O Jazz em Agosto volta a trazer a Lisboa figuras históricas e novos valores que marcam o presente do jazz, com combinações de músicos e concertos únicos, numa linha de diversidade e renovação do jazz. O director artístico do festival é Rui Neves.
Anfiteatro ao Ar Livre. Matthew Shipp, pianista americano apresenta-se agora como líder do Matthew Shipp Trio, que apresenta uma performance simbiótica que surpreende a rotina do piano/contrabaixo/bateria.
O duo da pianista Marilyn Crispell e do percussionista Gerry Hemingway proporciona um diálogo espontâneo, com explosões e algumas incursões a um mundo subterrâneo e labiríntico, desafiando a percepção. O Ingebrigt Håker Flaten Chicago Sextet liderado pelo contrabaixista e compositor norueguês estabelecem a ponte norte-atlântica com um grupo de músicos de Chicago, um projecto estreado há menos de um ano.
No palco do Teatro do Bairro serão apresentados, pelo segundo ano consecutivo, três concertos arrojados e experimentais de pequenas formações de jazz. DJ’s com a prática de turntablism mostram como esta arte importou do jazz a improvisação e o experimentalismo e prolongam a noite no Bairro Alto.
Também aqui se vão apresentar os portugueses Nuova Camerata, com Carlos Zíngaro, violinista português reconhecido pelas suas improvisações internacionalmente e Pedro Carneiro, vencedor do Prémio Gulbenkian Arte em 2011 e considerado um dos melhores percussionistas nacionais. O quinteto apresenta-se com um grupo recente de música de câmara improvisada.
Marcos Farrajota, autor de BD alternativa num estilo arte bruta, adopta no gira-discos um humor pouco convencional e uma estética “primitiva”. O TrioVD, ou Valentine’s Day, apresenta um estilo entre o avant-funk, o jazz e o rock. São uma referência do atual jazz desviante do Reino Unido. O Trio Das Kapital, apresenta uma música de teor político, sem barreiras e numa multiplicidade de estilos, com canções populares e hinos revolucionários. O DJ Sniff do Japão fecha a última noite do Teatro do Bairro, figura de destaque na música experimental, que usa a tecnologia de hoje e do passado.
A programação do Jazz em Agosto inclui ainda a exibição inédita de filmes documentais que aprofundam a programação da 29ª edição, no Auditório 3 da Fundação, sempre às 18h30, antecedendo os concertos no Anfiteatro ao Ar Livre. O festival encerra a programação com a conferência Jazz Criticism: An Open Verdict, pelo crítico de jazz Brian Morton.
Texto de Clara Inácio