Riverside – Um Concerto Para Lá Do Prog

Reportagem de Tiago Silva (texto) e António Silva (fotografia)

Riverside
Riverside

Quarta-feira, dia 11, apesar de já cá terem estado várias vezes, era uma ocasião solene para o público prog. Os Riverside voltavam ao nosso país.

Portugal está a mudar no panorama prog. Se dantes os concertos eram poucos e escassos, atualmente, já temos vários por ano.

Só podemos dar os parabéns a toda a comunidade, desde o público aos promotores, porque de facto Portugal está diferente.

Os mestres do rock progressivo, que têm lançado bons discos atrás de bons discos, voltavam a visitar-nos. E lá se fez uma noite de romaria ao LAV – Lisboa Ao Vivo.

Quase cheio, o público amante do prog ou simplesmente de boa música, fez-se representar.

Na primeira parte os Lesoir.

Lesoir

A banda holandesa que já tem quatro discos editados desde 2013, vinha com o mais recente debaixo do braço, Mosaic.

Com a casa a meio, talvez uns 60% já presentes, a banda entrou em palco eram 20h30.

Entraram com “Push back the horizon”, do EP ainda para ser lançado Babel.

A banda que nos faz lembrar Renaissance e Pink Floyd a espaços, foi uma excelente abertura de concerto.

“Mosaic”, “You Are the World” vão arrancando palmas ao público que se mostra acolhedor, apesar de pouco conhecedor da banda.

Comentam que também têm músicas grandes. “Babel”, tem vinte minutos, mas só tocaram um excerto.

Com a instrumental “Dystopia” demonstraram a sua veia floydiana.

Terminaram com “Two Faces” e muitos aplausos.

Ainda têm que aprender a motivar o público, a vocalista mostrou-se muito tímida, mas estão em crescimento.

São uma banda com canções interessantes e que serviu muito bem o seu papel de abertura. Também é por isto que vamos a concertos, para conhecer música nova.

Riverside

Atuaram num palco mais simples do que da última vez, só com cinco luzes atrás, que iam acendendo e dando uma atmosfera colorida.

Do lado direito os teclados de Michal Lapaj, com um passarinho como de costume.

Foram entrando um de cada vez.

Michal, cria um som de sintetizador que enche o palco. Ovação completa.

Piotr Kozieradzki senta-se no seu kit.

Maciej Meller surge com a sua guitarra.

Finalmente, o homem da capa amarela e preta com capuz, um baixo de madeira, Mariusz Duda, entra e a ovação é completa.

“#Addicted” arranca imediatamente.

“Panic Room”, com um grande som de baixo, segue.

Percebemos que o público está para os ver e quer que se perceba, todos participam, com palmas, ovações, enfim o normal de quem está feliz por ali estar.

Mariusz está virado para discursos. Na primeira intervenção fala do disco ID.Entity, que já é velho porque é de janeiro. Diz que já não vinham a Portugal há 3 anos, mas foi prontamente corrigido pela audiência: já lá vão 5 anos. Quem tem saudades tem maior perceção do tempo.

À pergunta de quem esteve levantam-se muitos braços, conta uns 23. Quantos da primeira vez, muitos, é bom de ver que há muita gente nova.

O disco novo parece agradar, Landmine Blast é muito aplaudida, segue “Big Tech Brother”, onde todos acordamos com os termos e condições.

Segundo discurso, um disco chamado ID.Entity, serve também para explorar quem são os Riverside, qual a sua entidade. Também para os libertar da dor da perda de Piotr Grudziski, guitarrista falecido em 2016.

Estão sempre a tentar colá-los a rótulos, prog, metal, mas, palavras do próprio, não são os Dream Theater, nem os Katatonia, são os Riverside, e já nem são os Riverside de 2003, são os de 2023. E o público é o quinto elemento da banda, e como acordámos com os termos e condições, temos que cantar e gritar, ninguém se fez rogado.

“Left out”, com sing along mas só depois de cinco minutos de canção, que quando apareceu foi muito bem executado pelo público.

Maciej Meller tem a mesma postura de Piotr, discreto, eficaz.

“Post truth” que ainda teve uma parte de outra canção do disco anterior, que não nos atrevemos a dizer qual é para não condicionar o público.

Há 10 anos atrás lançaram um disco, Shrine of the New Generation Slaves. Agora, para os celebrar pensaram em fazer uma mega edição, com CD’s, Blu rays, livros e que custava zilhões de euros, mas em vez disso resolveram tocar uma canção.

“We Got Used to Us”, claramente uma das preferidas do público e, pela primeira vez, Maciej, a medo, surge no meio do palco.

“Egoist Hedonist”, arranca o que parece uma intro de uma música de dança eletrónica, Michal dança, o público bate palmas, uma festa com uma canção que é tudo menos uplifting.

“Friend or Foe” termina a primeira parte, seguiu-se uma gritaria imensa com o retorno para o encore.

“Self Aware” e “Conceiving you” terminaram um dos seus melhores concertos em Lisboa.

Ainda aprendemos silent screaming, uma técnica de gritar só com um sussurro. Estes momentos cómicos acrescentam muito a um concerto que já tem tanto.

Grandes canções, canções grandes, muita ligação com o público e uma satisfação enorme de ali estar. Que não sejam mais cinco anos de espera!

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