Novos Ventos No Último Dia Do Nelson Mandela Music Tribute

Reportagem de Rosa Margarida (Texto) e Paulo Soares (Fotos )

A Praia do Aterro, em Leça da Palmeira, Matosinhos acolheu, de 18 a 20 de julho, o Nelson Mandela Music Tribute, um tributo ao histórico líder sul-africano no centenário do seu aniversário. O Soweto Gospel Choir e o cantor londrino MaRRius inauguraram o palco. Pablo Milanés, Rui Veloso, Youssou N’Dour também por lá passaram. A chave de ouro pertenceu a Steven Tyler & The Loving Mary Band que fecharam a noite e o Nelson Mandela Music Tribute.

Calema, Bob Geldof, Jimmy P, Pablo Alborán, Gabriel O Pensador, entre outros grandes nomes da música nacional e internacional, foram os protagonistas nos dois primeiros dias do festival.

As honras de abertura do terceiro e último dia de festival estiveram nas mãos – ou nas vozes – do Soweto Gospel Choir, o coro africano, embaixador de Nelson Mandela, formado em 2002, apresentou alguns temas do seu mais recente álbum, lançado em maio deste ano. Seguiu-se a música eletrónica com toques de pop, blues e jazz do cantor inglês MaRRius.

As duas primeiras performances da noite foram recebidas por uma plateia ainda dispersa, um recinto à espera de mais festivaleiros, a zona de alimentação a formar filas e um público a tentar afastar o frio que o vento do Norte teimava em manter.

O cantor Pablo Milanés trouxe o calor cubano na voz e abriu o seu espetáculo com o tema “Nelson Mandela, sus Dos Amores”, a recordar Mandiba nos versos simples de uma música e de uma voz reconfortantes – “ Qué feliz que en una historia de amor / Todo un pueblo encierre su libertad”. Uma atuação marcada por grandes êxitos, como “Yolanda” e “El amor de Mi Vida”, entre muitos outros do cantor que, em 2017, festejou 74 anos com a reedição da sua obra completa.  A nostalgia, as bandeiras de Cuba e as lágrimas de emoção do público cubano voaram mais alto, apaziguando ventos e “enfeitiçando” a plateia. Mas o ponto alto do espetáculo de Pablo Milanés fez-se a duas vozes, com o convidado Luís Represas. A “Feiticeira”, que há mais de duas décadas une dois cantores e dois países, passou por África e fez “renascer o fogo de um lume apagado”.

Rui Veloso não deixou que a nortada se sobrepusesse às vozes de um público que, de cor, entoou os tantos êxitos do cantor. O início do espetáculo ficou marcado pelo brinde à multidão, um copo de vinho na mão e a voz tão distinta do portuense animaram os festivaleiros, que por essa altura, já enchiam grande parte do recinto junto ao palco. “Quem vem atravessa o rio / junto à serra do Pilar” foi “um regresso a casa” e como “O Prometido É Devido”, Rui Veloso não desapontou e terminou o espetáculo com o magnífico e intemporal tema “O Anel de Rubi”.

O senegalês Youssou N’Dour, organizador em 1985 do concerto pela libertação de Nelson Mandela, em Dakar, voltou a celebrar o líder africano ao som de tambores e danças ancestrais. Um espetáculo que prendeu o público, principalmente aquando dos acordes do mais famoso tema de Youssou N’Dour, “Seven secons”.

O cabeça de cartaz da última noite do festival, Steven Tyler, subiu ao palco após a meia-noite, e com o seu estilo característico, a sua voz ímpar e a sua energia inesgotável, “levantou poeira”. “I Don’t Wonna Miss a Thing”, “Crazy”, “Walk like This” e “Come Together” foram alguns dos temas que animaram o espetáculo do rockeiro de 70 anos, que a cada passo, gritava por Mandiba, a relembrar o propósito do festival. O guitarrista dos Extreme, Nuno Bettencourt, Steven Tyler e o tema “More than Words”, responsáveis por um dos momentos altos da cerimónia de entrega do Nobel da Paz em 2014, voltaram a encantar o público numa noite mágica, de celebração da liberdade, de justiça e de esperança.

O evento Nelson Mandela Music Tribute, 100% solidário, beneficiando a Fundação Nelson Mandela e instituições portuguesas, incluindo a Apela, contando com a venda de merchandising  do centenário de Mandela, foi marcado, no último dia, pela leitura de uma carta do líder africano, incluída no livro “As cartas da Prisão de Nelson Mandela” recentemente lançado pela Porto Editora, celebrando também o centenário do lutador incansável dos direitos humanos. A leitura da carta foi feita pelo presidente da Apela – Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica, Pedro Souto, num momento repleto de emoção.

Registo ainda para os excertos de discursos e apontamentos biográficos de Nelson Mandela que os dois ecrãs gigantes difundiam entre atuações, aquando da preparação do palco para as diferentes bandas, que relembravam, a cada instante, a história incontornável de um homem que mudou o rumo de África do Sul…e do Mundo!

A iniciativa regressa em 2019 para uma segunda edição nos dias 18, 19 e 20 de julho de 2019.

Artigo anteriorVeteranos E Novatos Aqueceram Noite Fria De Marés Vivas
Próximo artigoMeo Marés Vivas: Teremos Sempre O Amor Dos Kodaline E A Eletrónica De David Guetta

Leave a Reply