada dia, nesta edição, no recinto do NOS Alive, 55 mil pessoas oriundas de 88 nacionalidades diferentes. Da totalidade de entradas vendidas, 31900 foram adquiridas no estrangeiro.
O NOS Alive 2016 contou com 128 artistas e já foram divulgadas as datas para a 11º edição, a realizar no mesmo recinto, em Oeiras: 6, 7 e 8 de Julho de 2017.

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